Beleza Também Vem De Dentro
Atualizado dia 8/15/2007 9:04:45 PM em Corpo e Mentepor Priscila Gaspar
Podemos citar inúmeros fatores, sendo os principais: a auto-estima, a imagem corporal, as crenças, as distorções da realidade, o estresse, a maturidade emocional, as expectativas exacerbadas e a expectativa angustiada.
A auto-estima é a base, pois quem não se gosta costuma ficar cabisbaixo, com olhar entristecido e, geralmente, não tem motivação para se arrumar. A baixa auto-estima pode, muitas vezes, ser um sinal de depressão. Nesse caso, bem mais grave, há um intenso desgosto, muitas vezes com inibição motora e idéias de autodestruição que podem levar ao suicídio. É comum que na depressão o sujeito deixe de se arrumar, e até mesmo de executar atos corriqueiros de higiene, tamanha a falta de motivação para cuidar de si mesmo. Existem também casos de alternância entre estados depressivos e estados maníacos, sendo que esse último caracteriza-se por excitação eufórica do humor e agitação motora. Nos quadros maníacos o sujeito pode supervalorizar-se e fazer coisas que normalmente não faria, pois distorce a realidade de modo a não enxergar os riscos e perigos embutidos em suas ações. Essa distorção da realidade é uma forma de defesa para proteger contra o desespero total e muitas vezes consiste na única forma de superar o sofrimento, uma vez que a resolução da depressão é muito lenta. A alternância entre esses estados caracteriza o quadro de melancolia-mania, também denominado psicose maníaco-depressiva, transtorno do humor bipolar ou ciclotimia. Independente de o paciente estar numa fase melancólica ou maníaca, sob os sintomas aparentemente opostos encontra-se a mesma estrutura psíquica frágil, com baixa auto-estima e que precisa ser tratada.
A imagem corporal é formada psiquicamente a partir de uma série de referenciais, entre eles as sensações obtidas a partir de nossos órgãos dos sentidos. A maior parte do tempo, percebemos como está nosso corpo por meio de receptores tácteis, ou seja, do tato e também por receptores internos denominados proprioceptores, que informam sobre as condições internas do nosso corpo. Em geral, a auto-estima atua distorcendo a imagem corporal. Se a pessoa tem uma grande auto-estima, tende a se ver de forma mais idealizada, ou seja, “melhorada”. Por outro lado, é cada vez maior o número de pessoas – principalmente mulheres – que têm um alto grau de exigência com relação ao corpo. Outro aspecto bastante interessante é o do quanto a auto-estima e uma boa imagem corporal podem tornar uma pessoa mais bonita. A pessoa confiante tem postura ereta, olhar profundo e todos os seus gestos transmitem confiança, de forma que ela se embeleza. Por outro lado, a falta de confiança pode “enfeiar” uma moça bonita: anda cabisbaixa, com os ombros arqueados, desviando o olhar. Torna-se, muitas vezes, “sem sal”, como se diz na linguagem popular.
E como podemos ter uma boa auto-estima e uma imagem corporal positiva se trazemos crenças de que não somos bons ou bonitos o suficiente? Uma crença é algo em que acreditamos, mesmo que não corresponda à verdade. A maioria das pessoas absorve as crenças passivamente, durante a infância, de forma a nunca questioná-las. Existem também crenças coletivas, influenciadas pela cultura atual, como a de que para ser amado(a) é necessário ser belo(a), levando a crer que os menos favorecidos fisicamente não têm direito ao amor. Dentro de uma espécie de ditadura da beleza, até dificuldades profissionais são, muitas vezes, derivadas da insegurança sentida por quem se acha fora dos padrões impostos.
Por outro lado, existe também no ser humano a tendência a rejeitar o que é bom. Parece incrível, mas tem muita gente que não consegue receber um elogio, um presente ou uma notícia boa sem se sentir um pouco estranho. Um certo desconforto, como se as coisas boas não tivessem lugar. Outros ainda, quando tudo vai bem em suas vidas, ficam com medo de que aconteça uma desgraça, a ponto de falar: “tá bom demais prá ser verdade!”. Por trás desses comportamentos existe a crença de que, para receber, temos de dar algo em troca. Entram nesse jogo questões relacionadas a auto-estima, merecimento, dúvidas quanto a ser ou não verdadeiramente amado e aceito e até mesmo medo de ser cobrado pelo que está recebendo. Como se, ao receber algo bom, tivesse de trocar, ou seja, abrir mão de algo igualmente bom. Esse fenômeno é enfatizado pela cultura, com crenças segundo as quais temos de ser ”bonzinhos” para merecer coisas boas, “aqui se faz, aqui se paga” etc. Todos sabemos, de forma consciente ou não, que não somos perfeitos, mas o difícil é aceitar essa imperfeição e manter uma boa auto-estima, ou seja, a auto-aceitação.
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Priscila Gaspar é Psicanalista, Terapeuta de Regressão e Terapeuta de Casais, com especialização em Sexualidade Humana. Atende em psicoterapia individual e de casal.Contato: [email protected] E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |