Problemas e soluções: dois lados da mesma moeda
Atualizado dia 7/30/2008 11:40:19 AM em Corpo e Mentepor Theresa Spyra
Pensei no meu trabalho. Sou terapeuta e coach, e ao mesmo tempo que desvendo caminhos para auxiliar o cliente a se livrar dos próprios problemas, busco, junto a ele, espaço para as soluções, para as metas, para os sonhos, para aquilo que realmente o faz feliz. Não gosto de trabalhar somente problemas, porque muitas vezes, resolvido um, o cliente é tentado a buscar outro, e mais outro, e mais outro, para justificar o próprio sofrimento. Vivemos numa sociedade que muitos dizem ser doentia. Se a sociedade é doentia, nós, que somos parte dela, também somos doentes – isto é o que a nossa mente, inconscientemente, admite. Mas a questão é que não somos doentes. Somos saudáveis, todos nós. Os problemas que se manifestam na nossa vida são situações que permitem partirmos para nossos sonhos, à medida que desapegamos deles e focamos aquilo que nos faz feliz.
Tal qual a noite invade o dia, gradualmente, é necessário deixar-se de apegar a uma coisa somente – problema ou solução - e entrar neste ciclo que chamo de vida. Buscar sempre soluções e passar por cima de obstáculos é parte da vida, é a natureza, assim como depois da noite vem o dia. É triste perceber que, talvez por influência da educação, da mídia, das religiões, das pessoas que vivem apregoando o certo e o errado, vivemos vidas tão inflexíveis, onde saímos alucinadamente atrás de felicidade e quebramos a cara ao primeiro sinal de problema, ou nos agarramos aos problemas infinitos sem a coragem de ver que o raiar do sol está logo ali.
Não existe certo ou errado. O certo é aquilo que faz bem a você. O errado é aquilo que faz mal a você. Por isso, uma meta também é extremamente individual. Vivemos as metas dos outros: case! Compre uma casa! Troque o carro! Encontre um emprego onde ganhará mais! Isto é o que os outros dizem. Mas o que diz o nosso coração? Quanto dinheiro pode pagar um pôr-de-sol na praia? E por que não transformar o hábito de olhar o pôr-de-sol, em diversas praias, como uma meta para si? Já vi pessoas que se realizam em andar em fazendas, cheirando o ar dos animais do campo e pisando descalços na lama. Coisas como essas podem ser a grande motivação da vida, até em relação ao trabalho: ganhar dinheiro para poder tirar finais-de-semana no campo e pisar na lama!
A mente só sabe focar numa direção
Enquanto eu olhava o sol desaparecendo entre a penumbra do entardecer não conseguia, mesmo que quisesse, pensar em problemas. Minha mente não é especial: é igual à de todos. E também tenho meus problemas, portanto, é possível ficar focando os problemas, se assim eu decidir. Mas a duras custas percebi que não faz nenhum sentido. Percebi que existe um “alguém” que pode mandar na minha mente e direcioná-la a ficar olhando o pôr-de-sol despreocupadamente ou a ficar pensando aflita no horário de fazer o jantar que se aproxima inexoravelmente e eu... ainda não tinha feito nada! Posso olhar uma briga como sendo algo que me ofende, ou posso olhar como um desafio a mudar minha postura e ser mais equilibrada. Posso olhar uma doença como algo que deseja a minha morte ou uma oportunidade de lustrar minha tenacidade, melhorar minha organização do tempo e tornar-me mais ativa.
Nesta viagem ao litoral não vi nenhum farol, daqueles que ficam nos rochedos sinalizando o perigo aos navegantes. Gosto de comparar a mente com um farol. Imaginemos aquele facho de luz cortando a escuridão. Para onde ele apontar, é a única coisa que podemos enxergar. Não adianta querer ver além do facho. Nem aquém. Focar no sofrimento, é somente isso que veremos. Focar-se nas soluções, é somente isso que veremos. Quem controla o farol somos nós.
Eficácia das terapias e coaching
Sou obrigada a dizer que não são todas as pessoas que estão querendo soluções. Muitas estão envoltas nos problemas que muitas vezes são realmente sérios e graves, mas por mais que se faça terapia, preferem voltar a focar os problemas antigos, ou buscam novos para se divertir. Meu companheiro de trabalho, Alex, costuma dizer que não é o sofrimento que faz alguém se curar... é o cansar-se do sofrimento. E é verdade. Enquanto alguém não se cansa de sofrer, o efeito terapêutico é limitado. Mas para aquele que cansou-se do sofrimento, a realização pessoal está a um passo!
Cansar-se de sofrer é bem relativo: existem alguns que com um pequeno espinho encravado nas mãos, esperneiam e querem sair dessa situação dolorosa. Outros, com chagas por todo o corpo, debilitados e quase morrendo, ainda acreditam que devem sofrer mais um pouco. Como o psiquiatra Viktor Frankl mostrou, não são os acontecimentos externos que trazem sofrimento, mas o como lidamos internamente com os acontecimentos externos é que nos traz sofrimento ou realização.
A terapia com que trabalho age exatamente nesse limiar entre “tirar o peso” do problema e, então, através do trabalho de coaching, direcionar o cliente rumo às soluções, auxiliando-o a descobrir o que o faz feliz, o que realmente lhe dá prazer. Pode ser, claro, um bom relacionamento, uma casa nova, subir na hierarquia da empresa... Mas pela minha experiência, vejo que também são importantes o pisar na lama da fazenda, olhar o pôr do sol, abraçar sem camisa o filho e sentir a pele nele na sua, andar de mãos dadas com o namorado... A vida é deliciosa quando focamos o que queremos, as soluções... Creio que é para isso que o homem vive...
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Texto revisado por Cris
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Theresa Spyra é alemã, trainer e terapeuta com especialização em constelação sistêmica familiar, organizacional e estrutural. Estudou com a também alemã Mimansa Erika Farny, pioneira na introdução do método sistêmico de Bert Hellinger no Brasil, e aprofundou-se nos sistemas estruturais e organizacionais, com estudos no Brasil, Alemanha e Suíça E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |