Tristeza transmutada
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Autor Merit Rabanés
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/25/2007 3:50:26 PM
Eva é a filha mais velha de João e Maria, que se casaram aos 22 e 20 anos, respectivamente, por força das convenções sociais: Maria engravidou e teve que se casar.
Eva nasceu, e depois mais uma irmã e dois irmãos.
Quando Eva tinha 12 anos, seus pais se separaram, mas nada contaram aos filhos. O pai tinha um problema de saúde e ficava mais fácil mentir que ele não podia se locomover de uma cidade (onde trabalhava) a outra (onde morava).
Eva sentia algo estranho no ar, mas sua idade, e a falta de religião da família não permitiam que ela pudesse fazer idéia de que já vivia os pressentimentos próprios dos sensitivos.
O pai de Eva abandonou a mulher, mas, de quebra, abandonou os filhos também. Esse foi o primeiro trauma de abandono desta encarnação que ela sofria e a fazia ressentida. Foi nessa época que começou a ter freqüentes crises de asma, grande obstáculo na sua vida de estudante e mais tarde, de profissional.
Aos 22 anos, Eva foi violentada e assumiu a gravidez, um golpe cármico que entendeu e aceitou prontamente. Por sorte, teve um lindo e saudável bebê, uma menina que viria mostrar-lhe a felicidade de ser mãe, ainda que solteira e com toda a sorte de preconceitos somados a mais um trauma, o da violência sexual, que arrebataria por uma década, a sua crença no amor.
Aos 32 anos, casada com um amigo de infância, teve outro lindo bebê, desta vez um menino.
Para cuidar do pequeno, agregou-se à família, a sua mãe.
Moravam em uma bonita casa, Eva e o marido trabalhavam, os filhos saudáveis, a menina inteligente fazia sucesso na escola, o menino nem dava trabalho: era um bebê “bonzinho”.
Aos 33 anos, Eva passou a ter crises de depressão, o que a afastou do trabalho.
Passou por vários psiquiatras, psicólogos, medicamentos e nada resultava em algo que a fizesse ter um pouco mais de ânimo.
No centro espírita, os tratamentos eram aplicados para minimizar o efeito cármico da doença: em outra vida, aos 33 anos, Eva fora bailarina e, não aceitando a concorrência de outra, mais jovem, matou-se com doses de bebida alcoólica misturadas a remédios sem prescrição.
Aos 39 anos, Eva foi abandonada pelo marido, que já não sabia o que fazer para animá-la.
Aos 45 anos, pelos mesmos motivos, sua filha a abandonou, alegando que Eva não fazia nada para se levantar da cama.
Aos 48 anos, sua mãe resolveu abandoná-la.
Eva e seu filho vivem, os dois, em perfeita harmonia. São felizes. Têm entreveros próprios da relação mãe e filho.
Entre os 45 e os 48 anos, Eva reviveu toda sorte de amargura, de revolta, de tristeza, da impotência causada pelo abandono.
Dia desses, durante suas orações, quando agradecia por tudo o que tinha, quando pedia a Deus que a ajudasse a entender que os abandonos foram lições impostas pela lei espiritual de causa e efeito, a Lei do Retorno; quando sentia que compreendia a ação de cada um daqueles que se foram, mas que não podia aceitar que sua própria filha havia ido, nesse instante, acercou-se dela um espírito, que afetuosamente lhe disse:
“Há muito tempo você vem pedindo a Deus por sossego, por serenidade, a fim de que possa se restabelecer, se recuperar da doença, se levantar e voltar a trabalhar, estudar, a ser dinâmica.
Olhe para si mesma: Está doente? Alguma parte de seu corpo dói? Tem sossego? Está produzindo? Sente-se útil? Sente-se dinâmica?
Então? Porque ficar lembrando os “abandonos”? Porque permitir as rememorações dos “abandonos”?
Oração e vigilância são lições preciosas. Você ora, mas se esquece de vigiar: não precisa mais se lembrar do que passou, não precisa esperar que aqueles que se foram, voltem e peçam perdão, não precisa mais deles.
Não estão mais obrigados a nada.
Cabe a você reconhecer o direito de cada um de ir para onde acham conveniente.
Sua tarefa agora é dar mais e maior importância a tudo o que tem e que pediu a Deus: saúde, trabalho, felicidade e paz.
Percebeu como a tristeza é transmutada?”
O entendimento que Eva teve com a presença espiritual a confortou e a fez entender, definitivamente, que ela não errou por adoecer e que os outros não erraram por terem saído de sua vida.
A compreensão e a aceitação de que cada um age e reage de forma diferente da que pretendemos, da que sonhamos, da que achamos a mais correta são exercícios diários que nos ajudam a minimizar a dor da angústia, da ansiedade, coibindo obsessões, deslealdades, infidelidades, mentiras, omissões que nos amarguram, que nos fazem adoecer, que nos tolhem o potencial criativo.
E quando exercitamos a empatia, muito mais fácil nos é amar incondicionalmente.
Sofremos porque colocamos condições para amar e ser amado.
Agora é a sua vez de ver a sua tristeza transmutada.
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