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UM DIA PARA A MULHER - EM BUSCA DE UMA IDENTIDADE

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Autor João Carvalho Neto

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 2/26/2008 1:38:00 PM


Durante o mês de março, mais precisamente no dia 8, mulheres de todo o mundo estarão consignando passos na busca da consolidação de espaços cada vez mais amplos e justos para a ocupação de seu papel social. Durante o último século, muitas transformações têm se operado para o encontro de uma maior eqüidade nas relações entre homens e mulheres, em todos os níveis em que elas se realizam.
Contudo, talvez possamos aprofundar um pouco mais este marco do movimento feminista, que é o seu dia, pensando em qual significado simbólico se encontra escondido por detrás dessa comemoração.
A vida de cada um de nós, estruturada em pensamentos, palavras e ações, trás implícita conteúdos simbólicos que se projetam nas manifestações exteriores. Ou seja, quando sentimos, pensamos, falamos ou fazemos alguma coisa, não são somente os conteúdos que ali se manifestam estão sendo ditos, mas também outros, provindos do inconsciente, e portanto desconhecidos da consciência, que se expressam em simbolismo próprio de cada personalidade.
Para se entender melhor a questão, pensemos em um quadro pintado por um artista. Nossos olhos verão as imagens construídas na diversidade de tons, mas elas representam sentimentos do seu autor que nem sempre são captados pelo observador.
Pois então, um dia para a mulher traz também seu simbolismo implícito, que é o de afirmar a sua própria existência, como se fosse necessário, e para o inconsciente das mulheres o é, dizer: “eu estou aqui, eu existo”.
E isso acontece porque a mulher ainda vive uma forte crise de identidade, uma enorme dificuldade de saber quem realmente é.
Só para se ter uma compreensão melhor da magnitude do fato, quando Sigmund Freud estudou os chamados à época casos de histeria, hoje conhecidos como neuroses, todas as suas pacientes eram mulheres. Atualmente, os transtornos alimentares, principalmente anorexia e bulimia, que tanto crescem e que têm suas raízes nas crises de identidade, têm vitimado majoritariamente as mulheres, com um percentual de 92% de pacientes do sexo feminino e predominância de homossexuais entre os 8% restantes de homens. A questão da insegurança da mulher é tão proeminente que a competitividade entre elas, principalmente em assuntos ligados à aparência e a relacionamentos amorosos, é muito maior do que entre os homens.
E por que mais a mulher e não o homem sente-se insegura em relação à sua própria identidade?
Freud descobriu que a percepção da diferença na morfologia dos órgãos sexuais, entre as crianças, causava um impacto diferenciado em meninos e meninas, ao que ele chamou de trauma de castração. Me parece que essa vivência foi mais peculiar dentro do contexto cultural de uma sexualidade ainda reprimida do início do século XX. Claro que hoje, com a maior liberdade de entendimento e vivência da sexualidade, as crianças têm percepções diferentes. Entretanto, as marcas da construção passada, ao longo dos milênios da história da humanidade, continuam presentes na vida psíquica das mulheres.
O menino, ao tomar consciência de seu órgão sexual, proeminente, exposto, concreto, palpável, em detrimento do órgão feminino, côncavo, interior, profundo, como um canal que se liga ao desconhecido, já que não é visto e compreendido pela criança, assume uma postura de superioridade, a chamada onipotência do falo, como se pensasse: “eu tenho e você não tem”.
Tal situação, além de estabelecer na infância um sentimento de inferioridade para a menina, também a deixa insegura sobre o que é seu órgão sexual, já que diferentemente do homem, ele se projeta para dentro, para o incognoscível.
Pode parecer estranha essa teoria, e até mesmo sem fundamento quando a observamos agora, como adultos que conhecem pelas ciências o que são os órgãos sexuais. Contudo, para uma criança em tenra idade, esse conhecimento fica restrito apenas à observação que ela pode fazer do fato, e o fato parece a ela como descrevemos acima. Apesar de, posteriormente, na escolarização, e mais agora com a maior liberação sexual do que no passado, ela vir entender sobre a fisiologia sexual, as marcas emocionais daquela percepção infantil ficam registradas no inconsciente, deixando tendências comportamentais que se estendem para a vida adulta.
Por isso dizia eu, da necessidade psíquica de a mulher ter seu dia, uma forma simbólica de compensar aquilo que ela na infância pensou que não tinha. Também aí se insere a supervalorização da gravidez para muitas mulheres, até mesmo com atitudes de desprezo pelo homem, já que no exercício da gestação a mulher vivencia uma situação que lhe é exclusiva, sentindo-se mais aliviada, e não necessariamente curada, da inferioridade que construiu no passado, como se pensasse: “eu posso gerar um filho e você não”. Só que a experiência infantil é muito mais forte, pela maior plasticidade da mente da criança, do que a da vida adulta.
Entretanto, como disse acima, nos parece que este cenário está mudando, não apenas nas suas manifestações sociais, com as conquistas que a mulher vem conseguindo, mas principalmente e possivelmente como causa, com o amadurecimento de nossa sexualidade que nos permite tratar desses assuntos desde cedo com as crianças, conversando e explicando para elas a naturalidade e funcionalidade das diferenças entre os órgãos sexuais.
Para aquelas e aqueles que pensam que nós, psicanalistas, estamos supervalorizando a importância da função sexual na vida humana, lembrem que nós só saímos de algumas dezenas de tribos espalhadas sobre o planeta para uma população de quase 7 bilhões de pessoas por causa dela. E, se a entendemos como uma força de vida, ela está motivando todos os avanços e conquistas que o ser humano têm construído para a sua felicidade na Terra.
Por tudo isso, acho que cada vez menos as mulheres estarão precisando de um dia para elas, já que cada vez mais estarão seguras de quem são e do intenso significado do seu papel na humanidade. Pouco a pouco, o simbolismo que sustenta a manutenção desse dia vai se esvaziando, no amadurecimento que todos fazemos, homens e mulheres, para uma sociedade mais justa, fraterna e pacífica, onde os valores da personalidade masculina e da personalidade feminina possam somar-se e interagir para formas mais aperfeiçoadas de existência.

João Carvalho Neto
Psicanalista, autor do livro
“Psicanálise da alma”
www.joaocarvalho.com.br

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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