Você se escuta?

Reflexões e autorreflexões femininas

 

A reflexão que compartilho hoje é...  Você se escuta? Se permite silenciar e ouvir a sabedoria que já existe dentro de si? 

 

Lembrando que minhas reflexões são acima de tudo autorreflexões, algo que preciso estar sempre a me relembrar, em um mundo que está a todo momento impondo ( às vezes de forma sutil) quem eu tenho que ser.

 

Desde a minha menarca sentia dores horríveis de cólica. Dores que remédios não conseguiam alcançar. E remédios para mim nunca fizeram o efeito esperado, sempre busquei formas naturais de tratamento, por conta dos seus efeitos em outras partes do meu corpo.

 

O que salvava minha menina, eram os banhos quentes, as compressas e o repouso. A Sabedoria da minha anciã já existia.

 

Lembro do fluxo intenso, das contrações que me faziam quase gritar de dor. Do sangue coagulado, que descia com muita dificuldade.

 

Aquelas dores não me pareciam normais e não eram. Apesar de ir a ginecologistas, o que eu percebia era que em sua maioria, sempre tinham um remédio para receitar e que ninguém conhecia seus próprios corpos... Como poderiam conhecer o meu?

 

Tentava suprimir e me adaptar a viver uma vida baseada no que esperavam de mim, nas demandas externas e sociais, e não em sintonia com meu ciclo, com meu corpo e com meu ritmo interno.

 

Passei anos buscando compreender e escutar o que essas dores queriam me falar.... Porque as dores são sábias mensageiras....

 

Conforme fui dando voz ao meu feminino e espaço para ele em minha vida, as respostas que eu sempre busquei fora, começaram a vir de dentro.

 

As minhas dores eram as dores das minhas ancestrais que pediam passagem, dores caladas e silenciadas, de forma consciente e inconsciente, muitas vezes.

 

Foram muitos anos de autoestudo, formações, mergulhos internos e subidas, práticas, catarses, expansões e retrações. E, é um caminho diário e continuo, caminho que guia e sustenta meus passos em direção a mim mesma, a minha essência e verdade.

 

"É necessário esvaziar a nossa útera/ coração da dor que atormenta o nosso equilíbrio, nos limpar das sombrias palavras, imagens e tabus que nos impedem de valorizar a nossa própria natureza. Nós, mulheres, precisamos empreender uma viagem até as nossas profundezas com os nossos sentidos expandidos. Precisamos nos apropriar desses espaços que nos usurparam e recuperar a sabedoria que ainda permanece silenciada dentro de nós mesmas". MARTÍN, Pabla Pérez. Manual de introdução à Ginecologia Natural. 

 

Gratidão a todas que vieram antes, abrindo caminhos e sustentando o rezo, para que hoje eu possa ser e estar aqui.

 

Eu sou porque nós somos!

 

Texto Revisado