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Delírios

Atualizado dia 10/31/2008 2:22:41 PM em Corpo e Mente
por Rúbia Zaia


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Já estou perdendo a noção do perigo das palavras soltas e do pensamento atordoado. Quando estou no limite penso rápido e minha língua não me acompanha. Saio por aí soltando todas as minhas insanidades. Nesse estado perco o controle do pensamento e das palavras. Fico um perigo para o próximo. Ou talvez uma perdição.
As idéias e reflexões movem-se em sentido giratório. Tudo vira, revira e voa. Rodopio no ar. Meus pés sentem a maciez das nuvens, a textura de um tapete verde de musgos.

Coloco flores em meus cabelos. Vejo bailados de corpos e as saias coloridas girando, como borboletas recém nascidas que ainda não viram a imensidão do céu. Loucura quente, doce e cigana.
Estou pronta para voltar ao meu estado de lagarta que um dia rasteja e em outros voa. Minhas asas estão presas no casulo pendurado numa árvore. Sinto que essa prisão durará apenas alguns instantes. Logo terei novamente minhas asas vermelhas e voarei livre para morrer e renascer nas minhas loucuras.
Assim é meu movimento de vida. Minha busca. Um labirinto com entrada e saídas demarcadas. O grande caminho sem portas. Apenas com batentes apontando invisíveis limites.
Sempre entro como água e saio como labaredas queimando almas. Venho de terras perdidas, resgatando espíritos e transmutando sentimentos. Perdida e acertadamente.
Minha última passagem pelo labirinto foi dolorosa. Parece que agora estou na rota certa como um vôo rasteiro no abismo, onde me jogo e depois levanto vôo. Preciso desse movimento todo para exercitar minha mente pensante, onde só habitam devaneios e insanidades que caminham como rodas de carroça buscando estradas, córregos de água cristalina e sombra para o descanso.

Os seres que me acompanham são andarilhos do fogo, do vento, da terra e da água. Nosso alimento e estímulo é a loucura.
Talvez eu seja a grande quimera de uma alma perdida. Aquela que deseja ter seus pulsos cortados, sentir o sangue escorrer e a vida brotar dos delírios. O grande início será marcado pelo fio de um punhal. Afiado como minha língua. Um pacto de sangue. Um pacto de fogo e vida.
Enquanto isso, contorço-me dentro do casulo. Nenhuma pedra é tão dura, assim como nuvem alguma é imutável.

A vida é sempre um grande encontro e sintonia. Este texto nasceu em um momento de magia, amizade e horas de bate-papo. Um beijo à grande amiga Ana Terra que formatou toda minha doce loucura  e devaneios.
Rúbia Zaia

Texto revisado por Cris

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