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Minha experiência com o ECT

Atualizado dia 11/30/2017 10:24:08 AM em Corpo e Mente
por Maria Cristina Tanajura


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PREFÁCIO
A minha intenção ao escrever estas páginas é a de levar aos interessados em saúde mental, minha experiência pessoal com o ECT – a eletroconvulsoterapia – ainda envolta em muito preconceito e temor.
Como obtive sucesso com o tratamento, gostaria que todos soubessem disso. Não pretendo me referir ao método do ponto de vista científico, pois não me sinto capacitada a fazê-lo, mas como usuária dele, posso contar a minha experiência.

PASSADO
Perdi meu pai quando tinha apenas 13 anos, como consequência de um acidente de carro. Foram momentos muito tristes os que vivi, pois tinha por ele um amor muito grande e afinidade de alma.
Entrando na adolescência e com toda essa dor, passei por momentos difíceis de verdade. Posso falar de uma situação de depressão, embora eu não comentasse isso com ninguém e fosse ótima aluna na escola. Cumprindo minhas obrigações com dedicação, eu me sentia mais serena, menos triste. Não falava de minha dor com ninguém, até que num belo dia tive contato com um ser desencarnado, em casa de minha avó materna que, com câncer, aceitou receber a visita de uma médium que deu passagem a uma entidade com o intuito de ajudá-la.
Este ser amoroso e sábio falou comigo e me disse que deveria me instruir lendo a literatura espírita, para compreender como é o mundo dos espíritos e assim ajudar também ao meu pai, que estava precisando entender onde estava, o que esperar da vida do lado de lá depois da morte, (ou desencarne).
A partir deste dia, eu tinha na época 18 anos, comecei a ler os livros – e são tantos – que nos falam do desencarne, da vida espiritual, enfim, escolhi estudar a literatura espírita. Por sintonia, meu pai leria junto comigo e se ajudaria também.
Minha vida foi mudando; passei a me sentir bem mais tranquila, pois a partir dali fui sendo auxiliada de forma mais constante pelo meu Guia, o Anjo da Guarda que todos temos.
Jamais deixei de ir ao meu Centro Espírita, a não ser que estivesse fora da cidade, ou muito doente.
Por necessidade cármica, creio eu, acabei ficando sozinha, depois de ter tido dois companheiros e quatro filhos.
As reuniões espíritas que eu frequentava sempre foram minha fonte de inspiração e fortaleza, mas precisaram sofrer uma pausa, por causa de necessidades da médium principal, que adoeceu.
Mediunidade todos temos, em menor ou maior grau, mas quando nos propomos a trabalhá-la com o fim de nos auxiliar e poder auxiliar o próximo, nos tornamos mais sensíveis à aproximação do mundo espiritual. Não foi diferente comigo. Sou médium intuitiva e sinto, mesmo que não os veja, a influência dos espíritos na minha vida.

TRISTEZA
Cheguei a um momento em minha caminhada, há pouco tempo, em que muitas dores se acumularam e eu fui, sem ter consciência disso, me enfraquecendo na minha fé. Procurei outros centros espíritas para frequentar, mas não me sentia bem em nenhum. Já estava sendo acompanhada por irmãos desencarnados ignorantes, que não queriam que eu melhorasse e a isso chamamos obsessão. Começava a ir a um dado local de oração, mas não tinha a perseverança de continuar. Um lado meu lutava para se libertar, mas o outro me dizia que não iria adiantar, que tudo aquilo era apenas ridículo...
Comecei a não querer mais comer, emagreci bastante, nada me agradava ou encantava, a vida passou a ser um fardo a ser carregado.
Meus filhos percebiam a minha mudança, mas eu sempre me negando a me tratar. Tomava remédios para dormir, mas nem assim eu conseguia ter uma boa noite de sono. Comia mal, muito pouco, emagrecendo bastante.
Os livros espíritas já não me interessavam mais como antes, orar passou a ser algo enfadonho e sem sentido. Eu estava muito doente do espírito e não queria me convencer disso, ou aceitar que fosse tratada.

A LUZ
No meio desse nevoeiro interior terrível, meu espírito sofria e vivia abatido. Mas o mundo espiritual não abandona os que o buscaram, e um dia, uma irmã de centro foi em minha casa e me indicou o internamento numa clinica psiquiátrica como uma necessidade minha, urgente.
Por ser uma ordem espiritual, eu aceitei e passei mais de trinta dias internada, na busca de minha cura. Os psiquiatras resolveram usar comigo a eletroconvulsoterapia – ECT – para que melhorasse.
Devo dizer que não me recordo de nada dessa época de trevas – como digo eu – de nada mesmo. Mesmo da clínica, me recordo pouco. Apenas de algumas pessoas que me deram carinho, mas nada muito nítido.
Tomei 12 sessões de ECT que são feitas com anestesia geral. Subia na maca para ir para a sala, mas era sedada para que o tratamento acontecesse e não sentia absolutamente nada e não me recordo de qualquer detalhe a não ser da fisionomia do médico anestesista. Retornava para meu quarto e isso é quase tudo que me recordo dessa fase.

SAINDO DA CLÍNICA
Finalmente saí da clínica, cheia de esperança numa vida nova, mais leve, mais alegre, mais feliz! E está sendo assim. Recebi muito carinho de meus filhos, durante todo o tempo e só posso ser agradecida aos médicos, enfermeiros e atendentes que me trataram e a todos os amigos que me visitaram e torceram pelo meu restabelecimento.
A vontade de escrever sobre a minha experiência nasceu do desejo de ser útil a alguém que esteja porventura passando o que passei e com medo de se submeter ao tratamento de choque. Ele que foi tão decisivo na minha libertação e todo este sofrimento, do meu encontro com a sombra, que é minha.

VISÃO ESPIRITUAL
No momento, somos energia (espírito) encapsulada num corpo físico; logo, estamos encarnados. Temos vida em duas dimensões. A propriamente corporal e a espiritual, exercida todo o tempo, mas especialmente quando estamos dormindo e o nosso espírito se desloca e até vai ao encontro de outros irmãos, em outras esferas.
Se nos permitirmos viver apenas na tristeza, na dor, ou se nos sentirmos cansados demais para lutar, o que acontece é que vamos fazendo crescer a presença da sombra em nossas vidas. Nos centros, os irmãos desencarnados nos tratam, dando-nos um pouco da luz que é deles e ensinando os desencarnados que estão conosco, para que busquem se iluminar também. A nossa alma assim se fortalece. Se formos médiuns em desenvolvimento, precisamos mais ainda da vigilância, para não permitirmos o assédio das trevas, que não apenas estão fora de nós, mas que ainda existem em nós.
A prece, o amor dos amigos, da família, os remédios tomados na hora certa, nos auxiliam a sair deste buraco escuro.
O ECT, sendo um tratamento em que uma descarga elétrica é dirigida ao nosso corpo físico, ajuda os demais – corpo emocional e espiritual – a se realinharem e reiniciarem a caminhada.
Na verdade, trava-se uma luta, quando somos tratados com o ECT. Os obsessores são afastados, por não suportarem toda aquela luz, tanta energia. E o encarnado se refaz, para continuar sua caminhada entre luzes e sombras, mais fortalecido e ciente do mal que a sombra e a ignorância podem fazer, quando encontram um campo favorável para isso.
Assim, mais do que nunca precisamos conter os pensamentos negativos, numa época em que a tristeza dos acontecimentos nos acompanha todos os dias, sendo divulgada pelos meios de comunicação.
Resumo em poucas palavras esta fase de minha vida, onde tenho muito que agradecer a meus filhos, médicos, enfermeiros, amigos, ao tratamento em si, às preces dos que gostam de mim, ao cuidado incessante dos espíritos desencarnados que trabalham pelo bem da humanidade.
Continuo me tratando, buscando estar em oração sempre, mantendo o foco no lado iluminado dos acontecimentos, agradecendo pelo dom da vida, pelo contato com a luz em mim e em todos os locais deste planeta escola.
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Conteúdo desenvolvido por: Maria Cristina Tanajura   
Socióloga, terapeuta transpessoal.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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