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Uma fascinante viagem sensorial: sentir saudade do que não vivemos.

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Autor Sérgio Osny Castanho Gonzalez

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 19/01/2006 10:56:11


Recebi, pela internet, uma bela mensagem de uma antiga consulente que hoje reside em Florianópolis. Fala de saudade. Do texto, extraí os seguintes sentimentos: “Sinto saudade de quem nunca vou ter oportunidade de conhecer. Saudade de encontrar não sei o que, não sei aonde. Saudade de coisas que eu tive e de outras que eu não tive. Saudade de coisas que nem sei se existiram, mas que, se soubesse, com certeza gostaria de experimentar. Sentir saudade é sentir que se está vivo”.

A mensagem levou-me a viajar no tempo. E a relembrar um episódio que acrescentou a saudade como uma experiência sensorial que tem me auxiliado a ajudar muitas pessoas a encontrar um significado para a vida. Mas o que é a saudade, na definição lingüística?

Saudade é uma das palavras mais bonitas da língua portuguesa. Dizem que não existe expressão tão significativa em outros idiomas. Na definição do Dicionário Aurélio, saudade significa “lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las”. Da mesma forma, assim é a saudade no Dicionário Houaiss: “sentimento nostálgico e suave ligado à memória de alguém ou algo ausente”.

Sentir saudade é, portanto, um sentimento agradável que não comporta sofrimento em quem a sente. Saudade é, assim, uma forma de se captar o tempo e reproduzir em nossa consciência as sensações, imagens e cenas da vida que nos propiciaram prazer e cujas lembranças nos fazem viajar para além do nosso momento cotidiano real. Tem inspirado poemas, canções, crônicas e orações aos mais sensíveis; às vezes, em tom de lamento, o que não é próprio da emoção da saudade. Entretanto, a maioria das pessoas não expressa ou não percebe o significado do sentimento saudade. Guardam isso no recôndito da alma. E sonham, e rememoram os momentos vividos, o rosto das pessoas amadas que estão distantes ou já partiram para o outro lado da vida.

Contudo, existe uma saudade que vai além desta vida e das percepções e momentos que vivenciamos durante a existência atual. É a saudade de pessoas que não conhecemos, de momentos que não temos consciência de termos vivido, de lugares por onde nunca passamos, de situações que não percebemos claramente, mas que surgem em nossa mente envoltas na névoa do tempo. Essa saudade não tem data, não tem nome, não tem ligação com a nossa vida atual. É formada por episódios que estão gravados nas profundezas do nosso inconsciente pessoal, mas também no inconsciente coletivo, uma das mais importantes contribuições que Carl Gustav Jung deu para a compreensão do ser humano e de sua passagem pelo planeta Terra, desde o alvorecer da humanidade. Essa saudade não é uma percepção que detectamos naturalmente. Ela surge em momentos de reflexão, de sonhos e, muitas vezes, ao olharmos uma imagem, ouvirmos uma música, admirarmos uma pintura ou fixarmos nossa atenção em uma paisagem.

Ao longo do tempo em que venho me dedicando ao atendimento em terapia holística - o que não deve ser confundido com psicoterapia, área privativa da psicologia e da psiquiatria - tenho instruído os consulentes a exercitarem a saudade de tempos, pessoas, situações e momentos que não fazem parte da sua vida atual; pelo menos até à idade em que as lembranças estão no consciente e que, geralmente, começam a partir dos primeiros anos da existência.

Mas, para que sejam momentos de saudade, devem ser sempre lembranças agradáveis, engrandecedoras, cheias de luz e harmonia. Não sentimos saudade de desastres, traumas, violência ou tristezas. Muitas vezes a saudade pode vir de vidas passadas, como cenas de um filme. Outras vezes de outras cidades, de outras culturas e pessoas que a pessoa nunca viu e nem verá nesta existência. É como se visitássemos esses lugares em espírito, pairando sobre os acontecimentos como uma alma livre das amarras do tempo e da matéria.

Certa vez, no final dos anos 60, uma consulente - que chamarei de Olga - viajou muitas vezes pelo interior da antiga União Soviética nos momentos de reflexão que estimulei. Sua primeira impressão de saudade foi de um amanhecer em uma pequena cidade habitada, na maioria, por famílias de operários. Descreveu a localidade como uma comunidade formada por casas simples, mas bem cuidadas e confortáveis. Viu as ruas estreitas, por onde circulavam os moradores, de bicicleta. Poucos eram os carros. Sentia-se muito feliz ao vislumbrar aquele lugar. Em uma de suas viagens de saudade entrou em uma das casas onde viu uma família se preparando para iniciar o dia. Era um casal de meia idade. Ela, uma típica mulher russa, de corpo forte. Ele, um homem de aparência rude, mas que transmitia afetividade. Os três filhos, dois garotos e uma menina tomavam a refeição matinal. Estavam vestidos com uniformes de colégio. Olga não ouvia suas vozes. Apenas o som de uma canção que vinha de um velho rádio. Sentia-se como parte daquela família, embora não tivesse nenhuma ascendência russa, não era comunista, nunca havia saído do Brasil e nem imaginava um dia visitar a União Soviética. Mas sentia saudade daquela cidade, das pessoas e do tipo de vida que levavam. Isso a fazia feliz. Voltou ao mesmo lugar outras vezes. Presenciou a família em uma festa típica do povo russo. Dançava com eles em espírito. Mas não tinha nenhuma influência sobre seus atos ou pensamentos. Apenas compartilhava dos seus momentos e sentia amor por aquelas pessoas que não sabia se existiam de fato. Uma maravilhosa sensação de saudade daquela família e da localidade onde viviam tomava conta do seu espírito.

Aquela experiência passou a lhe dar um significado maior para a existência. O significado de que sua vida não era apenas o que vivia nas suas relações materiais conscientes. Passou a sentir-se presente no planeta Terra e no Universo como um todo. Ao relatar-me as situações fiz questão de que não transformasse sua saudade em rememorações de vidas passadas, de uma outra dimensão ou de viagens astrais. Aquela cidade, aquela família, aqueles momentos estavam gravados em sua estrutura psíquica por algum processo de cognição próprio do cérebro humano. Eram como se ela criasse um filme dentro de si mesma que estimulava sua mente consciente, lhe abria as portas da percepção e potencializava sua criatividade e imaginação. Certamente, sua áurea ganhava mais luz, mais energia positiva e assim afastava as forças negativas que porventura atuavam sobre sua alma.

É importante considerar que os verdadeiros sentimentos de saudade nunca se referem a momentos de luxúria, a imagens de praias paradisíacas e nem a cenas de luxo, riqueza ou sofisticações tecnológicas. Mas a simples retalhos da vida. Mesmo quando vão além do tempo e do espaço, até os confins do Universo. Como na experiência sublime de um jovem de pouco mais de vinte anos, que relatarei em outro artigo. Uma experiência sensorial que ajudou a afastar da sua mente a idéia de suicídio que o perseguia desde a adolescência, complementando positivamente a medicação contra a depressão que seguia rigorosamente sob orientação de um especialista médico que eu havia indicado (não devemos ignorar os avanços da ciência em benefício do ser humano).

Sérgio Osny Gonzalez
Astrólogo

Texto revisado por Cris

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