TERRA DE PAZ
Autor Claudette Grazziotin
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 04/09/2005 23:20:17
A vida tem me presenteado com gemas preciosas e pedras de raríssimo valor, travestidas em seres humanos notáveis, que vai fazendo cruzarem o meu caminho.
Recentemente recebi duas delas no pequeno porta-jóias que é minha caixa de e-mails. Ao abri-lo, lá estavam elas, belas e desconhecidas, fulgurando tanto que ofuscaram meus olhos diante de surpresa tão inusitada. Raras, porque uma estava incrustrada na outra.
A que me surpreendeu mais se chama Rosélia, tão preciosa quanto as esculturas que cria com suas irmãs pedras e outros elementos da natureza, e tem aquela beleza que só adquirem as pedras que foram temperadas, amalgamadas na sabedoria pela passagem de um tempo mais longo. E, que ao me expor sua forma cristalina, acabou me prendendo com o brilho e perfeição de um fascinante diamante que a acompanhava, a poesia e prosa de Joseph, uma pessoa especial e diferenciada, com uma grandeza de coração e uma sensibilidade rara, um mago na alquimia de transformar pedras brutas em jóias únicas, atraentes e de incomparável harmonia.
Aprendi com eles que tesouros são feitos para serem compartilhados. Então entrego para vocês uma singela pedra lapidada e de um preciosismo inestimável que Joseph me colocou nas mãos. Sintam a força e a magia que emana da radiação desta jóia encantada.
Claudette
"Pacotí, Terra de Paz
Joseph E. de Sousa
"A borboleta continuará a pairar sobre o campo e as gotas de orvalho brilharão sobre a relva quando as pirâmides do Egito estiverem destruidas e não mais existirem os arranha-céus de Nova York."
Kahlil Gibran
Pacotí, minha Terra de Paz! Estou de volta! Volto ao meu pedaço de paraíso para matar saudades. Volto ao meu pequeno Pacotí, ignorado pelos guias turísticos. Volto para ver de bem perto as riquezas que deixei aqui. Volto para sentir a doce paz desses serenos montes e verdes vales.
Não vejo baterias anti-aéreas apontando para este céu azul. Não escuto o som de botas pesadas de soldados arrogantes violando a paz de ruas calmas e a harmonia de escolas que estudam. Não vejo fuzis nem metralhadoras, muito menos mísseis ou carros blindados. Tanques, só os de lavar roupa. Ninguém está cavando trincheiras ou tocando tambores de guerra. Tocam violão.
Não sinto poluição no ar puro que respiro aqui. Não tenho que me esconder de bombas voadoras teleguiadas e caídas de covardes aviões escondidos nas nuvens. Paz, maravilhosa e bendita paz, reina soberana aqui neste Pacotí sem base aérea e sem quartéis de infantaria. Aqui o coração encontra verdadeira paz. Aqui estou para sentir esta tranquilidade. Voltei para viver de novo!
Enquanto lá fora os poderosos fazem guerra contra os mais fracos e os mais ricos roubam dos mais pobres, meu pequeno Pacotí continua calmo, dormindo bem e acordando feliz. Cidades de nações ricas servem de alvos para gente que se sente injustiçada, humilhada e maltratada. Aqui em Pacotí não há terreno onde o terror possa se criar. Ninguém nos inveja nem nos odeia. Vivemos alegres, esquecidos pelo mundo.
Aqui somos lembrados pela felicidade. Aqui, os pais se preocupam com o futuro de seus filhos. Aqui, todos lutam para vencer na vida, nunca para matar crianças. Ninguém quer ser açougueiro do mundo. O importante aqui é trabalhar com paciência, com muita coragem e com uma boa dose de esperança. E divertir-se com muita alegria.
Família aqui é mais do que uma simples palavra. Família aqui é o centro de tudo. Amizade aqui é palavra-chave para abrir o segredo da vida. Família e amizade são as maiores riquezas do Pacotí. Família e amizade são nossas torres gêmeas, torres que crescem dia a dia, torres que ninguém quer incendiar porque elas são indestrutíveis, símbolos de amor e carinho.
E assim, no seu passo lento, na sua marcha sem tambores e sem gritos de guerra, Pacotí segue em frente, em traje civil, com um leve sorriso no rosto e muita esperança no coração. A riqueza aqui não está no número de bombas atômicas no arsenal pacotiense nem em quantos aviões de caça e bombardeio Pacotí pode enviar para destruir seus vizinhos. Pacotí não possui "Gaviões Negros" (Black Hawks), somente graunas cantadeiras. A riqueza de Pacotí está nessa sua boa gente que aceita a vida como dádiva sagrada, gente que procura sempre construir em vez de destruir. A riqueza de Pacotí está na serenidade da sua vida sem drogas e sem crimes, sem ódios e sem vinganças. O sangue de Pacotí corre nas suas veias, não no seu chão.
Aqui em Pacotí reina a paz, aqui o coração encontra doce serenidade. Esta serenidade é nosso segredo de estado, nossa tecnologia-de-ponta. O objetivo não está em quantos inimigos Pacotí pode destruir mas em quantos amigos ele pode ganhar. Ninguém quer ser inimigo de uma pequena cidade como essa. Bem-aventuradas as pequenas cidades, delas será o reino da paz.
Pacotí é a pequena e preciosa gema que os garimpeiros do turismo ainda não descobriram. Tenho orgulho da minha linda e querida terra com sua acariciante doçura de cidade sempre menina tal como eu a conheci na aurora da minha vida. Eu te adoro, meu Pacotí. Estou de volta, quero viver outra vez.
Sítio Petrópolis, Município de Pacotí
Março 22, 2003 - (No início da invasão americana do Iraque)"
Copyright @ 2005 by Joseph E. de Sousa
ILUSTRAÇÃO: PACOTÍ, CEARÁ, BRASIL - Alexandre Lonngren
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 9
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