Tornar-se melhor para ter tempo de colher os frutos
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Autor Eunice Aboláfio
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 2/25/2007 5:48:39 PM
Na vida corporativa e como estudiosa do comportamento humano, aprendi muito com meus próprios erros. Hoje, como consultora, procuro ajudar as pessoas para acelerarem o processo de crescimento, que costuma ocorrer após os momentos de sofrimento. Eu, por exemplo, possuía discursos maravilhosos, mas somente após a partida repentina da minha filha para o plano espiritual, fiquei sensível o bastante para perceber que tudo que pensei que soubesse era na realidade um conhecimento racional ou uma verborragia, que em nada contribuía para mudar meus comportamentos, o que dirá ajudar a mudar os outros. Hoje procuro estar mais consciente dos meus pensamentos e alinhá-los com as minhas palavras e ações, acelerando meu crescimento sem precisar sofrer para isso. Procuro praticar aquilo que descreverei aqui e em relação aos outros, sou muito mais paciente e ávida por novos conhecimentos para poder auxiliar cada pessoa, entendendo sua individualidade.
Passamos ilesos por diferentes oportunidades que poderiam nos sensibilizar a procurar dentro de nós mesmos os recursos necessários para mudar muitos dos nossos comportamentos e sermos mais eficazes. Esta eficácia necessitará de consistência, para se estabelecer até se tornar um comportamento natural.
Esta consistência é a base para diferenciar um conselho de alguém, uma aula, um treinamento, uma palestra ou a leitura de um texto em alguma coisa de valor. Ao contrário do que imaginamos, esta consistência não depende somente do responsável pelo novo conteúdo, mas deve ser procurada dentro de si, no momento em que estivermos frente a qualquer situação que nos propicie aprendizado, através de uma atitude diferenciada. Portanto, a consistência depende do aprendiz e não do meio ou pessoa que ensina, embora um professor especial ou um bom líder possa ajudar muito.
O aprendizado de adultos depende da possibilidade de vivenciar, praticar para somente assim absorver definitivamente a aplicabilidade intrínseca de um simples conceito ou relato de outra pessoa. Muitas dinâmicas e exercícios são criados para permitir este aprendizado nos treinamentos empresarias, mas mesmo assim, existem resistências intelectuais e egóicas e com isso, muito pouco é realmente absorvido e aplicado, para infelicidade dos grandes gestores que esperam os resultados imediatos.
A humanidade demorou séculos para evoluir até o momento presente, onde a globalização e a rapidez da tecnologia, deixa para trás aqueles que não são capazes de acelerar o próprio desenvolvimento, diferenciando-se da grande massa que fica cada vez mais para trás, com suas atitudes arraigadas. Este é o novo processo de seleção natural do mundo em que vivemos, neste exato momento.
As empresas não podem mais esperar vinte ou trinta anos de vivências para um jovem profissional ser eficaz, como acontecia há pouquíssimos anos. As demissões ocorrem e os demitidos sentem a “injustiça do sistema corporativo”. Difícil será enxergar o quanto há de resistências para ouvir os feedbacks das pessoas ao seu redor e enxergar suas dificuldades nos relacionamentos interpessoais com seus liderados, pares e superiores. Evitam assim a quebra de seus próprios paradigmas, deixando de subir pelo menos um degrau na escalada do seu desenvolvimento como Ser Humano.
Somos resistentes, mas percebemos esta resistência no outro e nunca em nós mesmos. São muitos os diretores, gerentes e colaboradores que se intitulam como um tipo de pessoa que nunca demonstram ser com suas atitudes, expondo-se com este comentário ao ridículo que também não reconhecem.
Temos que parar de julgar e falar tanto. Precisamos ouvir, refletir, sentir mais e falar menos, buscando dentro de nós a consistência do que estamos ouvindo. Algo como procurar em nossas atitudes, práticas e história de vida, as reais evidências que tragam a consistência para o entendimento maior.
Nosso EGO, que tanto nos protege de tudo, de todos e principalmente das mudanças positivas, imprime em nossas avaliações superficiais um julgamento dualista como: certo ou errado, justo ou injusto, bom ou ruim, fácil ou difícil, inteligente ou burro. Estabelecendo os extremos, deixamos de entender o que há no meio desta escala ilusória. Desta forma, muitas novas idéias e conceitos são abortados, exatamente no segundo em que nosso EGO os julga. Por exemplo, se o que estou ouvindo for ERRADO, RUIM ou DIFÍCIL não quero mais me aprofundar ou perder tempo em sequer pensar nisso, logo, deixo de perguntar e entender melhor, para reagir e afastar o conteúdo de mim e principalmente da minha consciência, com inúmeras justificativas e considerações intelectuais ou emocionais.
Uma das práticas conscientes que podemos assumir para quebrar nossos paradigmas é confiar no meio ou pessoa que transmite o novo conceito, deixando as nossas críticas que estabelecem a classificação dualista. Segundo este processo, procuramos entender profundamente a mensagem transmitida, procurando a consistência dentro de nós, com paz interior suficiente para aproveitarmos alguma coisa.
Se agirmos desta maneira, no final estaremos certamente com algum novo olhar para um tópico que antes estava definido inconscientemente de forma absoluta.
Você não precisa temer a sua própria fraqueza de aceitar tudo que lhe dizem. Se você procurar entender profundamente o novo aspecto, no final estabelecerá um novo patamar de conhecimento, que não estará no extremo da escala dualista. Alguma coisa que poderá ser bem diferente do que você antes acreditava e que também poderá ser bem diferente de tudo aquilo que lhe foi apresentado.
Digamos que você está com um novo livro indicado por um amigo. Certamente seu EGO já julgou o valor deste livro de acordo com o título e o autor, já tendo passado no crivo de valor da pessoa que o indicou.
Se o título ou autor fizer você estabelecer que o livro está apropriado para a sua leitura, você poderá dar-lhe uma chance, caso contrário o julgamento foi feito e o réu estará condenado à prisão em alguma gaveta ou prateleira para o resto da vida.
Enquanto nosso Ego nos domina neste processo de julgamento constante, deixamos de aprofundarmos na leitura, o suficiente para captar a alma que está por detrás das palavras.
Claro que não há tempo suficiente para lermos todos os livros, assistirmos todas as palestras, cursos, ouvirmos diferentes opiniões a nosso respeito, mas esteja atento para as suas rejeições. Seja mais flexível para novas formas de enxergar o que seu EGO impede de se aprofundar. Talvez encontre a fonte de novos conhecimentos necessária para diminuir o seu tempo de aprendizado, antes que esteja velho demais para praticá-lo e apreciar seus frutos.
Texto revisado por: Cris
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