Uma história de amor, luta e liberdade
Atualizado dia 8/27/2007 10:17:28 PM em Autoconhecimentopor Flávio Bastos
Com esse sentimento de liberdade impregnado em seus espíritos nasceram na tribo Oglala Lakota da grande nação Sioux, um dos grandes inimigos dos interesses do poder branco em território indígena, os índios denominados por seus familiares de "Olhos Que Brilham" e "Pequeno Urso".
Embora de famílias distintas, mas muito amigas, Olhos Que Brilham e Pequeno Urso cresceram juntos desfrutando das maravilhas naturais do ainda imenso território dos Oglala Lakota. Desde criança a indiazinha já demonstrava um temperamento mais expansivo e alegre que as demais meninas da tribo. Por outro lado, o indiozinho mostrava-se mais reservado e atento como era costume na educação dos homens oglala. No entanto, as duas crianças, assim como as demais, diariamente envolviam-se com as brincadeiras saudáveis e próprias da cultura sioux, e uma delas era correr, ou seja, correr uns atrás dos outros pelas pradarias sem fim até cansar.
Era início da segunda metade do século 19 e à medida que notícias chegadas à tribo por batedores à cavalo, de que cada vez mais o homem branco em sua febre expansionista avançava em direção ao seu território, guerreiros sioux começavam a mobilizar-se para um possível enfrentamento em defesa do que consideravam ser legítimos donos.
Olhos Que Brilham já era uma adolescente cheia de graça que começava a atrair os olhares masculinos. Pequeno Urso, que já acompanhava os guerreiros de mais idade nas atividades de caça, às vezes passava longos períodos longe da tribo em campana na observação de possíveis movimentos de caravanas de colonos brancos em território Oglala Lakota. Mas quando retornava ao lar, muitas vezes em vigília no alto dos pontos mais elevados próximos ao acampamento, gostava de observar a graciosidade de Olhos Que Brilham: alta, esguia, cabelos negros esvoaçando ao vento, pois apesar de ser uma menina-moça ainda gostava imensamente de correr pelas pradarias sentindo a liberdade da brisa primaveril tocando o seu rosto e de observar com os seus olhos que realmente brilhavam, detalhes da natureza como o explendor do nascer do sol atrás das montanhas ou a felicidade contida numa flor que desabrocha na primavera.
Pequeno Urso, lá do alto, calado, mas visualizando com o seu olhar de águia, seguia os passos de Olhos Que Brilham, tanto no sentido da preocupação em relação à sua segurança, quanto ao prazer que aquela visão lhe proporcionava. Sua amiga realmente tornara-se uma bela espécime sioux e o que o atraia nela, além de sua selvagem beleza, era o seu jeito inconfundível se comparada com as demais jovens da tribo. Sem dúvida ela era diferente...
O tempo passa e os limites do território sioux reconhecidos e assinados em tratado pelo homem branco não estavam sendo respeitados, o que estava causando indignação e revolta entre os guerreiros e enfurecendo o chefe Nuvem Vermelha. Ameaçados cada vez mais em sua integridade, os Oglala Lakota, definitivamente, começam a se organizar para a luta. Pequeno Urso, já adulto, fica com a missão de comandar um grupo de índios responsáveis por ataques de emboscada às caravanas de colonos que ingressavam em território sioux. Eram combates encarnecidos onde os índios levavam vantagem por fazerem uso do conhecimento do terreno em suas artimanhas de guerrilha.
À noite, ao redor do fogo, nos improvisados acampamentos da frente de luta em defesa da dignidade de seu povo, a imagem de Olhos Que Brilham iluminava a sua mente cansada e, do outro lado da sintonia, a imagem de Pequeno Urso povoava mente e coração da jovem do brilho nos olhos.
De volta à tribo, chamado à guerra aberta contra o exército do homem branco que fizera vistas grossas ao avanço de garimpeiros em busca de ouro em Black Hills, terra sagrada para os Lakota-sioux, Pequeno Urso reune-se às centenas de guerreiros sob a liderança de Cavalo Louco. Em marcha para a guerra, à medida que aumenta a distância que o separa de Olhos Que Brilham, seu semblante continua povoando sua mente nas geladas noites ao redor do fogo. O destino que os havia unido, ironicamente, havia-os separado, mas agora definitivamente. Pequeno Urso morre em desproporcional batalha travada contra o exército do homem branco. Do guerreiro morto em luta pela dignidade de um povo, fica na retina de sua amada, agora de olhos tristonhos, o seu semblante que permanecerá em seu coração até o final de seus dias em uma bucólica, fria e encarcerada reserva indígena.
Contudo, pela sintonia dos reencontros vitais, a energia do Amor Maior que a todos acolhe, liberta e renova, permanece agindo sobre eles, transformando mentes e corações e abrindo caminhos para a iluminada estrada do autoconhecimento em busca de níveis mais elevados de consciência.
"O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais breve acontecerá com o homem. Há uma lição em tudo. Tudo está ligado. O que ocorre com a Terra recairá sobre os filhos da Terra. O homem não teceu a teia da vida, ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizermos ao tecido, fará o homem a si mesmo."
Fragmentos do discurso do chefe Seattle ao presidente americano F. Pierce (Seattle, 1854)
Psicanalista Clínico e Interdimensional.
flaviobastos
Texto revisado por Cris
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Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |