“What the bleep #@%&*#@...” Parte 1
Atualizado dia 12/09/2006 21:36:40 em Autoconhecimentopor Fátima Rodrigues Graziottin
Como me divorciei há pouco e ainda estou em fase de MUDANÇAS, quer interna, quer externamente, resolvi aproveitar o feriadão e fazer uma faxina na casa, a fim de “colocar as coisas nos seus devidos lugares”. Por extensão... “colocar as coisas em ordem na MINHA VIDA”!
Após deixar a casa relativamente em ordem, resolvi também CUIDAR de MIM, me “PRODUZINDO”: tomei banho, arrumei o cabelo, me maquiei, escolhi uma roupa na qual pudesse me sentir “gloriosa”, mesmo não tendo nada de muito especial, me perfumei e saí para a rua com o intuito de encontrar, mesmo que rapidamente, uma querida amiga que iria assistir o filme WHAT THE BLEEP DO WE KNOW? – QUEM SOMOS NÓS? – num shopping próximo à minha casa. Queria dar um abraço na minha amiga e matar a saudade, nem que fosse rapidamente! Eu havia assistido esse filme no cinema, na semana anterior. Era a quinta vez que eu estava assistindo esse filme e sei que ainda o assistirei muitas vezes. Para mim, este é um “filme de cabeceira”.
Saí a pé, me sentindo “poderosa” e confiante, feliz por ter cumprido em boa parte, uma das minhas metas do feriadão.
No caminho, vi uma locadora de filmes e inesperadamente, resolvi entrar para alugar filmes. Eu precisava – também – “arejar a cabeça” e, quem sabe, oferecer um “bálsamo para a alma”!
Ao entrar na locadora, no mesmo ritmo de passadas que eu vinha caminhando na rua, simplesmente “DEI COM A CARA NA PORTA”!
A LOCADORA ESTAVA FECHADA...
Ou melhor: a PORTA da locadora estava FECHADA!
Lembro de ter ouvido um barulho forte, acompanhado de uma dor intensa no NARIZ, MAÇÃS DO ROSTO e DENTES da frente!
A próxima lembrança que tenho é de eu estar do lado de DENTRO da locadora, próximo à porta – que continuava FECHADA – e o gerente me perguntando:
“Você está bem? ...tudo bem?”
Próximo ao balcão, um homem de uns 45 anos e seu filho de aproximadamente oito anos me olhavam, espantados, esperando, atentos, que eu respondesse à pergunta do gerente...
A locadora é pequena e havia umas dez pessoas lá dentro, inclusive um profissional que estava consertando o ar condicionado.
Silêncio total.
Nessas situações de acidentes cotidianos, normalmente as pessoas se assustam e, em seguida, RIEM para aliviar a tensão.
Não ouvi um riso abafado sequer!
Realmente, o “acidente” parecia ter sido impactante, mesmo.
Em mim... o IMPACTO doía FORA e por DENTRO também!
(...) O que acontece na maturidade é que, a maioria de nós que teve dificuldades ao longo do caminho, está vivendo de um modo emocionalmente desligado ou está vivendo como se hoje fosse ontem. Tanto no momento emocionalmente desconectado, como no modo emocionalmente superexcitado, pois eles remetem a um tempo anterior na realidade. A pessoa não está vivendo como um todo integrado”.
O gerente continuava me olhando e perguntando:
“Está... tudo... bem?” - com um olhar observador e acurado, de quem deseja perscrutar além das palavras e também do silêncio.
Eu continuava em silêncio, apalpando o nariz, as maçãs do rosto, os dentes, enquanto um “filme” rápido dos últimos momentos passava na minha cabeça: eu estava tentando entender, através da dor sinalizada externamente, o que havia acontecido.
Finalmente consegui falar e ouvir minha própria voz, em alto, claro, afirmativo e em intrigado e indignado tom, dizer:
“NÃO ENTENDO como FIZ ISSO!?!?”
E aquele “FIZ” está ainda ressoando em meus ouvidos!
Estava, ainda, achando a situação absurda e sentia vergonha!
Pensei:
"Tenho de fazer essa cirurgia de catarata logo! Não tô enxergando meeessssmo!!!!"
Até então... eu estava somente tentando me “situar” diante do IMPACTO do meu rosto na porta.
O gerente da locadora de filmes insistia:
“...como está? Está bem?”
O interessante é que nem ele e nem ninguém se mexeu do lugar! Parecia que fazíamos parte de uma cena de filme, “congelada”!
Não sei se foi o “meu congelamento” , de pé, do lado de dentro da locadora, com a porta FECHADA às minhas costas que causou o “congelamento” de todos que lá estavam ou se foi o barulho do impacto na porta, a expressão do meu rosto, do meu olhar desconcertado, contraído e dolorido...
Será que eu conseguira ATRAVESSAR a porta, mesmo estando FECHADA?
Esse, só podia ser um raciocínio de quem recém sofreu um impacto forte!
A dor em TODO o rosto sinalizava que não! Eu batera com o rosto de frente, em cheio, na porta!
Contudo, não sabia se eu mesma abrira a porta e entrara ou se havia me “teletransportado” para o lado de dentro da locadora!
Não... o momento não era para rir, nem para fazer graça, eu realmente estava tentando compreender o que havia acontecido. O que acontecera era patético e dolorido demais!
Leia a Parte II
Texto revisado por: Cris
Avaliação: 5 | Votos: 7
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