Sufismo
Autor Marcos Spagnuolo Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 2/12/2008 4:57:45 PM
Para alguns autores a palavra é oriunda de suf que significa "lã" em árabe, pois, os primeiros praticantes deste tipo de religiosidade tinha por hábito vestir-se com lã como forma de demonstrar a sua simplicidade, sendo provavelmente influenciados pelos ascetas cristãos. Para outros autores a origem deve ser procurada na palavra árabe “safa”, que significa "pureza".
Salientam os sufis que Alá soprou na alma humana o seu próprio espírito, seu coração, que é o espírito divino, dando vida a esse corpo e conferindo um lugar privilegiado na criação. Só que a alma humana esqueceu da sua origem. O esquecimento de Deus por parte da alma humana provoca um vazio que é fruto da desconexão com a origem divina.
Os praticantes do sufismo, conhecidos como sufis ou sufistas, procuram uma relação directa com Deus através de cânticos, música e danças. É um processo de crescimento espiritual, buscando conhecer a si mesmo, conhecer sua função na vida e integração com a fonte infinita e divina presente em todos nós. O sufismo é o esforço do ser humano em se tornar verdadeiramente humano e não apenas animal em forma humana. O sufi pratica a busca amorosa com nosso Criador. A verdade não pode ser aprendida através das palavras e leituras, mas sim experimentada por meio do êxtase.
O principal objetivo de todos os sufis é eliminar todos os conceitos de dualidade incluindo a concepção de um indivíduo independente. Não existe uma verdadeira existência separada de Deus. Deus é unidade e tudo está dentro de Deus. A realização espiritual é alcançada com a experiência pessoal e direta da alma com Deus.
O sufismo é uma filosofia de autoconhecimento e contato com o divino através de práticas meditativas, reclusão, danças, poesia e música. Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos seres humanos através de uma união mística, independente da religião praticada. Hallad, um dos maiores representantes do sufismo, foi executado, pois dizia que Deus passou a morar dentro dele; que havia atingido a total união e harmonia com Ele.
O objetivo da experiência espiritual sufi é a identidade do visível com o invisível, do ser com o não-ser. No sufismo, o longo aprendizado da via conduz o homem ao despojamento interior a fim de possibilitar um estado de total e livre interpenetração entre ele e o divino, entre a aparência (que é seu mundo visível) e a Realidade última (Deus). Para isso, ele tem que se libertar de sua natureza terrestre e reencontrar a natureza divina, que tem sede no fundo de sua alma. Para o sufismo, é dentro de cada um que se deve buscar a essência divina da Realidade. O próprio Profeta Maomé já havia dito que aquele que conhece a si mesmo conhece a seu senhor, conhece Alá. O ideal sufi é transcender ao domínio do ego e das paixões humanas.
Sua filosofia básica é: "Estar no mundo, mas não ser dele", livre da ambição, da cobiça, do orgulho intelectual, da cega obediência ao costume ou do respeitoso amor às pessoas. O ser humano deve retornar à fonte original, por meio do conhecimento de si mesmo e de sua função no universo. Amando a Deus e ao ser humano, independente de sua raça, religião ou nacionalidade e sem esperar qualquer tipo de recompensa é a chave para a ascenção de acordo com os sufis.
As cerimônias sufi são repletas de orações, músicas e, dependendo da ordem sufi, a famosa dança cósmica dos dervixes rodopiadores. A prática do zikr pode ser individual e deve prosseguir até que o nome divino se aposse do coração daquele que o invoca. O giro é uma forma de oração, um processo de buscar a lembrança de Deus e uma das formas de fazer isso é através do “sama”, chamado de giro. Tudo gira no universo, as galáxias em torno de um centro de conglomerado de galáxias, as estrelas em torno do centro galáctico, os planetas em torno dos sóis, a lua em torno da terra, o sangue através do nosso corpo, os elétrons ao redor do átomo, em tudo há movimento, nas ruas, nas estradas, nos escritórios, nos meios eletrônicos, no giro ou no sama, buscamos nos sintonizar nosso movimento com o movimento infinito de toda criação.
O exercício de meditação da ordem, denominado “sama” envolve a recitação de orações e hinos, após os quais os participantes realizam voltas à sala, numa dança em que abrem os braços à altura dos ombros, com a palma da mão direita virada para cima e a da mão esquerda para baixo. Os membros desta ordem são mais conhecidos no Ocidente como os "dervixes rodopiantes".
A palavra “Dervish” refere-se aos membros do sufismo conhecidos pela sua extrema pobreza e austeridade, semelhante aos frades mendicantes. Indiferente aos bens materiais e a qualquer tipo de materialidade. Os “dervishs” são conhecidos como fonte de sabedoria, medicina, poesia e vivência junto a Deus. A principal razão da mendicância é se humilhar para aprender.
Os iniciados Dervish, dançam rodopiando. Chegam a estar 45 minutos a rodopiar sobre si sem parar. Durante a dança, entram em transe ligando-se aos seus guias espirituais e a Deus.
O Dervish nada deseja para si, não é egoísta, é uma pessoa humilde e aceita todas as coisas como proveniente de Deus não esperando nada dos seres humanos. Está sempre em reflexão, sendo uma pessoa paciente, silencioso e está sempre em vigilância para obedecer às ordens de Deus. O Dervish sempre busca e isolamento e afastamento do mundo material, abstém de toda a linguagem profana. O Dervish está sempre em guerra contra as paixões da carne. Deve ser uma pessoa estável, não sendo inconstante e fraco.
Referências
LERRER, Debora. Onde o homem se confunde com Deus. Disponível em link Acesso em 10 de Fevereiro de 2008.
Sufismo. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em link Acesso em 10 de Fevereiro 2008.
RAGIP, Sheikh Muhammad. Aspectos do sufismo. Disponível em link Acesso em 10 de Fevereiro de 2008.
MEDITAÇÃO: dança derwish. Disponível em link Acesso em 10
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