Vinícius...
Autor Rosemary Rezende
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 7/28/2010 8:31:24 PM
Esta indo embora o mês de julho e então eu me lembrei que foi justo nesse mês, a trinta anos passados, que também foi embora o grande Poeta carioca Vinícius de Moraes. Que saudade do poetinha... tentando fazer uma homeagem, então eu estou aqui a uma semana escrevendo, apagando, fugindo e depois voltando, porque não tem jeito, ele é, no mínimo, apaixonamente!
"São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher..."
O biógrafo de Vinicius, José Castello, autor do excelente livro "Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão - uma biografia" nos diz que o poeta foi um homem que viveu para se ultrapassar e para se desmentir. Para se entregar totalmente e fugir, depois, em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a credulidade, por saber que a vida nada mais é que uma forma encarnada de ficção. Foi, antes de tudo, um apaixonado - e a paixão, sabemos desde os gregos, é o terreno do indomável. Daí porque fazer sua biografia era obra ingrata.
Dele disse Carlos Drummond de Andrade: "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural". "Eu queria ter sido Vinicius de Moraes". Otto Lara Resende assim o definiu: "Manuel Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no Recife. João Cabral continua ligado à cana-de-açúcar. Drummond nunca deixou de ser mineiro. Vinicius é um poeta em paz com a sua cidade, o Rio. É o único poeta carioca". Mas ele dizia nada mais ser que "um labirinto em busca de uma saída".
O que torna Vinicius um grande poeta é a percepção do lado obscuro do homem. E a coragem de enfrentá-lo. Parte, desde o princípio, dos temas fundamentais: o mistério, a paixão e a morte. Quando deixa a poesia em segundo plano para se tornar show-man da MPB, para viver nove casamentos, para atravessar a vida viajando, Vinicius está exercendo, mais que nunca, o poder que Drummond descreve, sem conseguir dissimular sua imensa inveja: "Foi o único de nós que teve a vida de poeta".
Eu queria poder ter palavras melhores e espaços maiores para definir este homem, mas é impossível,
ele foi artista, poeta, letrista, show man, advogado, escritor e diplomata e aposto o diplomata que mais representou o Brasil, talvez porque melhor o entendeu. Levou o Brasil consigo aonde ia e viajou muito, mas seu coração nunca saiu desta terra; e isto ficou provado no poema Patria Minha. Sua primeira publicação foi em 1933, estreou com o livro O caminho para a distância, como poeta acadêmico agradou muitos contemporâneos, mas depois se meteu a fazer música e os acadêmicos ficaram irados, pois achavam as músicas uma cosa menor. Nem assim perdeu amigos e dizia não entender essa raiva pois para ele a poesia e música eram coisas que se confundiam. Amou muitas mulheres e fez muitos amigos. Foi fiel, antes de tudo a si mesmo
"A vida do poeta tem um ritmo diferente
e a sua alma é uma parcela do infinito distante"
Fez muitos amigos e os reconheceu em vários sonetos, como os Sonetos que fez para Manuel Bandeira, Pablo Neruda, Otávio de Faria, Rubem Braga e outros. Teve coragem de se despir da nobreza dos versos acadêmicos para fazer versos de amor e de ritmos variados, cantou a beleza da mulher amada, mas também foi poeta social em "Rosa de Hiroshima", "A bomba atômica" ao mesmo tempo que não se esquecia do Lirismo, visto nas Cinco Elegias. Entendeu e amou a alma feminina como poucos; cantou o amor, as mulheres, a paixão e a solidão, depois se desfez da solidão para exaltar a vida e na sua maturidade cantou a sua juventude.
Sua comunicação foi se tornando mais ampla, mais numerosa e até mais fácil, daí pediu a cooperação da música. A fusão sempre foi viável nesse poeta do encontro. Poema e canção se casam, convivem amigável e respeitosamente na penumbra de uma boîte que o público entulha para ouvir, da mesma boca, o "Berimbau", e "O dia da criação". E então fez a poesia injetar hálito na frivolidade burguesa e na boêmia dissipação. O poeta parece ter encontrado aquela "música que seja como o ponto de reunião de muitas vozes". Romperam-se as últimas cadeias, a palavra se fez canto, o poema se fez canção. Chegou a popularidade e ao auge de seu sucesso. O poeta é arauto e porta-voz. Por tudo a que a vida oferece ("É claro que a vida é boa") e por tudo o que à vida falta ("Acontece que eu sou triste"), pela dialética das razões e pela sem-razão da dialética...quem pode então entender tão grande poeta?
Então deixo sites e músicas para vocês e como se despedia o grande poeta, que se dizia o negro mais branco do Brasil Saravá!
Texto inspirado em trabalhos de:
Arnaldo Nogueira Júnior, José Castello e Otto Lara Resende
sites:
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Carlos Drumond de Andrade um dia disse que queria ter sido Vinícius. A verdade é essa mesmo, os homens queriam ter sido Vinícius e as mulheres, queriam te-lo amado. Vinícius de Moraes (19/10/1913 - 9/07/1980).
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Rosemary Rezende Tecnica Agrícola, Medica Veterinária, Homeopata, Terapeuta Holística. Atualmente trabalhando com Terapia Nexus, massoterapia Indiana, Numerologia Indiana, Florais e Homeopatia E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
