Quando a meditação não funciona – 3




Autor Ton Alves
Assunto Corpo e MenteAtualizado em 3/7/2013 12:10:19 AM
Assim que iniciei a publicação de minhas conversas com Manuela sobre os aspectos da Meditação Ativa Itegradora (MAI) que ela dizia não funcionar, percebi que o problema era bem mais comum do que imaginava. Muitas pessoas começaram a apresentar a mesma queixa. E, ao analisar mais detidamente as reclamações, descobri que, em todos os casos, o problema residia na ligação entre os momentos meditativos e o resto das vidas dessas pessoas.
Para todas, os momentos de meditação estavam se transformando em parênteses, ilhas de consciência e atenção perdidas no imenso oceano da vida cotidiana cheia de correria, de urgências e solicitações. Não havia ligação entre o poder, a sabedoria e a paz dos momentos de introspecção e as tarefas normais da vida comum de qualquer um que viva numa cidade nos dias atuais.
Esses meditantes faziam um corte no processo. Paravam de meditar e se transformavam em outras pessoas, como se quem estava meditando não fosse a mesma pessoa que agora iria trabalhar num banco, gerenciar uma loja, dirigir um ônibus ou cuidar da casa. Se esqueciam que a integração corpo-mente-espírito e a concentração da atenção no momento presente alcançadas durante a meditação deveriam, de alguma forma, serem mantidas durante todo o dia.
Desta forma, eram meditantes apenas alguns minutos da manhã e outro tanto à noite. No restante do dia eram engolidos pelo acelerado e alienante ritmo da vida moderna. Por isso, a meditação não funcionava. E o pior, servia, inclusive, como forma piorar o restante da vida.
Pois, ao realizar momentos de meditação ativa integradora, corpo, mente e espírito reuniam, cada parte de uma forma, uma substancial quantidade de energia. Essa energia acumulada e inutilizada acaba pressionando o ritmo do pensamento. Quando menos se espera a pessoa se transformou numa espécie de pião que começa a girar cambaleantemente sobre si mesmo.
Daí à falta de sabedoria e paciência para enxergar corretamente os problemas e suas possíveis soluções é um passo. Com isso vem a frustração, o sentimento de culpa, de atraso e de autopiedade. Fisicamente isto gera tensão muscular, palpitação, elevação da pressão arterial pelo derramamento excessivo de adrenalina no sangue e estresse. Mentalmente a pessoa começa a se sentir cansada, incapaz, revoltada e violenta. E o pior, começa a se afastar do seu próprio centro, onde reside a Divindade.
Mas, como evitar isso tudo? Como fazer com que os momentos de meditação derrame suas bênçãos e benefícios por todos os momentos da vida? A receita é uma só. E ela já vem embutida na própria proposta do método da MAI.
Este método propõe que a partir do momento mais profundo de integração ativa do corpo-mente-espírito, o ser humano retoma sua constituição original. Volta a ser assim como foi criado, ou seja, uno, inteiro e sem divisões. Holístico como tudo na natureza, sem a divisão artificial que nos foi imposta pela cultura e pelos costumes.
E para não perder esse estado original é necessário manter a atenção consciente, ou a consciência atenta, de todo o seu ser.
Para isto é necessário deixar de considerar o momento de meditação profunda como um estado de ânimo à parte. É reconhecer que esse estado é o momento onde a pessoa fragmentada se torna ela mesma. Ali não está mais a mãe de família de um lado, a esposa do outro, a mãe do outro e a profissional do outro. Como se estivesse sendo quebrada em vários pedaços. Ou como se fosse um ator que representa um papel diferente a cada parte do dia.
Perdendo a sua unidade, como a pessoa pode se integrar ao resto do Universo? Uma peça partida em vários pedaços jamais vai poder fazer parte de uma máquina maior.
Então a receita é simples, embora não seja nem um pouco fácil no começo. Mas como tudo, essa atitude pode vir a fazer parte do nosso modo de ser. E assim poderemos estar inteiros, atento e forte em todos os momentos da nossa vida.
Prometo voltar ao assunto posteriormente. Mas quis aqui apontar rumos, indicar direções o caminho e a caminhada quem tem que fazer é cada um de nós. Podemos trocar experiências e enriquecer nossa prática com o exemplo alheio. Mas o caminho de cada um cada um tem que fazer e percorrer. E, de preferência ativos, inteiros, atentos e consciente do que acontece dentro e fora de si.
Que o Espírito possa guiar-nos rumo à Verdade, pelos caminhos da paz!









Ton Alves é coordenador do Projeto CASULO DE LUZ de incentivo à prática da MEDITAÇÃO HOLOMÍSTICA TRANSRELIGIOSA (MHT), baseada no exercício do silêncio interior, na contínua atenção ao instante presente e no amplo cuidado com as várias dimensões da realidade. E-mail: tonalves.casulo@gmail.com | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |