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UMA ESPIRITUALIDADE PARA SALVAR A NATUREZA - Parte II

Atualizado dia 2/12/2007 3:47:34 PM em Autoconhecimento
por FEMININO ESSENCIAL - Patricia Fox


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continuação

Porque o mundo dos humanos foi desonrado, foi dessacralizado. Mas não é só: a Natureza também deixou de ser sagrada - e o que não é sagrado pode ser profanado. Assim, do mesmo modo que se rouba sem dó o pão deixado na porta do vizinho (pois somos todos vizinhos!), derruba-se uma árvore com a mesma desfaçatez. Do mesmo modo que se derruba uma árvore, matando todas as criaturas que nela vivem e dela dependem, pode-se matar um ser humano. Afinal, nada mais tem honra, nada mais é sagrado, nada mais tem valor. Ainda que se questione a proporção de todos os delitos acima listados, o princípio, a raiz de todos eles, é o mesmo.
É uma crise que parece sem fim: uma crise de valores, de ética. Rouba-se idéias, rouba-se a água dos rios, rouba-se a vida das florestas, rouba-se a alma das pessoas.

Até quando? Como alertamos no início deste artigo, o problema não está só no nosso mundo humano, mas envolve todo o planeta, toda a biosfera, envolve tudo. A natureza não tem mais valor. Mas desrespeitar a natureza é desrespeitar, no sentido original da palavra "natura", tudo aquilo que nasce. Inclusive nós.

Não há dúvidas de que, do ponto de vista ambiental, há uma nova consciência ecológica e a ação de grupos, indivíduos e organizações que lutam para mudar o cenário atual é um avanço. Essa consciência cria uma ética, que influencia nossos gestos e ações. Mas ainda estamos longe da solução, pois existem leis contra os homicídios, contra a derrubada de árvores, contra a caça predatória, contra furtos e roubos. No entanto, a despeito dessas leis, esses crimes continuam a acontecer.

Talvez porque as leis sejam feitas pelos humanos e pareçam belas num livro, mas não fazem parte dos conceitos éticos e morais mais profundos desses mesmos humanos. Trata-se de uma ética externa, imposta pela lei, pela polícia, pela justiça, pelas convenções sociais. E, por ser externa, não está presente no coração dos homens.

A ética interna, os valores mais íntimos de uma pessoa, são determinados somente por essa pessoa: pelas coisas em que ela acredita, em que ela crê e confia. E é aqui que entra a espiritualidade.

Uma espiritualidade que dessacralize a natureza, que negue a existência de divindade na matéria (e matéria vem de mater, mãe em latim!) é uma espiritualidade que pouco a pouco leva à dessacralização de nós mesmos. Isto fica claro em conceitos atuais como a busca por uma vida melhor no pós morte, visão essa que encara nossa existência terrena como uma "provação". Como assim? Se aceito o conceito de que este é um mundo de provação, então o reduzo a uma "câmara de torturas"!

Nada mais errado! Esses conceitos operam nos níveis mais profundos de nosso subconsciente, afetando o modo como nos relacionamos com o mundo. "Se ele é assim negativo, por que razão deveríamos respeitá-lo?" Ao pensar dessa forma, dessacralizamos a natureza não só ao nosso redor, mas também a nossa própria natureza - pessoal e coletiva. Nós nos vemos como rivais deste mundo que só nos serve de "provação". E aprendemos a temer e odiar as flores, as árvores, os rios, lagos e mares, os animais os outros seres humanos. É simples assim. Ao depreciar o mundo, depreciamos a nós mesmos, pois dele fazemos parte - querendo ou não.
E quando agimos assim, quando pensamos assim, quando sentimos assim, tudo o que há de belo e inspirador no mundo é por nós rejeitado.

Não pode ser assim. Nem sempre foi assim. Para alguns povos, ainda hoje não é assim. Muitas culturas ainda vivem em perfeita harmonia com o meio em que vivem, honrando as diversas relações estabelecidas com a natureza, com o trabalho e com outras criaturas. São povos que preservam a visão de que os seres humanos são parte da natureza, e não uma criatura "eleita" para dominar, submeter e subjugar as demais. São povos que vivem a vida em harmonia, em paz, em compreensão - não por força de leis, mas por integrarem-se perfeitamente ao mundo em que vivem. E isto parte de suas crenças, de seus valores mais íntimos - de suas almas.

Talvez essa visão seja a solução de que tanto precisamos para frear o processo destrutivo em que a humanidade hoje se encontra. Resgatar os valores desses povos primitivos, restaurar sua visão de que o mundo é uma paraíso, que a terra é sagrada e viva, que os animais e florestas são sagrados, que o trabalho é sagrado, que a vida é sagrada. Ninguém desrespeita o que lhe é verdadeiramente sagrado. Assim, ninguém desrespeitaria a terra, nem aos que nos rodeiam.

Onde, então, encontrar uma espiritualidade que resgate essa comunhão plena com a Natureza, que lhe devolva a sacralidade e, por extensão, torne também sagrada a sua vida?

Muitas pessoas atualmente se voltam para espiritualidades que restaurem esses valores. Tradições como o xamanismo e o druidismo, por exemplo, atendem prontamente a essas necessidades. Ao apresentar uma mudança de consciência, ao fazer com que as pessoas vejam-se novamente como partes de um todo amplamente integrado, de uma natureza cujo segredo é a inter-relação de espécies e indivíduos, o xamanismo e o druidismo operam a grande transformação de que o mundo precisa: transformando os valores internos das pessoas, esses caminhos espirituais mudam seu modo de ver o mundo, de agir, de interagir, de ser.

Filosoficamente, o mundo está mudando. Já se sabe que não é possível prosseguir a exploração dos recursos naturais neste ritmo devastador. Isto é um começo. Mas a grande transformação só virá quando as pessoas desenvolverem a noção de que cortar uma árvore é errado não porque fere a lei, mas porque fere a vida a da árvore, a das criaturas que nela vivem e a da própria pessoa que a corta - afinal, estmos todos interconectados pela sagrada teia da Vida.

Contudo, mais do que isso, é preciso perceber que ao derrubar uma árvore, ou maltratar um animal, ou poluir um rio, o que estamos fazendo na verdade é dar um passo a mais rumo à destruição de nossos valores pessoais internos. O que separa alguém que polui um rio de um homicida?

Pense nisso. Mas, mais do que pensar, aja. O tempo é escasso.

Claudio Crow Quintino é autor de "O Livro da Mitologia Celta" e "A Religião da Grande Deusa" e representante no Brasil da Druid Network. Seu trabalho é reconhecido no Brasil e também no exterior. Coordena os cursos de Druidismo e Xamanismo Celta no Projeto Hera - SP. Para maiores informações: (11)7486-1156
www.heramagica.com.br
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