Virando a página.
Atualizado dia 4/16/2011 8:43:54 AM em Almas Gêmeaspor Paulo Valzacchi
Porque não conseguimos nos desvencilhar das amarras torturantes do passado?
Em geral uma grande parte de população sofre devido aos relacionamentos, de uma forma ou outra não foram correspondidas as suas expectativas, algumas pessoas amam caladas, outras amam obsessivamente, dentre outro grupo estão aquelas que não sabem se comunicar, aquelas que não sabem se expressar, os que estão isolados, os que sofreram grandes decepções e por ai vai.
Tudo isso gera profundas feridas, dores, cicatrizes mal curadas, o que certamente remédio algum pode ajudar efetivamente, pelo menos no início do processo.
Mas então como virar a página?
Na verdade esse processo não é fácil, com o tempo percebemos que nem sempre estamos fixados a pessoa, mas sim ao que ela representava para nós naquele momento, naquela época, naquela fase de nossa vida, em geral guardamos as melhores imagens e momentos, você não fica se lembrando das discussões, das tempestades, mas sim dos momentos felizes, carícias, beijos, sexo, conversas, a troca fundamental de amor.
Essas cenas e revisões, essas visualizações são boas, nos causam saudades, e nos fixa mais e mais ao passado, assim é difícil virar a página, para seguir adiante.
O que tudo isso mostra é que muitas vezes estamos apaixonados pelos bons momentos, e na verdade a pessoa não é nada daquilo que imaginamos.
Nós temos um mecanismo interessante sobre isso, imaginamos, moldamos e criamos um padrão de pessoa, mesmo que ela não se ajuste a esse molde criado, nós colocamos uma forte expectativa que ela se torne assim, ou seja, a famosa transformação de sapo em príncipe encantado, isso é auto-enganar-se.
Pare com tudo isso, encare a pessoa do jeito que ela é, caso não seja o que você vem procurando, esqueça, os bons momentos são apenas bons momentos, mas a pessoa com quem conviveremos é mais que isso.
Julia é uma amiga de anos, apaixonou-se, criou vínculos, viveu incríveis momentos, mas no final separaram-se, mudaram de cidade por motivos de família, empregos, etc..
A separação não foi algo natural, ouve brigas, discussões, contra-tempos e desastrosamente tudo acabou.
Ela simplesmente ficou decepcionada, angustiada, magoada, mas guardava consigo os melhores momentos desse romance.
Após cinco anos se reencontraram, pelos processos da vida, mas Julia agora estava mais madura e percebeu que guardar apenas os bons momentos não ia alavancar o relacionamento, ela conheceu um pouco da verdade, viu que seu ex-parceiro era egoísta, distante, não sabia ser franco, honesto e sincero, e que não havia mais nada além do que bons momentos, e isso não iria mudar nada, então num momento único Julia respirou fundo e simplesmente virou a página.
Ela me disse que procurou exaustivamente em seu companheiro um pouco daquela pessoa especial de tempos atrás, onde a paixão havia lhe mostrado uma pessoa incrível, mas essa pessoa não existia mais.
Talvez essa seja a grande decepção de Julia, também procurar algo que já não existe.
Não foi fácil para ela, porém ela sabia o que estava certo e o que estava errado, bons momentos faziam parte do passado, agora no presente ela queria algo melhor ainda, e não poderia ficar presa a ilusões.
As vezes ficamos presos a essas ilusões, de querer e querer que tudo se repita, daquele jeito, daquela maneira, com todos os detalhes, respire fundo e pense : isso não vai acontecer.
O momento em nossas vidas é único e chama-se presente, após alguns segundos ele já é passado.
Tente entender-se, tente entender o mecanismo, tente apenas Virar a página, esse sofrimento não vale a pena.
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