Um crime ecológico
Atualizado dia 11/18/2006 12:54:32 AM em Autoconhecimentopor Flávio Bastos
"Como sempre, Pocahontas saíra numa aventura com seus dois amigos - Miko, o guaxinim, e um beija-flor chamado Flit".
Pocahontas, um desenho de animação com conteúdo ecológico, procurou reaproximar o homem da natureza, principalmente dos animais. Em parte conseguiu, pois ao atingir as crianças com a sua mensagem, estabeleceu um marco no sentido de divulgar para o mundo a importância das relações humanas com o ambiente natural.
Porto Alegre é uma cidade privilegiada no aspecto da arborização. São vários parques e praças conhecidas como áreas de preservação ambiental, onde pode-se passear admirando-se bosques de árvores nativas ou até, se tivermos sorte, visualizar algumas espécies de animais e de pássaros raros que vivem nestes ambientes. Esta realidade, que está na razão direta do nível de conscientização dos governantes e da comunidade com relação à conservação da natureza, reflete um aspecto da mentalidade do povo portoalegrense, a mentalidade primeiro-mundista.
A zona sul de Porto Alegre é um misto de morros e vales que vão ao encontro do imenso lago Guaíba. É a região mais naturalmente bela da cidade, onde a menos de vinte quilometros da zona central, ainda podemos encontrar morros com cobertura de mata nativa intocada pela mão humana e onde podemos também encontrar uma diversidade da fauna e da flora típicas da região.
Tudo isto, porém, não tem impedido as constantes tentativas (e ocorrências) de depredação do ambiente natural, principalmente por parte de interesses particulares e (ou) corporativistas, onde grupos empresariais, apesar da fiscalização ser atuante em áreas consideradas de risco, continuarem insistindo, porque em locais de visão panorâmica é garantido o alto lucro de investimentos em construções.
Recentemente, uma área plana de cerca de dezesseis hectares de mata nativa, um verdadeiro "oásis" com córrego, banhado e uma biodiversidade flagrante, situada em uma posição potencialmente estratégica entre três avenidas movimentadas da zona sul e distante dezoito quilometros do centro da cidade, foi alvo de uma violência incomum onde máquinas retroescavadeiras em uma semana desfizeram o que a natureza levou séculos para fazer.
Pelos comentários registrados por moradores dos arredores desta área, calcula-se que muita vida animal tenha sido sacrificada pela "varredura" mecânica. Aqueles que conseguiram fugir em "segurança" alcançaram áreas verdes (praças) situadas a cerca de duzentos metros deste local, passando por uma série de riscos até chegarem lá.
Foram vistos em plena luz do dia, desorientados e deixados à própria sorte, graxains (cachorro do mato), tatus, lebres, gambás, tartarugas, ratões do banhado e saracuras, entre outros. Tudo porque, "inexplicavelmente" (aí reflete o aspecto da mentalidade terceiro-mundista das pessoas diretamente envolvidas na questão) não houve, ao que tudo indica, por parte de quem compete a responsabilidade, um projeto de remanejo destes animais, ou pelo menos, interesse na realização de um planejamento que evitasse tal impacto ambiental.
Este crime contra a natureza ocorreu em uma cidade que possui tradição de sucesso em políticas de preservação do ambiente natural. Imagina-se, a partir desta constatação, o que não deve ocorrer em escala bem maior a nivel das grandes florestas brasileiras.
Enquanto a educação ambiental não tornar-se uma realidade inserida no currículo básico das escolas públicas e privadas do país, infelizmente, apesar das campanhas governamentais de conscientização e da existência de ongs de proteção à natureza, ainda continuaremos a registrar danos à ecologia como este da zona sul de Porto Alegre.
Somente através de um processo de conscientização a partir dos tenros anos da infância, é que conseguiremos, a médio ou longo prazo, transformar este panorama tendencioso de perda de qualidade de vida que insiste em precipitar-se sobre os grandes centros urbanos. De agente que age "sobre" a natureza, transformando-a, o homem deverá, ao "agir com" a natureza, encontrar o ponto de equilíbrio da convivência em harmonia com o ambiente natural, respeitando-o para poder ser respeitado.
Por outro lado, a alienação em relação à importância para as nossas vidas da preservação da natureza, passa também pela supremacia dos valores materiais que apontam os interesses do homem voltados para a satisfação do ego em detrimento do "extra-ego". Enquanto a depredação do ambiente natural não bater à porta do nosso quintal, nada vemos... nada sentimos.
Para que as próximas gerações desfrutem do que ainda podemos desfrutar em termos do saudável e imprescindível contato com a natureza, precisamos, urgentemente, mudar o nosso "olhar" para muito além do nosso próprio jardim. E, devagar, fazermos como fez Pocahontas: "Então, ela mostrou o seu mundo a John Smith. Devagar, ele começou a ver as cores e formas do vento e o resto da natureza, como ela via..."
Psicanalista de Orientação Reencarnacionista.
flaviobastos
Texto revisado por Cris
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Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |