Pane no sistema
Atualizado dia 3/4/2009 11:30:36 PM em Corpo e Mentepor Andrea Pavlo
Na semana passada, para mim, foi assim. Eu estava tentando estacionar o carro numa rua perto do consultório e não consegui porque o guardador de carros veio brigar comigo. Queria dinheiro e eu não queria dar (já pago um vigilante de dia e outro à noite). Fiquei com raiva, muito mais raiva do que poderia prever. Um dia depois, saindo do estacionamento, tomei um tombão. Virei o pé e passei o resto do dia andando que nem ponto e vírgula. No mesmo dia um cachorro resolveu se refugiar na porta no meu consultório e não me deixava sair de lá de dentro.
Fiquei pensando no porquê, poxa. Porque tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo? Descobri que era uma coisinha chamada agressividade. Eu estava muito agressiva. Fiquei com raiva demais, acabei caindo de joelhos (cair pode significar que você precisa descer do seu orgulho, ajoelhar-se mais perante a vida). Não deu outra: à noite tive uma crise de pânico.
Não, nunca contei isso para muitas pessoas, mas sofro de transtorno de pânico. E essa é a única coisa que eu ainda não consegui descobrir de onde vem, apesar de ter muitas pistas. E agora você me pergunta: mas o que a agressividade tem a ver com o pânico? Tudo!
A agressividade é o contrário do medo. Pense num animal que se machuca e tente chegar perto para ajudá-lo. A sua intenção é boa, mas ele será agressivo porque está machucado e com medo de você machucá-lo mais. Então a agressividade é só a resposta do medo, uma maneira da nossa consciência nos contar mais sobre nós mesmos.
Quem já teve ao menos uma crise de pânico sabe do que estou falando. É o inferno na Terra e eu não desejo isso nem para o meu pior inimigo. É a sensação de morte do corpo. E o pior é que as minhas certezas sobre a espiritualidade não me ajudam em nada nessa hora. Isso porque o pânico é uma resposta do corpo, uma resposta do cérebro. O cérebro entende errado uma informação simples (no meu caso, acredito que foi uma fraqueza por estar há muito tempo sem comer) e dispara os mecanismos de “luta e fuga” para que você “se salve” de um perigo que nem existe. Então, nós (os “panicados”) interpretamos isso como um problema e vem a sensação de pânico.
Esta é uma doença até comum no mundo e no Brasil. E eu estava há muito tempo protelando e negando sua existência. Na verdade, meu primeiro ataque de pânico foi há 10 anos. Depois de vários tratamentos controlei e fiquei mais de cinco anos sem nenhuma crise. Mas elas voltam, como um defeito que ainda não foi consertado ou, se foi, apresenta um problema para ser remendado novamente.
Desta vez não pretendo remendar. Apesar de saber que isso não tem uma cura específica (é o famoso “orai e vigiai” eternos). Já estou num baita tratamento comigo mesma e com meus botões. Muitas sessões de reiki, acupuntura, meditação também estão ajudando. Sei que todos têm uma solução, ou uma história de alguém que conseguiu se livrar das crises, mas é que tem um detalhe. Nem todo mundo que tem crise é portador do transtorno. Em épocas mais estressantes das nossas vidas essas crises podem aparecer de uma hora para outra. Opa, como diria a Pitti: “Pane no sistema, alguém me desconfigurou”. É só reconfigurar que passa. No meu caso, infelizmente, não será assim tão simples. Mas tenho certeza de que preciso de lições com meu medo irracional, senão eu não teria.
Sei que é estranho uma terapeuta que se confessa. Mas eu não sou pessoa de me esconder nos meus medos (interessante, nunca tive uma personalidade medrosa). Então, só queria passar a experiência para as pessoas que sofrem disso, ou de qualquer outro transtorno considerado emocional.
Sim, nós temos isso. E outras pessoas têm outras coisas. E ninguém está certo ou errado. Está apenas sendo. Eu estou aqui, de público, aceitando quem e o que sou. E você, o que vai aceitar sobre você esta semana? Minha perfeição e a sua são muito maiores do que qualquer coisa que se apresente. É a perfeição da divindade, do Divino, de Deus. E esta ninguém no Universo tem o direito de negar.
Texto revisado por Cris
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Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |