O PÊSO DAS RECLAMAÇÕES
Autor Eda Cecíllia Marini
Assunto Corpo e MenteAtualizado em 04/10/2011 15:51:49
Se, de alguma forma nos sentimos lesados, reclamamos.
O ato de reclamar é uma das muitas atitudes próprias do ser humano, isto é, ir à busca de seus direitos, daquilo que o satisfaz.
A palavra "reclamar" é formada de duas outras: o prefixo "re", que exprime repetição, confirmação, (exemplo: renovar = tornar novo de novo) e a palavra "clamar" cujo significado é bradar, protestar, exigir imperiosamente. Portanto, "reclamar" significa demonstrar intensamente uma grande insatisfação, um protesto, uma não concordância frente a um comportamento ou situação.
Mas... Se reclamar é um direito, porque uma palavra tão pequena tem um peso energético tão forte?
Veja-se o exemplo das grandes lojas e empresas, que trocaram o tradicional "Departamento de Reclamações" pelo SAC - Serviço de Atendimento ao Cliente, um modo muito mais gentil, amplo e leve de definir a mesma função.
É porque, infelizmente nós, que nos denominamos seres racionais, teoricamente diferenciados dos animais, usamos indiscriminadamente tal prerrogativa de nossa alardeada superioridade. Os animais também protestam, somente quando insatisfeitos ou contrariados, numa reação de defesa, puramente instintiva.
Porém, nós humanos, fazemos da reclamação um ato tão constante em nosso dia a dia, a ponto de torná-lo um hábito, um comportamento automático. Reclamamos de tudo e de todos facilmente, sem perceber; respiramos reclamação!
Se chove, é porque chove; se faz frio, que chatice. Se tiver dinheiro, o que fazer com ele? Se faltar dinheiro, é injusto: por que outros têm e eu não? Por que Deus faz isso comigo? Sou uma vítima da sociedade...
Por mais que haja esforço, dedicação ou oportunidades, nada nunca está bom. A roupa é malfeita - podia ser melhor; a esposa carinhosa é grudenta; o marido que chega ansioso do trabalho para conversar, é um chato; família, então, é só para dar trabalho e contrariedades. A promoção profissional? Só mais trabalho, porque o chefe é incompetente! E o governo, que não faz nada de bom...
- "‘Tá tudo errado neste planeta, se fosse eu, faria diferente...".
Enfim, nada é bom o suficiente para o viciado em reclamar.
E o pior: reclamação se tornando censuras, lamentações, queixas; um sujeito chato, azedo, coitadinho, ou inconveniente, invasivo, arrogante e crítico. Não sei dizer qual dos dois é pior: aquele que se coloca como vítima dos outros, da Vida e da "ira" divina, ou o aquele que se mostra prepotente, o dono da verdade, o sabe-tudo, o crítico contumaz. Mas ambos estão mergulhados num oceano vibratório de energias assustadoramente limitadoras, encastelados na rigidez de sua fraqueza emocional e na sua pretensa superioridade, não atentando que a realidade é exatamente o contrário: sem perceber, reclamam e censuram para provara si e aos outros, seu valor pessoal; acusam e apontam para desviar a atenção de suas fraquezas, lamentam-se porque são comodistas, sempre à espera de que alguém resolva seus problemas.
Não percebem que, antes de tudo, são omissos; porque quem critica, é porque sabe fazer melhor; e se não o faz, é omisso. Então, peca em dobro: por omissão e por maledicência. Peca contra si próprio, contra a sociedade da qual participa, contra a Vida.
Sobretudo porque, desta forma, é um grande colaborador da carga energético-vibratória negativa que encapsula este planeta. A energia de seus lamentos e críticas sintoniza-se a energias semelhantes, produzidas tanto no plano mental astral como no físico, alimentando tais formas-pensamento pré-existentes, fermentando o bolo ao acrescentar raiva, desanimo, revolta, tristeza, depressão, desesperança, dor e medo.
Quanta responsabilidade frente à humanidade, ao universo! Sim, pois como criaturas com o potencial interno do Criador, somos criadores também, e, desta forma, estamos criando com irresponsabilidade, de modo egoísta, não fraterno.
É preciso bom-senso: ninguém pode exigir do outro o que não dá de si mesmo!
É preciso usar nosso poder de reclamar com lucidez e equilíbrio, colaborando assim de modo positivo, que favoreça a todos.
Colaborar é sinônimo de cooperar, trabalhar em comum, ser atuante e dinâmico, esclarecer, iluminar.
Tomar posição e atitude, sem ser invasivo, agressivo ou autoritário, sem humilhar ninguém. Ao contrário, requer observação, percepção e discernimento refinados da verdade dos fatos, modéstia e sensibilidade para saber como e quando agir, sem quebrar cristais. Avaliar com total isenção de ânimo, sem preconceito ou julgamento.
O pior é que sempre julgamos, e na maior parte das vezes, a nosso favor. Esquecemos de que quando fechamos a mão e apontamos o dedo acusador, estamos apontando para nós os demais dedos...
Como também esquecemos a grande máxima do mestre dos mestres: "Não julgueis para não serdes julgados, pois com a mesma medida que julgardes sereis julgados..." Uau !!!
Nalgumas vezes, a melhor atitude é conscientemente, deixar ir: calar, reservar-se de opiniões ou posicionamento. Isto é flexibilidade, sabedoria e não omissão.
Omissão é deixar ir para não se envolver, não ter que assumir posições ou consequências. É inerte, é comodista.
Deixar ir como opção responsável e lúcida, é ação inteligente e amorosa, que mostra autoconhecimento e autocontrole. Muitas vezes, nos vemos frente a situações embaraçosas, que nos pedem discrição no agir: pessoas imaturas, relacionamentos conflituosos, brigas, altercações convulsionadas e disputas engendradas e sombrias que a melhor colaboração será o uso da energia transformadora do amor fraterno, canalizado mentalmente na intenção de harmonizar tais desordens.
Reclamamos da corrupção da corrupção vigente e do alto índice de criminalidade. Não há como negá-los. Mas, o que fazemos para mudar esta situação, se transmitimos aos nossos filhos valores corrompidos ao oferecemos uma gorjeta para sermos favorecidos em detrimento dos outros, quando jogamos lixo na rua, quando os ensinamos a mentir ao lhes pedir para dizer que não estamos? O que fazemos pela nossa infância e juventude para colaborar na sua educação moral e cívica, no desenvolvimento de seus valores éticos e no exemplo da prática do respeito à vida pessoal e do próximo?
É fácil criticar, reclamar, falar; falamos demais, apesar de termos uma só boca.
Na sua inigualável inteligência, o Criador nos fez com dois ouvidos, para escutarmos e entendermos bem; dois olhos, para observarmos com mais detalhes; duas narinas e o tato para sentirmos com amplidão - mas nos deu uma só boca, para que a usemos de modo comedido e sem nos comprometer. Imaginem se tivéssemos duas bocas! Falando juntas, se lamentando ou criticando ao mesmo tempo? Ou comendo em dobro???
Finalizando, fica a reflexão para cada um fazer, com muita coragem:
- Qual o peso da reclamação em minha vida?
- Por que reclamo?
- Que uso faço da reclamação? Faço uso saudável e justo ou é um hábito arraigado, automático em meu jeito de ser?
- E se o tenho, porque o tenho? Para que?
Isto é um tremendo exercício de autoajuda, um pleno desenrolar de autoconhecimento.
Autoconscientização pura, exercício de vida e de espírito.
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