UM CASTELO CHAMADO ORGULHO
Atualizado dia 4/16/2006 4:36:13 PM em Autoconhecimentopor Luciano Américo
O acesso é dificultado por acidentes abruptos e pelos galhos espinhosos de plantas ressequidas que formam uma "floresta" cerrada em que a passagem é fechada a quem não se anima a romper a horda ameaçadora de espinhos. As muralhas do castelo são muito sólidas e os blocos de pedra utilizados na sua formação são altamente maciços e fortemente ligados, o que dificulta o arremetimento por qualquer arma. O senhor do castelo mantém em regime severo de prisão um valente exército sempre na espreita de disputar em confronto com os tenazes e bem armados carcereiros suas forças intima e extraordinariamente contidas, fazendo com que se mantenha na obscuridade da relativa impotência.
O castelo de imponente silhueta ao abrigo de densa névoa tem um nome tão aparatoso quanto sua própria figura: ORGULHO. Sua localização: bem no coração de uma mata densa, muito pouco explorada. Nunca se viu no mundo objetivo uma defesa tão impenetrável, as abordagens do mundo exterior, na maior parte das vezes, param no forte espinheiro que protege o castelo. As que logram passar pela defesa batem no maciço inexpugnável, não encontrando meio de invadir fortaleza tão hermética.
Como acessar as dependências desta fortificação e resgatar o valoroso exército mantido sob inclemente e forçada subjugação? O castelo é absolutamente impenetrável, o que nos leva a concluir que se possibilidade houver, somente uma revolução interna pode realizar a façanha. Isto é, um motim!
Uma possibilidade palpável: o exército prisioneiro descobre um ponto fraco na guarda inimiga ou aproveita-se de uma distração - causada por algum afrouxamento do castelão - e domina uns, ganha a adesão de outros e assim entra em condições de estabelecer uma guerra no interior do castelo. Esta terá a duração comparável com a resistência de um e de outro exército, que acabará - sabe-se lá depois de quanto tempo! - com a libertação dos prisioneiros e a queda do castelo, se não com a derrota destes e uma nova oportunidade de luta terá que ser aguardada, após restabelecimento das forças trancafiadas concomitante com novo ensejo oferecido pela guarda do castelo.
E o ciclo continua... mas até que a resistência do exército do castelão seja minada pela persistência do intrépido colosso que procura manter sob seu poder tirânico. Essa resistência do comando e do povo do castelo exige uma concentração de esforços insustentável ao longo do tempo - podem ser anos, séculos... mas um dia o castelo, por esgotamento das forças reinantes, cai.
E do coração dessa floresta, agora bela e exuberantemente transformada, partem em decidida disparada os tropéis libertos que vão reinar soberanos por toda a vastidão que a imaginação alcança.
Texto revisado porCris
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