Vampiros Autoritários
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Autor Daniel Ferreira Gambera
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 12/20/2005 12:29:15 AM
Normalmente, quando se fala em vampiros - pessoas que sugam energia das outras - a imagem que se costuma ter é a dos “vampiros carentes”: pessoas pessimistas, sem vida, sem energia, que são capazes de nos influenciar e nos deixar “para baixo”.
Gostaria de incluir as pessoas autoritárias na categoria de vampiros, pois entendo que, de certa forma, elas se especializaram em “sugar” energia de outras pessoas e, ao contrário dos “vampiros carentes”, freqüentemente demonstram uma energia e uma disposição invejáveis.
Primeiramente, gostaria de chamar a atenção para as causas. Porque alguém teria a necessidade de absorver energia de outras quando há energia em abundância disponível no ambiente? Na literatura sobre o assunto, é possível encontrar pelo menos duas causas: numa, a pessoa não é capaz de metabolizar adequadamente a energia disponível no ambiente; noutra, a pessoa “vaza” ou “gasta” a energia de uma forma anormal, numa velocidade maior do que seu organismo consegue repor. Seja por uma causa, por outra, ou por ambas, o fato é que os “vampiros” estão numa condição que não lhes permite serem reabastecidos por si próprios e, então, outras pessoas acabam cumprindo o papel de lhes fornecer esse extra de energia.
Mas, atenção: quando falo “vampiros” não estou querendo dizer “eles”... estou falando de “nós”, pelo menos em alguma parte do tempo... Sempre que não estamos nos “reabastecendo” ou estamos desrespeitando nossos limites, levando-nos à exaustão, iremos obter o equilíbrio através das energias das pessoas que estão mais equilibradas... Estejamos conscientes disso ou não...
Dessa forma, o objetivo deste texto, é trazer uma reflexão maior sobre a nossa própria dinâmica de energia, e não o de encontrar culpados “nos outros” por algum problema energético que possamos ter. Apesar “dos outros” poderem ter papéis importantes na situação esses problemas são, em última análise, “nossos problemas” e de “nossa responsabilidade”.
No caso de “vampiros autoritários” tenho percebido uma dinâmica bastante óbvia para mim. Como não tenho clarividência, não posso confirmá-la; em todo caso, mantenha-se sempre crítico com relação às idéias que estou expondo. Percebo que algumas pessoas se especializaram em “estarem certas”. Numa interação qualquer com elas, grande parte de suas comunicações é para mostrar o quanto elas estão certas e os outros errados. Boa parte de sua energia, também, é gasta para fazer outras pessoas “concordarem” com o seu “jeito certo” de fazer as coisas, geralmente com uma atitude mais de coação do que de esclarecimento. Tenho a impressão de que, somente quando estão agindo dessa forma, conseguem um pleno reabastecimento. Noutras vezes, também, tive a impressão de ver uma espécie de desânimo pairando sobre elas, nos momentos em que não houvesse nada de errado para elas “consertarem” ou ninguém de quem fosse possível reclamar.
A teoria que proponho é a de que, nesse caso, há dois mecanismos agindo: num, a pessoa autoritária age como se fosse necessário “estar certa” para conseguir metabolizar determinada(s) categoria(s) de energia. Quando ela não está no modo “estou certo”, ela se impede, inconscientemente, de realizar essa absorção. Porém, como não é possível “estar certo” sempre, visto que a maior parte das situações da vida (se não todas) não são situações de “certo ou errado”, fica mais fácil, então, considerar-se certo, comparando a ação dos outros segundo nossos próprios critérios. Assim, a ação do outro fica “errada”, não importando que o outro tenha agido sob outros critérios, e a minha fica “certa”; afinal, estou comparando eu comigo mesmo, o que é mais fácil de ser favorável. Se estou certo, deixo que meu organismo assimile a energia.
O segundo mecanismo viria da penalização que imponho à pessoa “errada”: já que ela está “errada” e eu “certo” posso, como um bônus, me apropriar de uma parte de sua energia.
Do lado da pessoa “vampirizada”, o tema é o mesmo: ela acredita que, por “estar errada”, precisa pagar o tributo energético à pessoa que “está certa”. Talvez ela não tenha problema em metabolizar a energia mas, pelo menos, possui um “vazamento” indo direto para a pessoa “certa”... Esse vazamento pode ser percebido na forma de uma baixa na auto-estima, raiva de si mesmo ou pela situação, raiva do “vampiro”, etc...
Para mim, parece que o tema básico dessa interação seria o do apoio condicional a si mesmo. É a crença de que eu só devo me apoiar se eu estiver “certo”, sendo que, possivelmente, fosse quando eu estivesse “errado” que eu necessitasse mais de meu apoio...
Para finalizar, gostaria de propor algumas idéias-antídoto para essa questão:
Não preciso estar certo para ficar do meu lado.
Não preciso pagar “tributo energético” por estar errado.
Não tenho o direito de cobrar “tributo energético” por estar certo.
Estar certo ou estar errado são condições passageiras, meu valor pessoal é anterior a isso.
Acertar num momento e errar noutro fazem parte do processo de aprendizado.
Não preciso me sentir mal para me obrigar a corrigir qualquer erro; corrijo meus erros por que sei que isso é o melhor para mim.
Não tenho medo de estar errado por isso consigo aceitar outros pontos de vista que enriquecerão minha experiência e até poderão mudar minha forma de ver, sem que com isso eu seja diminuído.
Freqüentemente, o limite entre “estar certo” e “estar errado” é devido apenas a quanto você consegue se apoiar até que sua ação frutifique. Ou seja, você até pode estar “certo” mas, se for convencido de que está errado, estará “errado” mesmo...
Texto revisado por Cris
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