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ZOZ - mulher no casamento e a fidelidade aparente

Atualizado dia 7/18/2024 6:46:17 PM em Autoconhecimento
por Margareth Maria Demarchi


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 “Hasteei as asas do meu ser,

Deixando ao vento o meu destino.

Navegando sempre com grandes ondas,

que me surpreendem, mas não as temo,

 porque é delas que cresce em mim

 essa força e a coragem para ultrapassá-las.

Navegando eu vou, sem deixar vestígios,

 ninguém a não ser eu

 poderá perceber e ver as maravilhas

 encontradas neste imenso mar do meu ser”.

Veleiro sem rumo-M.M.M.


Diante de uma assistência privilegiada, diante das mais diversas testemunhas, a mulher inicia de fato a sua vida a dois assumindo o compromisso de fidelidade envolta de amor eterno. No casamento, acompanhará o marido em todas as situações, boas ou não, até que a morte os separe.

Olhe!

Confuso?

Inseguro?

Nada prende, mas está preso, há algo muito pesado

que não está sendo esmagado.

 Permanece solitário,

 vagueando sem sentido e sem horário.

Solução ou indecisão?

Não vem ao caso,

 tudo permanece como acontece,

 nada é remediado já que pensado,

o que prevalece não é o pensado,

mas sim o executado.

Pêndulo - M.M.M.

Todos os relacionamentos[22] de proximidade que acontecem antes do casamento, do namorico ao noivado (de ficar a juntar), sempre estão sujeitos em princípio, a nossa vontade e decisão. Compartilhar é um ato natural e assim deveria ser no casamento, mas o casamento, além de toda a importância que tem, também é contrato e é convenção, portanto o que está sendo executado prevalece sobre todo o desejo não manifestado.

O que significa ser fiel?

Para muitas significa não trair, não faltar com a verdade, não contar um segredo compartilhado. Mas isto é muito pouco, pois, precisamos comparar que na realidade temos que mostrar sempre o nosso verdadeiro sentimento para outra pessoa, certas de que esta outra pessoa também abrirá seus sentimentos com compreensão e respeito.

Porém, quem inicia o processo de rupturas de uma relação verdadeira: a mulher ou o homem?

Aqui é bom esclarecer que “fidelidade aparente” acontece quando a verdade não pode ser expressa. Na fidelidade aparente as duas partes (o homem ou a mulher) ou uma das partes age com dupla face, de um lado prevalece o sentimento e de outro prevalece o pensamento. A “face sentimento” acessa toda a verdade sentida, portanto, é afetada sobretudo pelas circunstâncias reais e memórias.

A “face pensamento” transforma todos os eventos que a afetam, com seu pensamento e imaginação, portanto, é afetada sobretudo pelas suas próprias fantasias, criações, e alterações daquilo que tem guardado na memória.

O que determina o grau de conflito que leva à uma ruptura é o quanto uma face se sobrepõe à outra, se a situação for dominada pelo sentimento, haverá maior suscetibilidade e o motivo do conflito tende a ser revelado, externado e discutido.

Quando a situação for dominada pelo pensamento, o motivo tende a permanecer interno, e é modificado ou agravado seguindo os cenários elaborados pela imaginação criativa ou destrutiva da pessoa, e normalmente o que é externado não é o real motivo do conflito que conduz à ruptura.

Podemos ficar espantadas, mas quando se trata de “fidelidade aparente”, a mulher contribui e muito para a manutenção desta condição. Ela, com o dom da intuição, assume por conta própria que o homem não terá condição nem estrutura para entendê-la e passa a cuidar do relacionamento de forma “aparente” para evitar possíveis conflitos, e deixa de ser verdadeira. Isso a mulher sabe fazer muito bem, pois, quase sempre é protetora.

Porém, ser verdadeira é o antídoto que mantém o relacionamento longe da “fidelidade aparente” (entenda-se que ser verdadeira só é possível para aquela que pode se sentir plena e livre para expor mesmo os sentimentos de contrariedade e se fazer conhecer).

Mas pode-se perguntar, mas como ser verdadeira?

Pode ser difícil, sobretudo para as mulheres submetidas a um condicionamento que pretende impor que ela seja compreensiva, submissa, cooperativa, amorosa, carinhosa, sensível, ou seja, aquela que atende e não aquela que será atendida.

Segue que para se manter na condição de “atender sempre bem” fica difícil manter a sinceridade, podemos dizer que implica em sempre se apresentar com uma atitude receptiva, que faz tudo para sempre receber bem, mesmo que não concorde, pois foi treinada para isso.

Deu para perceber o comportamento que vai dando forma à essa “fidelidade aparente”?

Em certas situações de conflito, as mulheres com um bom tempo de casamento percebem que atender bem já não produz os efeitos desejados e que pouco adianta a tolerância receptiva. Perto do extremo, a paciência está chegando ao fim e a mulher começa a reagir. Pode inclusive considerar o marido um peso[23] (o melhor seria nem tê-lo) e se for assim, já não importa o que ele possa pensar: ele tem que aceitá-la como ela é. Se ela externa sua reação, está na face do sentimento, se somente espera ser percebida assim, e não externa, está na face do pensamento.

Este estado reativo é alcançado por muitas mulheres já a partir da fase dos 30 anos de idade, quando elas começam a fazer uma análise de vida e ponderam se o que deram corresponde ao que receberam.

Ao olhar para os homens, observa-se:

Que muitos homens receberam o condicionamento de que devem ser: individualistas, seguros, práticos, objetivos, controlados..., sendo que isso confere muito valor à sua masculinidade.

A sociedade sempre se esforçou para determinar que eles tenham experiência prévia para dominar a relação com a mulher, um argumento que gira em torno da preocupação em serem reconhecidos pelas mulheres como ‘o homem que satisfaz’, mas o campo de satisfação para a mulher, envolve muito mais coisas do que o campo de satisfação para o homem, ela espera que o homem também a sirva.

Quando o homem percebe que não consegue encantar ou satisfazer a mulher intimamente, ele se sente inseguro, e se for vulnerável verá nos outros homens, seus potenciais competidores, pode até procurar outra mulher para aumentar sua autoestima, ou mesmo suprir-se de outra maneira (por exemplo, com amigos, com excesso de trabalho, ficando ausente no relacionamento, com jogos, e até vícios).

Certamente, há homens que conseguiram superar essa exigência de aprovação de sua masculinidade e estão mais livres destas algemas relativas às questões de gênero. Sabem como se aproximar da mulher e conquistar a sua confiança de forma que ela coloque seus desejos e anseios secretos numa relação de troca e aprendizado um com o outro.

Ampliando o cenário, a sociedade tem exercido um papel de vulgarizar a imagem de mulher através dos meios de comunicação transformando-a em símbolos pelos quais a mulher é vista como um prêmio, um enfeite, um produto a ser mostrado, e ... consumido.

Até mesmo a maternidade ficou para segundo plano, o sucesso é mais importante. A mulher se preocupa muito em manter “uma beleza ditada” mas, muitas vezes impossível de ser alcançada.

Manter a beleza deveria ser um processo natural como o cuidar do corpo, mas o que a mulher tem feito são verdadeiros sacrifícios em nome dessa beleza. Por trás dessa necessidade ela se encontra fragilizada e perdida em relação ao que realmente faz sentido para a sua alma.

A mulher é um ser poderoso que a sociedade tenta deter porque o seu poder de controle é grande, a mulher carrega consigo toda a força de geração e da continuidade da espécie.

Na função social, as mulheres carregam anseios de que irão manter a ordem e harmonia na família, muitas desempenham com grande energia seu papel de esposa, inclusive como um desejo secreto de superar o marido (secreto pois, o desejo é de superar a si mesma diante de um comportamento que a faça se sentir valorizada), evitando ser apenas o “objeto sexual” para o homem que não a entende.

Nessa situação a mulher abandona a energia do feminino. O seu lado mulher fica mergulhado nos receios de expor suas fantasias na relação íntima e só poderá se entregar ao sexo, quando ela mesma retirar os preconceitos, medo da gravidez, medo da rejeição, insegurança, desejo de aprovação e agir no ato sexual com sensibilidade, tato, e grande liberdade e encontrar o seu próprio prazer (para além do orgasmo, é claro).

Vamos assumir que os tempos mudaram e que a mulher é mais livre, porém, ainda hoje encontramos mulheres que ainda acreditam que têm que manter o relacionamento com cuidados e não trocam experiências e confidências intimas.

Há mulheres que querem o sexo e o amor mas, encontram ainda dificuldades por pouco observar seus pensamentos, atitudes e sentimentos. Querem amor, mas não conseguem identificar esse amor interno, para consigo mesma. Portanto, como poderão acreditar que alguém pode amá-las.

No relacionamento sexual, a mulher deveria sempre se despir dos seus sentimentos de insegurança e medo que afetam sua libido. Mas, se a atmosfera do relacionamento de casal precisa de ajustes, ela pode optar por esconder seus sentimentos de falta de prazer ou procura se conformar com a ideia de que o homem não entenderia o que se passa. Nesse caso, ela exerce uma relação de controle, mas até quando, e até que ponto, o outro vai continuar quieto nessa relação “aparente”?

Vamos considerar que o homem percebe com o passar do tempo, que ela já não está mais tão tolerante e carinhosa. O seu relacionamento íntimo já não é tão frequente por que nem sempre ela está disposta. Ele começa a perceber que não a conquistou, mas não pode admitir isso. A partir desse momento os dois começam a se relacionar envoltos por uma “fidelidade aparente e consciente”.

Se a mulher ficou muito tempo numa condição de submissão e a sua forma de se comportar está diretamente ligada à maneira que escolheu para se adaptar as difíceis condições de vida, ela tampouco conquistou a si mesma e assim fica difícil à relação de confiança entre ela e seu parceiro.

Essa mulher sempre estará desconfiada do parceiro, pois não está sendo sincera com relação aos seus sentimentos e acredita que ele também não está. A partir daí, a vida de casada passa a ser vigiada; nenhum dos dois vive para o amor. A mulher sente que pode ser traída. A imaginação começa a ocupar tempo e espaço.

Mas quem realmente se escondeu nessa relação?

Parece que os dois buscam o amor, mas acabam se justificando:

Ela pensa:

- “Antes ele me amava, porque eu estava na flor da idade, era atraente, e agora ele quer uma garota...”.

E ele pensa:

- A coisa não anda boa, não vou ficar insistindo nisso por aqui.

O que ocorre é que com o tempo a mulher que tentava agradar, mesmo não se sentindo agradada, começa a se cansar - por questões dos desgastes que causa ser o que não é. Passa a exigir mais e mudar o comportamento. O homem se sente frustrado porque não é mais o grande amor para a mulher e, na verdade, passa a perceber que não conseguiu atingir os ideais da mulher que escolheu, e não tolera pensar que fracassou. Portanto, ele pode fugir da situação e buscar as alternativas que já mencionamos, na tentativa de mostrar para si mesmo, através de ações, que a culpa não foi dele e sim dela.

Infelizmente, não são muitos os homens que se unem às mulheres para aprenderem juntos. Na maioria das vezes ocorre que um fica querendo satisfazer o outro para se sentir valorizado, criando uma enorme dependência. Com o passar dos tempos o descontentamento é visível em ambos, que nada fizeram para se compreender e passam a se criticar destacando os pontos que consideram fracos no outro.

Este é apenas um estado que gera muita competição e amargura, que ganha força por falta de comunicação e diálogo verdadeiro no lugar do aparente. Quando o casal se encontra nesse tipo de relacionamento competitivo demonstra claramente a falta de entrega intima entre eles. Normalmente têm dificuldades de olhar a verdade de sua intimidade.

O caminho para harmonizar, está em perceber que necessita reconhecer o elemento do relacionamento que se resolveu eliminar (a intimidade) porque falta a coragem para se assumir inteiramente, e também perceber o esforço que coloca para buscar o que falta.

Atingir a fidelidade é muito difícil se a sociedade pede para competir, comparar e vigiar e isso é trazido para dentro do relacionamento. Nessa vida de controle a grande maioria comporta-se dentro da expectativa do outro e são poucos os que realmente conseguem ser o que gostariam de ser.

Podemos controlar as ações e emoções, porém jamais poderemos controlar os nossos sentimentos para serem puros e verdadeiros. Existem pessoas que ainda hoje falam da fidelidade como se pudessem comprová-la por palavras. Julgamos tanto por conta da fidelidade e muito pouco se conhece e pratica o seu verdadeiro valor.

A fidelidade é buscada quando não há fidelidade, quando se está insegura em relação à fidelidade, o que resume em falta de amor próprio. Ser fiel só é possível quando a fidelidade não precisa ser demonstrada. A fidelidade é instrumento interno de cada um e conhecido apenas por cada um.

A mulher que conquistar a sua liberdade intima com o homem, torna-se mais confiante e tranquila em relação aos seus sentimentos. A fidelidade só acontece quando estamos totalmente entregues e sem receios para simplesmente ser.[24]
 



[22]
Todo processo de relacionamento está ligado aos complexos, C.G.Jung.

O que olho está sempre representando um complexo (autoritário, invejoso, desleal, fraco, intolerante...) meu.
 
[23] C.G.Jung, O homem e seus símbolos, pag. 135, Coloca que o casamento é um ritual com aspecto de iniciação, onde a mulher e o homem vão morrer para juventude e viver vida a dois, mas muitas vezes a mulher e o homem não se sentem seguros por estarem presos a condição anterior e julga que terá interferência de sua individualidade.

“Ao cumprir o rito simbólico do casamento através do qual o homem jovem renuncia a sua autonomia exclusivista e aceita uma vida em comum com espirito de solidariedade e não apenas de heroísmo”

 [24] Jiddu Krishinamurti, liberte-se do passado. “Você já notou, que reage uma dada coisa totalmente com todo o coração, quase não resta memória? É só quando você não responde a um desafio com todo o seu ser que se apresenta o conflito, a luta carrega confusão e prazer com dor. O pensamento nunc a é novo, porque o pensamento é a resposta da memória, da experiência e do conhecimento. O pensamento que é velho, também torna velho, aquilo que você olha”
 
Texto retirado do Livro ZOZ - Mulheres Libertem sua Alma

 Direitos autorais Margareth Maria Demarchi

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