Valores.

   

Autor Paulo Salvio Antolini

Valores.

Na Inglaterra, uma rede de lanchonetes, a Burger King, teve em pouquíssimos dias, mais de setenta reclamações registrada contra ela. Referida rede publicou fotos de uma vaca vestida com as cores da lanchonete. Alegação dos reclamantes: "Causou uma imagem grotesca e ofensiva contra os animais".

Imaginem. Nós estamos convivendo com duas campanhas publicitárias na TV, uma que passa que a traição e a infidelidade não são problemas, primeira mensagem sub-liminar. Outra  mensagem sub-liminar:  "Tome meu refrigerante e seja um "corno" feliz", (nós falamos futebol). A outra, que massacra acintosamente a figura feminina, vulgarizando-a e colocando-a como alguém que necessita ou pode ter vários homens ao mesmo tempo para ser bem sucedida e ter destaque (seja você também uma diva).

Não há intenção de moralismo ou mesmo, como dizem alguns, falso moralismo na citação desses fatos. Apenas a constatação de como nós estamos insensíveis diante de tais ocorrências, de tal forma e intensidade, que nem percebemos que estas imagens, batidas várias vezes por dia em nossas mentes, e na mente de jovens e crianças em formação, estão deixando mensagens que com certeza, não serão benéficas. Qual a importância disso? Agimos baseados em nossos valores, nossos princípios e se eles estiverem distorcidos, confusos, além de vivermos grandes conflitos, também agiremos distorcidamente.

No artigo "A Lei e o Caráter" falei sobre recompensas e conseqüências, lembram-se? Pois bem. Mais do que uma insensibilidade ou preocupação das agências de propaganda, elas estão refletindo o que a grande maioria vê como sonho de bem viver e aí então, retratam isso associado ao produto. "Use meu produto e conquiste o que você sonha. Refresque-se com o meu refrigerante e não se preocupe se a sua relação familiar não está indo bem. "Para sentir-se uma mulher valorosa, de destaque e bem sucedida,  tenha vários amantes ao mesmo tempo".

No dicionário de Michaelis, o termo "valor" revela, referindo-se aos aspectos psicológicos,  "as preferências pessoais de cada um, segundo suas tendências e  influências sociais a que está submetido". Observem e reflitam sobre o que negritei.

Pessoas com valores claros e definidos, que contemplam as boas regras de convivência, têm nitido para si que quando se buscam na vida situações que lhes trazem benefícios, elas estão simultaneamente associadas às conseqüências dos atos praticados para se obter tais recompensas.

O Ser Humano está fazendo muita confusão com seus valores essenciais em nome de ser moderno e atual, assim como empresários e executivos têm agido equivocadamente em nome  de redução de despesas. Querem ver? Observem quantos profissionais ocupam funções importantes, sem estarem devidamente preparados para elas. Estão ali porque aceitam salários menores. Fazem "n" bobagens e os executivos acham que estão ganhando com a economia. Observem quantas pessoas sentem-se incompreendidas pelos que as cercam, e não conseguem perceber que estão ferindo pessoas, valores e regras de boa convivência.

Muitos acham que estão ganhando com a substituição do conceito de felicidade pelo do prazer rápido. Apenas não conseguem associar a insatisfação e o vazio que sentem ao como estão fazendo as coisas, ao como estão vivendo, ao como estão tratando a si mesmas e aos demais. Em nossas buscas, devemos respeitar os princípios que regem nossas vidas. Tenham certeza: "Os meios que utilizamos são muito importantes para sentirmos a satisfação e a felicidade ao atingirmos nossos fins".

 O mundo inteiro fala de PAZ!. Os veículos de comunicação pregam a PAZ!. Fazem campanhas milionárias (para eles, pois conseguem grandes patrocínios) sobre a PAZ!.  Mas o que é que exploram? O que é que divulgam? Sobre quais fatos reais da vida ganham sua audiência? Fatos reais sim. Eles existem. Embora não seja dito com destaque, existe muito amor no mundo, muita solidariedade desinteressada. Muito mais bondade que maldade. Mas isso não tem dado IBOPE. "Há coerência de valores?"

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