VIVER COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ
Atualizado dia 8/8/2007 4:48:11 PM em Autoconhecimentopor Geraldo de Souza
Mas por que a morte nos assusta de tal forma? O sábio se prepara para morrer. Mas para a maioria dos seres humanos, a simples menção da palavra "morte" é um trauma. Não falamos de morte, como se falar disso pudesse atraí-la. No entanto, preparar-se para morrer é útil. Necessário, mesmo. Não se trata de uma atitude mórbida, mas de naturalidade perante o ciclo que rege a vida.
Naturalidade? Sim, pois em nossa vida a morte é uma certeza. Podemos até não saber quando e onde ela virá, mas virá certamente. Países, idiomas e crenças são diferentes. Mas, paradoxalmente, a grande certeza que nos une a todos é a de que um dia nosso corpo estará morto. Por isso, vale a pena pensar de modo positivo na morte. Preparar-se para esse momento inevitável.
A psiquiatra suíça Elizabeth Kübler-Ross narra, em seus diversos livros, o sofrimento das pessoas que não se prepararam para morrer ou para dizer adeus aos parentes e amigos. A médica - que se tornou famosa no mundo inteiro por seus trabalhos junto a
pacientes terminais - observou que a maioria das pessoas traz pendências, assuntos não-resolvidos e traumas que eclodem na hora da morte. É que não costumamos refletir sobre a nossa própria morte. Sempre a imaginamos muito distante. E, por isso, vamos adiando a resolução de pendências que poderiam ser solucionadas agora, com calma.
Portanto, vale a pena iniciar uma preparação. Quer uma fórmula simples? Viva como se fosse o seu último dia. Faça o bem, seja amável e gentil. Não deixe para amanhã as palavras de afeto, os gestos de amor. Diga à família o quanto você a ama. Deixe os papéis em ordem, os assuntos encaminhados. Se há mágoas, esqueça, perdoe. Vire a página. Se há assuntos por resolver, esclareça, converse. Enfim, resolva. Não deixe espaço para que um dia você lamente não ter falado na hora certa. Viva a vida de forma simples e bela para que, ao encerrá-la, não haja muitos arrependimentos.
O músico Renato Russo tinha uma frase síntese para essa atitude: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã". Afinal, amanhã a morte pode ter vindo, silenciosa, bater à sua porta, ou à da pessoa amada. E até o reencontro, então, poderá ser uma longa espera.
Faça como o poeta Manuel Bandeira. Em um de seus mais inspirados poemas, "Consoada", ele fala sobre o dia em que a morte chegará e vai encontrá-lo preparado:
"Quando a indesejada das gentes chegar,
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios).
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta, com cada coisa em seu lugar".
Possamos, todos nós, aguardar a morte com a alma leve, a consciência em paz, um sorriso de dever cumprido pairando, suave, nos lábios pálidos. Quando essa hora chegar, o seu dia - a sua vida - terão sido bons? Pense nisso!
Fonte: Redação do Momento Espírita.
Texto revisado por Cris
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