SOMOS TODOS FILHOS DE UM PAI RICO
Atualizado dia 10/15/2006 5:30:22 PM em Autoconhecimentopor Maísa Intelisano
Paulo - I Timóteo 6: 17
No dia em que retornamos a este mundo nada possuíamos de nosso a não ser o firme compromisso, assumido junto ao Pai, e a sincera esperança de uma nova vida cheia de paz e plena de harmonia. Nosso corpinho, frágil e pequeno, de pouco necessitava e nosso coração, puro e ingênuo, sabia apenas amar. Nossa alegria era o rosto alegre das pessoas que nos rodeavam e o nosso sorriso era sempre a resposta para outro sorriso. Como éramos felizes, então!
Mas o tempo passou... O corpinho cresceu, o coração descobriu outros sentimentos e a razão passou a governar nossa vida. Despertamos para uma outra realidade onde quase tudo poderia ser "adquirido" por algum preço ou barganha e todos já não tínhamos apenas necessidades, mas desejos também. E nós, como que levados por uma correnteza avassaladora, nos deixamos conduzir, angustiar e sofrer por tudo aquilo que não conseguíamos obter para atender às necessidades, que já não eram mais nossas, mas dos nossos desejos. E, desse momento em diante, aprendemos, como que por encanto, a reclamar, invejar, cobiçar, lamentar e ter piedade de nós mesmos.
Diz o ditado que a necessidade é mãe da invenção, mas parece, isto sim, que as invenções é que são as mães de milhares e milhares de supostas necessidades. Mães tiranas e possessivas que nos atormentam com o desejo de satisfazer todos os seus filhos e filhas.
Onde queremos chegar com tudo isso? O que queremos alcançar? Nem mesmo nós sabemos... E isso nos tortura enchendo nossos dias de uma tristeza surda que aos poucos vai-nos invadindo, possuindo, até o ponto de já não enxergarmos mais nada além de nós mesmos e do nosso mundo...
Já não importa tudo o que já conseguimos, já não faz a menor diferença se as pessoas que nos rodeiam não têm nem a metade do que possuímos, não interessa se o que queremos obter não é uma necessidade e, sim, um capricho. Tudo se torna uma sucessão de artimanhas e estratégias para obter uma promoção profissional ainda não merecida, abocanhar uma grande soma de dinheiro desnecessário, tornar-se famoso entre os mais famosos ou adquirir poder suficiente para mandar e desmandar onde quer que se vá ou sobre quem quer que seja. Muitos de nós, infelizmente, não conseguem despertar desse pesadelo e recuperar sua visão mais pura da vida, deixando-se cair nas teias frias e escuras dos vícios, dos desregramentos, das doenças mentais e até do suicídio.
Alguns de nós, porém, ao sentir doer o coração dentro do peito apertado pela angústia e pela insatisfação interior, levantam seus olhos para o céu e, num esforço maior de humildade e arrependimento, suplicam uma luz, um caminho, que possa acabar com esse mal estar que toma conta de todo o nosso ser. E é nessa hora que tudo desaba à nossa frente como se fosse um castelo de areia provando aquilo que, no fundo, todos nós já sabíamos: que tudo isso não passa de uma grande ilusão.
Ilusão de que a fama pode nos abrir mais caminhos... de que a riqueza pode nos tirar de todas as dificuldades... de que a beleza e a elegância podem nos tornar mais queridos... de que a nossa felicidade é proporcional àquilo que temos e não ao que somos... mas, afinal, o que somos? E, às vezes, nem a essa pergunta conseguimos responder...
No entanto, basta parar um pouco em meio a todo esse turbilhão de sensações e recolher-se bem dentro de si mesmo para receber a resposta. No início, bem de mansinho, como uma idéia à toa. Depois, mais insistente, como um pensamento que ocupa nossa mente e nos obriga a raciocinar sobre ele. Enfim, definitivamente, como um sentimento de imensa alegria que preenche nossa vida e traz à tona uma realidade pura e simples: somos todos filhos de Deus tal e qual tudo o que existe.
Então, talvez, nos restasse apenas perguntar: com um Pai desses o que mais poderíamos querer desse mundo? Que necessidade tão grande poderíamos ter que fosse mais importante do que essa verdade e que Ele mesmo não pudesse atender, se fosse preciso? Que significado há em todas as coisas, se nós não soubermos reconhecer que elas são todas obra de Deus, da qual nós também fazemos parte?
Atender às nossas necessidades terrenas é uma obrigação que nos cabe cumprir como parte de nossa própria evolução, mas transformar caprichos e desejos em necessidades é um engano triste e infantil que pode comprometer anos e anos de esforço e esperança de nossas vidas e da vida daqueles que nos ajudam tão de perto e com tanto carinho. A riqueza maior não está no dinheiro ou no poder que podemos obter neste mundo, mas na maneira como conduzimos nossa vida, aplicando a riqueza e o poder que o Pai nos dá para cumprirmos melhor a nossa tarefa.
Costumamos transferir para o dinheiro, a fama, o poder e a beleza qualidades que, na verdade, são nossas e não deles, em si mesmos. Nenhum deles é bom ou mau, útil ou supérfluo, feliz ou infeliz. Quem os possui é que tem, ou não, essas qualidades e faz com que elas se reflitam nos dons que recebeu de Deus, espalhando alegria ou tristeza por onde passa.
Por isso, trabalhemos, sim, pelo nosso bem-estar físico e pelo nosso progresso material: é um direito nosso. Mas não façamos disso a razão maior de nossa vida, pois há muito o que fazer de bom nesse mundo e muitas pessoas nos esperam com um sorriso de esperança nos arredores dessa vida, querendo ter o que já temos e desejando ser o que lhes parecemos ser.
Vamos deixá-las esperando na ilusão? Vamos fingir que elas não fazem parte do nosso mundo? Ou vamos mostrar-lhes quem realmente somos, com a ajuda de Deus?
Texto revisado por Cris
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Psicoterapeuta com formação em Abordagem Transpessoal, Constelações Familiares, Terapia Regressiva, Florais de Bach e Reiki II, é também tradutora e revisora; palestrante e instrutora em cursos sobre espiritualidade e mediunidade; e fundadora e presidente do Instituto ARCA de Mediunidade e Espiritualidade. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |