Solidão? Que nada!
Atualizado dia 4/30/2006 3:36:17 PM em Autoconhecimentopor Zaida Miranda Rebêlo da Silva
Os grandes místicos descobriram a ponta do véu de Ísis no silêncio da solidão interior, ao ultrapassarem a dualidade deste mundo de nomes, formas e ruídos. Para o ser profano, a idéia de estar só, sem companhia ou diversão, não costuma despertar muita simpatia. Às vezes, é vista mesmo com temor. Mas não há nada de surpreendente nisso. Afinal, sua consciência continua sintonizada apenas no mundo material. Natural, portanto, que a solidão lhe pareça sem graça, sem motivação, ou mesmo sem perspectiva.
A criatura humana é, sem dúvida, um ser social, um ser gregário, que vive em comunidades e vive do trabalho. Entretanto, cada membro da comunidade não pode cuidar só da alimentação, proteção e diversão. O homem e a mulher têm outra missão neste mundo: o aperfeiçoamento espiritual. Sim, as tarefas diárias não devem ser relegadas a segundo plano, mas ao mesmo tempo, isso não deve ser motivo para se descuidar do espírito - nossa verdadeira identidade. Isolar-se a intervalos regulares consigo mesmo, por exemplo, pode vir a ser um exercício excelente. Três períodos ao dia, é o recomendado pelos mestres. Ramana Maharishi alcançou a iluminação, indagando a si mesmo: "Que sou eu?". Swami Vivekananda, no congresso das religiões, em 1893, em Chicago, afirmou: "Eu vi Deus; conheci a verdade. Jesus isolou-se no deserto durante 40 dias e 40 noites, para realizar sua missão, de acordo com o plano divino".
Quando encontramos a verdade da vida, começamos a nos libertar dos condicionamentos exteriores. A verdade é o reino dos céus que está latente em cada um de nós. O reino dos céus é a vida única que está em tudo e em todos. A vida única é a eterna essência que se multiplicou em nomes e formas. A eterna essência é a luz incolor que reflete todas as cores do arco-íris. O mar, onde todas as ondas se dissolvem. O grande silêncio, que originou todos os ruídos do universo.
A maior parte da humanidade, infelizmente, ainda não consegue perceber a unidade que existe na multiplicidade e na pluralidade. Daí o medo mórbido da solidão, tão comum nos dias atuais. A maioria, hoje, prefere a profanidade dos ruídos à santidade do silêncio. O mestre Jesus constantemente afastava-se de seus discípulos para ficar só com o Pai.
Os grandes mestres que iluminaram a humanidade, transcenderam no silêncio da solidão de suas existências - de suas personalidades transitórias - e se integraram na unidade gloriosa e pacificadora do supremo ser onipresente. Como os músicos e os escritores que também costumam se isolar em busca de inspiração para realizarem suas obras.
Estar só, não significa, necessariamente, estar solitário. Podemos estar só no meio de uma multidão de pessoas, que espiritualmente, não nos completam.
Quando ficamos só de verdade, internamente, transcendendo as mazelas mundanas, estamos enfim solidários com toda a criação. Uma vez que estamos integrados no Uno, o Supremo Ser Onipresente.
Taróloga
Texto revisado por Cris
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