Morfeu & Perséfone
Atualizado dia 4/23/2014 11:51:58 AM em Corpo e Mentepor Monica Grippo
O sono é um estado fisiológico de relaxamento essencial à vida e interfere positivamente em nossa qualidade de vida e longevidade. Sonhar também representa um estado fisiológico essencial à saude humana. Existem pesquisas que apontam a interferência de medicamentos antidepressivos no estado REM do sono (estado onde existe a atividade do sonho), que diminuem essa função, interferindo negativamente na saúde mental do indivíduo. Mas o que ocorre durante o sono sempre foi um mistério aos homens. E por ser um mistério, sempre despertou interpretações mitológicas, como uma manifestação sobrenatural da vontade de deuses.
Morfeu - Hipnos, filho da Noite e de Erebo é considerado, na mitologia grega, o Deus do sono. Sua função é distribuir o sono reparador aos seres viventes. Morfeu, filho de Hipnos e sobrinho de Tanatus, deus da morte, possui a habilidade de incorporar personagens da vida do sonhador e entrar em seus sonhos. Vemos neste parentesco uma associação da morte (Tanatus irmão de Hipnos) com o estado de sono, e sonhar, desta forma, seria estar próximo à morte, passar para um “outro mundo”, sendo esta associação considerada por diferentes culturas e tradições espirituais. Já o ditado popular “Cair nos braços de Morfeu” refere-se a se entregar docemente aos sonhos, tendo assim uma noite de sono, não necessariamente tranquila, mas essencialmente saudável.
Perséfone - Ou Prosérpina, em latim, é filha de Zeus e Deméter , seu nome significa “portadora da destruição”. Juntamente com sua mãe forma um dos mitos de maior penetração na Grécia Antiga e que deu origem à instituição dos Mistérios de Elêusis, prática que foi instaurada no século XV a.C. e perdurou por aproximadamente 2.000 anos.
Hades, Deus do inferno se apaixonou loucamente por ela e pediu permissão à sua mãe, Deméter, para desposá-la. Sem querer perder a companhia da filha que muito amava e a auxiliava no cultivo dos campos, recusou-lhe o pedido. Certa feita, Coré (seu nome anterior) andava pelas pradarias de Ena, na Sicília a colher flores, quando se deparou com um lindo narciso, solitária flor à beira do lago. Ignorando tratar-se de um ardiloso truque elaborado por Zeus para atraí-la para os braços de seu irmão, a inocente jovem se aproximou inclinando-se para apanhar flor tão singela. Subitamente a terra abriu-se a seus pés e de suas entranhas surgiu Hades dentro de um carro. Sem tempo para a fuga, Coré foi arrebatada para as profundezas dos Infernos. Com seu rapto e subseqüente violação, Coré, que significa “virgem”, passou a se chamar Perséfone.
Desesperada, Deméter partiu à procura de sua querida filha e, retirando-se do Olimpo, estabeleceu-se na cidade de Elêusis. Amaldiçoou a terra que imediatamente foi assolada por impiedosa esterilidade. A deusa jurou somente retornar para junto dos imortais quando reencontrasse Perséfone. A pedido de Zeus, Hades concordou em devolver sua sobrinha, agora também sua esposa. Perséfone se vê obrigada a permanecer um certo período do ano junto a seu esposo, Hades, nos domínios do inferno, onde é a rainha. Outro período do ano, retornaria à superfície para auxiliar sua mãe Demeter nos cuidados com as colheitas e frutificação da terra. Essa saga explica o período de outono-inverno, correspondente à tristeza de Deméter pela distância da filha. Na primavera, com o retorno de Perséfone ao mundo dos mortais, Deméter enfeitaria o mundo com flores e alegria. Perséfone é senhora tanto da produção agrícola quanto do mundo subterrâneo. Simbolicamente seria a deusa do consciente produtivo e dos mistérios ocultos do inconsciente.
Morfeu&Perséfone
Sonhar é um atributo divino. É retornar ao mundo da alma. Uma forma de reencontrar as origens. Através dos sonhos revivo outras vidas, talvez minhas, talvez registradas em minha memória genética, talvez em um domínio de registros acessível a todos, denominado incosciente coletivo. Os sonhos podem me orientar e apontar possibilidades futuras. Pelos sonhos posso entender meus desejos, minhas formas de agir e, a partir de então, reorganizar o meu cotidiano, curar minhas dores emocionais, reconstruir desejos e tomar outros rumos.
Os sonhos, desde que atentei para suas mensagens, tranformaram minha forma de ver a realidade. Um caminho sem volta. O salto do Arcano Louco no precipício do desconhecido. Um caminho de descoberta de si mesmo e do mundo em sua volta. Um rasgar de véus da inconsciência. Ora prazeroso, ora doloroso. Mas uma trilha muito importante para o processo de tomada de consciência de si mesmo.
A intenção em Morfeus&Perséfone é compartilhar esse caminho. Além disso: é de contribuir com depoimentos de sonhos significativos, meus e de quem desejar compartilhar suas viagens ao mundo de Morfeu e do ressurgimento primaveril dos domínios de Persefone. Para que o sonhar não seja apenas sonhar. Mas uma forma de re construir o Ser. Dia após dia, noite após noite.
Paz e Luz aos nossos Sonhos!
monica grippo - acupunturista e mestre em reiki E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |