Tempo, julgamento, análise e livre arbítrio
Atualizado dia 10/07/2020 09:30:55 em Autoconhecimentopor Rosana Ferraz Chaves
O tempo contém vários simbolismos e um poder que apenas as(os) grandes bruxas(os) conhecem.
No candomblé, o tempo é um orixá. Iroko é simbolizado pela primeira árvore plantada na Terra e representa o respeito à ancestralidade.
É o orixá da sabedoria, pois observa tudo o que os outros orixás estão fazendo e sem tecer nenhum movimento ou comentário, inicia e termina todos os ciclos.
Na Cabala, acredita-se que o tempo é divino, porque só Deus tem como julgar o tempo que foi gasto, perdido, aproveitado ou ignorado.
Então, o tempo é da conta de Deus.
O tempo é tão sagrado que Metatron, o anjo mais alto na hierarquia divina, cuida da morte e tem o poder para alongar ou encurtar a vida. Aliás, todos os arcanjos têm esse mesmo poder.
No Tarot, existem vários arcanos que nos indicam para onde o tempo está se dirigindo, como a Morte, o Carro, o Enforcado, a Imperatriz, o Mago, a Torre, o Louco, o Mundo, entre outros.
Em cada um desses arcanos, existe um direcionamento de tempo.
No Baralho Cigano, temos o Mensageiro, a Torre, a Lua e várias outras cartas, em que o tempo tem uma grande importância.
Então, quando de repente o mundo inteiro “ganha” tempo, existe um grande propósito nisso.
Vários acreditam que estamos passando por uma transição, de um mundo de provas, para um mundo de regeneração. Eu também creio nisso.
O que você tem feito com o tempo que lhe foi “emprestado”?
Porque o tempo não é nosso, o tempo é de Deus e tudo o que lhe foi emprestado, um dia será questionado, para saber o que você fez com essa dádiva divina.
Se existe dúvida em relação ao modo de usar o tempo, mais dúvida ainda existe quanto ao conceito de livre arbítrio.
Arbítrio significa escolha. Livre arbítrio significa que, em tese, teríamos todas as condições necessárias para tomar decisões importantes, sem nenhuma interferência. Você tem isso?
Nenhum ser humano tem ou jamais teve um arbítrio livre de condicionamentos, objeções, crenças e limitações.
Desde o ventre de nossas mães, que somos condicionados a ter um corpo que não foi escolhido por nós, muito embora o projeto nos tenha sido apresentado antes da encarnação.
A família em que nascemos, o país, o gênero e até a cor da pele, não são escolhas nossas, do jeito que imaginamos.
Se assim o fosse, ninguém nasceria com defeitos genéticos ou em famílias desajustadas e todos seríamos filhos de gente rica e a Etiópia seria um lugar diferente.
Escolhemos sim algumas coisas, mas conforme as opções a que temos direito.
Certamente a maioria de nós gostaria de nascer num lar muito bem estabilizado, com pais felizes, dinheiro suficiente, condições dignas de moradia, saúde e estudo, mas não é assim que a banda toca.
Nascemos em famílias que aceitaram em nos receber, de acordo com o envolvimento cármico que tínhamos, antes do nascimento. Se o arbítrio fosse livre, alguns jamais teriam nascido, na família que nasceram.
Também nos ensinam que não devemos julgar e eu mesma sempre acreditei nisso, só que não é bem assim.
O outro pode agir da maneira que quiser conosco. Pode nos machucar, roubar, trapacear ou nos tratar com dignidade.
Por mais que a atitude do outro nos incomode, seja nociva ou agrade, o outro usou seu arbítrio condicionado, para agir da forma que agiu.
Quanto a isso, não existe possibilidade de julgamento, já que o modo como o outro nos trata, só compete ao outro.
Agora cabe a nós, primeiro analisar de que modo a ação do outro está nos afetando.
O outro pode fazer promessas e não cumprir, pode te abandonar, pode fazer uma porção de coisas questionáveis, mas isso ainda é um direito dele.
Mas como isso está te afetando? Se a ação do outro te faz mal, então é o momento de julgar. A ação pode ser julgada, mas a decisão do outro, não.
Se alguém fez uma ação que te trouxe desconforto, dor, alegria, medo, angústia ou bem-estar, então isso precisa ser julgado sim.
Se você não assumir a capacidade de julgar o efeito da ação do outro na sua vida, principalmente quando isso te traz dor, você se tornará o seu maior algoz ou perderá muitas chances de ser feliz.
Quando as ações do outro te trazem alegria, bem-estar e momentos felizes, pouco importa o que ele tenha feito para outras pessoas, porque para você, só te fez bem. Pode ser que o outro tenha mudado.
Uma colega minha uma vez disse que não gostava de um cantor, porque ele era drogado.
Mas será que alguma vez esse cantor ofereceu ou a obrigou a usar drogas? Será que ele passava drogas ou traficava nas escolas do bairro onde ela morava?
Se a resposta for sim, então, as ações não são boas e é o momento de julgar e descartar a pessoa de sua vida, mas se você sequer conhece a pessoa, não tem o direito de julgá-la. Foi arbítrio dele se drogar.
As pessoas nos descartam porque pensamos diferente e não porque as estamos prejudicando. Querem roubar o nosso direito de ser quem quisermos, querem influenciar o nosso arbítrio.
Quando isso ocorrer, descarte.
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