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O silêncio como processo de cura

Atualizado dia 24/02/2015 14:25:24 em Corpo e Mente
por Camilo de Lelis Mendonça Mota


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Vivemos numa sociedade tecnológica na qual o ruído predomina sobre o silêncio. Desde a Revolução Industrial, vimos assistindo a um aumento gradativo dos níveis das mais diversas interferências em nosso meio ambiente. Se no início o som das máquinas a vapor, dos primeiros automóveis e das sirenes das fábricas conduziam o homem a um novo estágio de adequação mental, assistimos hoje a uma reverberação desses sons sob a forma de informações múltiplas transmitidas pelos tantos meios que nos ligam ao mundo e aos demais seres (tablets, smartphones, mídias sociais, redes de TV...).  Tornamo-nos agentes deste processo, incorporando-nos à grande legião de homens e mulheres produtores de ruídos. O resultado disso é um emaranhado de formas-pensamentos-emoções que se solidificam no imaginário das pessoas de modo a provocar alguns descompassos, elevando os níveis de ansiedade ou causando um cansaço inexplicável que pode levar a estados depressivos.

O descompasso parece estar vinculado a uma falta de compreensão sobre o valor do silêncio. Quando paramos para escutar uma sinfonia de Mozart, podemos nos encantar com a força de um tema. E assim ficamos enlevados, extasiados, tocados pelo abstrato dos acordes. A beleza da música está na maneira como o silêncio intercala as notas. Assim como a sombra completa a luz, também o silêncio é o complemento do som. Quando passamos a valorizar somente o efeito sonoro (que elevado ao excesso pode se tornar ruído), deixamos de lado o alento fortalecedor daquilo que o anima, ou seja, a sua ausência, aquele intervalo entre uma nota e outra, às vezes imperceptível, noutras quase um desafio. O mesmo se aplica ao mundo das informações, notícias e possibilidades de compartilhamentos que hoje as mídias nos proporcionam. De tanto querer se mostrar e ser visto, o homem se torna cego. De tanto querer ser ouvido, ele se torna surdo, não ouvindo o outro e não se permitindo ouvir em seu anseio mais puro.

O ritmo desenfreado de nossos dias fornece em si seu próprio remédio. Cada vez mais pessoas parecem estar se voltando para uma revalorização da natureza (ao menos no nível do desejo). É importante verificar que há uma diferença entre o silêncio e o desejo de silêncio. Enquanto aquele é o resultado do processo interior de conhecimento e de concentração no momento presente, este é justamente a projeção daquilo que se anseia como o ideal de silêncio, aquilo venha calar as pulsões que oprimem e angustiam. Se vivemos num ambiente com muito ruído, o próprio corpo anseia por seu oposto. Quando percebemos isso, temos a chance de iniciar a busca pelo silêncio. De início, é a força do desejo que nos move. Quando conseguimos deixar que o silêncio flua, aí sim, estaremos dentro da força da realização do prazer de estar bem consigo mesmo, independente de a nossa volta estar rolando um funk no último volume ou apenas o farfalhar do vento nas folhas das árvores. Se seu silêncio é de paz tudo que se movimenta ao redor não causa perturbação.

O cultivo do silêncio interior é um caminho de cura. É ouvindo os intervalos entre o que somos e o que está à nossa volta, que podemos perceber a melodia de nossas vidas nos convidando a viver o momento presente.



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Conteúdo desenvolvido por: Camilo de Lelis Mendonça Mota   
Terapeuta Holístico, CRT 42617, Psicanalista, Mestre de Reiki, Karuna Reiki, Terapeuta Floral. Atendimento terapêutico em Araruama-RJ, São Pedro da Aldeia-RJ e Saquarema-RJ com hora marcada Tel. (22) 99770-7322. Visite também o site www.camilomota.com.br
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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