Quando a parte vira o todo
Atualizado dia 4/17/2010 12:18:04 AM em Corpo e Mentepor Mozana Amorim
Ultimamente, a vida tem me presenteado com diversas situações onde as pequenas-verdades, nome que escolhi para a visão pessoal de cada um sobre algum fato, das pessoas e as minhas próprias ficam cada vez mais evidentes. E, por isso mesmo, tenho me mantido alerta para perceber que são apenas recortes de uma realidade sempre maior do que aquela que alcanço. É como se fossem janelas de onde só consigo enxergar até um dado limite e, algumas vezes, desavisadamente, acredito que a paisagem da janela é o mundo inteiro. Esse exemplo simplista serve para termos uma noção do quão grandes podem ser nossos enganos quando avaliamos as situações corriqueiras da vida e quanto ainda temos de entraves para enxergar totalidades.
Arrisco-me a pensar que essa totalidade não é direcionada a nós e sempre veremos menos e todo o exercício é aceitarmos essa condição que nos faz mais humildes perante os ocorridos, menos intolerantes com relação ao que discordamos, mais flexíveis com as negativas que a vida oferece e mais elegantes com o que não conseguimos ainda aceitar no outro. Me parece providencial que assim seja para que a gente possa estar sempre em processo de aprendizagem, sempre atravessando alguma nova ponte.
O que notei nas semanas em que fiz essas observações interna e externamente foi que em mim apareceu mais espaço. Como se coubesse mais gente, mais sentimento, mais leveza. Sim: foram deixados de lado alguns julgamentos, muitas sentenças e aí você toma consciência de quanta energia se despende nessas atitudes já corriqueiras e como nos fechamos para efetivamente a arte de apreciar. O olhar aberto, profundo, capaz de penetrar nos segredos, de escutar os silêncios, de encontrar pistas e apenas compreender significados adormecidos. A partir daí, tudo é novo: o olhar para as circunstâncias, a atitude diante do desafio, a reflexão que precipita a ação, o amor que se espalha antes da emoção chegar.
Parece um antídoto contra maus pensamentos. Se assim for, que possamos recomendar a todos essa prática. Que ela seja diária. Que vire lei. Que se alastre. Ondas como essa precisam pegar para nos devolver sanidade. Para que possamos voltar a conviver com mais tolerância, menos na defensiva e alimentando o saudável mistério que aponta um universo de possibilidades que não dominamos, pois não precisamos saber de tudo, que o sabor está justamente na descoberta, este intervalo onde ainda não temos tantas respostas e há sempre espaço para novas perguntas.
Pequenas-verdades turvam a visão, endurecem o espírito, afastam as pessoas. Este é o perigo de uma única história: uma rigidez que embrutece o coração, afoga a descoberta e faz definhar a seiva da vida em tudo o que toca. Portanto, antes de atirar uma pedra, uma palavra ou uma certeza sobre alguém ou uma situação, lembre-se de que está apenas diante de um pequeno espelho que reflete partes, jamais o todo que o rodeia.
Texto revisado
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Mozana Amorim é uma livre pensadora. Publicitária e astróloga; escreve para compartilhar inspirações e abrir espaços de troca com outras pessoas. Faz também atendimentos online de astrologia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |