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A dinastia do Senhor Dinheiro

Atualizado dia 12/7/2011 10:28:13 AM em Corpo e Mente
por Camilo de Lelis Mendonça Mota


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Um amigo disse certa vez que os problemas emocionais e depressões são facilmente resolvíveis: basta depositar um milhão de reais na conta bancária. Há um fundo de verdade na afirmação por conta da representação mental que o dinheiro acumula na vida da maioria das pessoas. Quando focamos a atenção no aspecto de dependência que estabelecemos com o conceito de riqueza tendo por base o padrão da sociedade atual (marcado certamente pelos impulsos ao consumo e ao acúmulo sem distribuição equitativa da renda), qualquer ausência do objeto, ainda que parcialmente, pode levar a quadros patológicos de sentimento de perda, de um verdadeiro luto em relação a não conseguir encontrar outra razão na vida a não ser quando se está com o "bolso cheio". Essa mesma sobrevalorização do consumo leva ainda à coisificação do mundo e dos sentimentos. O impulso original do sujeito precisa ser satisfeito a qualquer preço, em alguns casos, estruturando-se em atitudes irrefletidas, que podem se tornar, por um lado, causa de endividamentos e, por outro, em obsessão pela retenção cada vez maior de dinheiro apenas para a satisfação de sua própria individualidade que só consegue se completar quando na presença do objeto de sua satisfação, que não é mais estar bem consigo mesmo, mas estar bem na aparência em relação aos seus semelhantes.

No plano das questões individuais, é necessário encontrar em si mesmo o equilíbrio entre a sua riqueza essencial de emoções que configuram a sua verdade interior e o mundo da riqueza material. Ou seja, a força motriz da vida é um impulso interior que se revela numa mina de riqueza em cada pessoa, capacitando-a a desenvolver qualidades e construir coisas que são produtivas tanto para si mesma quanto para a sociedade em que vive. Dependendo do grau dessas qualidades, o indivíduo haverá de atrair mais ou menos riquezas materiais, mas não é a matéria a verdadeira fonte de sua realização enquanto Ser.

Desejamos com este texto, abrir a uma reflexão mais ampla (ou pelo menos iniciá-la) sobre a maneira com que se estabelece hoje a relação de dependência do indivíduo com o objeto que dará a "satisfação" imediata a seu impulso consumista. Mais particularmente para olhar de uma maneira analítica certas condutas que demonstram um "deslocamento por inversão", no qual não se olha mais para a construção do mundo a partir do ideal descoberto na intencionalidade do homem, mas, ao contrário, passa-se a construir o mundo na busca do acúmulo do dinheiro que possibilitará a suposta construção desejada. Mas a própria construção que se busca deixa de ter importância, ficando o dinheiro, no caso, em primeiro plano, transformando-se o objeto na própria pulsão que o gerou. O capital passa a viver independentemente da vontade do homem, do Ser. Daí a presença cada vez mais forte do "mercado", que passa a ditar os modos de pensamento e de operação tanto a nível coletivo como individual. A crise econômica no mundo, cuja causa passa pelos especuladores, que valorizam o capital virtual em vez de investirem na humanidade própria, na execução do trabalho, na cadeia produtiva em si, é apenas um dos aspectos dessa dinâmica em que o poder do dinheiro passa a valer mais do que a fundamentação humanista e espiritual da raça humana.

Presenciei, em certa ocasião, um gestor público afirmar que a discussão do plano habitacional de certo município era apenas uma formalidade. É a isso que anteriormente denominei de "deslocamento por inversão". Segundo o autor da frase, a realização do evento era necessária para que se garantisse o acesso a verbas federais que possibilitariam o investimento nas obras. O foco da questão, portanto, não era dar acesso à moradia para as pessoas de baixa renda. O fundamental, primeiro, é conseguir as verbas, e para isso é preciso realizar reuniões que beiram a ficção. O problema é que, quando, enfim, se conseguem os investimentos (montantes milionários), estes seguem um caminho diverso, que já não é mais aquele que inicialmente se esperava deles. Basta ver os recentes escândalos ocorridos nas prefeituras de Teresópolis e Nova Friburgo, na região serrana do Estado do Rio.

Essa perspectiva de olhar primeiro o capital e só depois, muito depois, a motivação para alcançá-lo está disseminada de maneira ampla e geral na administração pública e também no nosso dia a dia de cidadãos comuns. Ora, por que a saúde e a educação no país continuam, ano após ano, sendo causa de vergonha ao invés de orgulho? Conseguem-se verbas e mais verbas, mas esquecem de analisar por que é mesmo que estavam querendo verbas! O objeto de satisfação não é atender à população como se deveria, mas a capacidade de atrair e acumular o dinheiro, que acaba sendo investido de maneira equivocada, sem relação direta com as demandas das comunidades.

Há uma demanda na sociedade por atendimentos adequados em amplas áreas em que o Estado (governos municipais, estaduais e federal) é personagem fundamental (saúde, educação, moradia, cultura...). Ouvir essas demandas é essencial. Agir para atendê-las é a base para a construção de uma sociedade onde poderá haver melhor qualidade de vida, distribuição de renda mais justa, valorização de manifestações culturais pela sua representatividade e não pelo lucro dela advindo, entre tantos pontos que são urgentes na vida cotidiana. Manter o foco apenas na obtenção do lucro e na acumulação de capital para benefício próprio leva a sofrimento mútuo.

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Conteúdo desenvolvido por: Camilo de Lelis Mendonça Mota   
Terapeuta Holístico, CRT 42617, Psicanalista, Mestre de Reiki, Karuna Reiki, Terapeuta Floral. Atendimento terapêutico em Araruama-RJ, São Pedro da Aldeia-RJ e Saquarema-RJ com hora marcada Tel. (22) 99770-7322. Visite também o site www.camilomota.com.br
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