XAMANISMO: A CIÊNCIA FUNDAMENTAL
Autor Léa Lima
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/22/2005 4:11:18 PM
O Xamanismo é uma das tradições mais antigas da humanidade. As pás dos arqueólogos encontraram indícios de sua presença há dezenas de milhares de anos e evidências de uma época onde os seres humanos, animais e toda a natureza viviam em harmonia, onde árvores e animais tinham espírito e os seres humanos podiam conversar com eles.
O Xamanismo "strictu sensu" é, por excelência, um fenômeno siberiano e central asiático. Em toda essa imensa área que compreende o centro e o norte da Ásia a vida da sociedade gira em torno da figura dominante do Xamã.
O xamanismo, considerado uma cultura arcaica (arcaico vem do grego e significa "época antiga"), sugere uma experiência humana anterior ao domínio da palavra e não há meios de se precisar o quão remotas são suas origens.
Em todo o mundo, em épocas diferentes, as técnicas xamânicas fizeram-se presentes. As notáveis semelhanças entre xamãs de áreas tão distintas pode ter uma explicação no fato de o ser humano ter sido sempre premido pela necessidade inata do saber e pela busca do conhecimento para resolução dos seus problemas. O xamanismo é, portanto, um arquétipo e desta forma, sendo uma imagem do inconsciente coletivo, estaria presente em todas as civilizações.
Princípios xamânicos
A tradição xamânica fundamenta-se em alguns princípios:
- na viagem xamânica ou vôo da alma;
- na alteração da consciência por meio dos sons (tambores, maracas, cantos, etc.);
- na morte e renascimento - ou seja, mudança de realidade;
- no conhecimento e controle das energias da natureza;
- na utilização dessas energias para a sua cura e posteriormente a cura do outro;
- na busca incessante do auto-conhecimento.
A Viagem Xamânica
Por toda parte, tanto no mundo primitivo quanto no moderno, encontramos culturas que pretendem se relacionar com os espíritos e serem "possuídos" por eles para agirem em seus nomes. O traço distintivo do xamanismo é que o xamã entra em contato com realidades ocultas quando deseja, interagindo com os espíritos desses outros mundos, obtendo deles esclarecimento, conhecimento e ajuda. O xamã imbuído de sua força e seu poder e energizado pelas forças da natureza, controla todos os espíritos sejam eles de seres humanos encarnados ou não, de animais ou de quaisquer outros seres vivos da natureza.
Em sua viagem ou "vôo da alma" o xamã abandona o corpo, vivencia a si mesmo viajando pelo espaço em imensas distâncias e parte em busca da obtenção do poder, do conhecimento, do diagnóstico, investigando outros mundos onde encontra forças amistosas e adversárias sobre as quais intervém. O eixo central da tradição xamânica é a viagem - o vôo da alma. Ela é que define os xamãs e os caracterizam frente às outras tradições religiosas, além de fazer deles viajantes cósmicos.
A vivência do xamã durante suas viagens pode ser dramática, horrível ou maravilhosa.
Pode atravessar numerosos mundos e descobrir incontáveis espíritos. As emoções podem variar desde o terror até o estado de graça, mas o mais comum é a alegria indescritível por aquilo que vê, um espanto diante dos lindos e misteriosos mundos que se abrem à sua frente. As viagens para obtenção de visões são um exercício tão antigo quanto a humanidade. Essas vivências capacitam os xamãs a atravessarem os múltiplos mundos e níveis interconectados entre si.
O xamã também pode guiar os mortos, recebê-los no momento do resgate em sua passagem para o mundo astral, por isso são conhecidos também como psicopompos que significa, na mitologia antiga, condutor das almas dos mortos.
Os xamãs são, ainda, mantenedores de estoques de alimentos em várias regiões. Nas regiões próximas ao Ártico, na América do Norte e na Sibéria, são precários os suprimentos de alimentos. Os xamãs então "voam" para localizar os bandos de animais migratórios e regressam trazendo informações sobre a localização, clima, etc., para onde partem os caçadores.
Vôo da Alma
Os xamãs realizam suas vivências em vigília, controlando seus estados de consciência.
Durante as viagens xamânicas, sempre em estado de vigília, a percepção consciente do meio ambiente é reduzida. O xamã, no entanto, é capaz de cindir sua atenção entre os níveis de realidades que está vivenciando. Pode, portanto, relatar, passo a passo, todas as aventuras que presenciou nos mundos para onde se transportou, a partir do pensamento dirigido por uma intenção clara.
A conclusão a que podemos chegar é que todos nós somos potencialmente capazes de empreendermos o "vôo da alma". Somos todos dotados de capacidades que possibilitam nos livrar das "viseiras" impostas por uma sociedade predadora e consumista e voltarmos a experienciar o encantamento do Mundo Xamânico.
Mas cuidado!!! É preciso responsabilidade. Ninguém "vira xamã do dia para a noite"; é preciso persistir; a iniciação é lenta e requer paciência, muita prática para entender os estados alterados de consciência e muito estudo de si mesmo e dos vários mundos para onde os xamãs viajam.
Todos nós possuímos capacidade espiritual para "voarmos" até os mundos nunca antes imaginados, portanto, não é necessário tomar chás alucinógenos ou quaisquer outras drogas.
Léa Lima
Pedagoga, Psicoterapeuta, Xamã, Craidora do Sistema PEDRAS DE LUZ -
Elixires de Cristais.
Ministra Cursos de Iniciação ao Xamanismo, Workshops, Palestras e atende em seu consultório em Florianópolis/SC.
Texto revisado por Cris
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