REPRESENTATIVIDADE E QUALIDADE DE VIDA
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Autor Osmar Francisco dos Santos
Assunto Corpo e MenteAtualizado em 11/4/2015 3:14:56 PM
É possível que um dos fatores que mais pesam em nossa qualidade de vida seja a representatividade. A começar pelo aspecto individual como a autoestima. Muitas vezes não temos uma autocrítica que nos permita ver com clareza como nos colocamos em relação aos grupos que frequentamos, ou quando é necessário nos expor em público. As somatizações advindas de nossa exposição se tornam constrangedoras, como vermelhidão, sudorese, afazia e fuga da memória, esta reage à pressão com esquecimento. Não é difícil muitas pessoas recorrer a auxílio medicamentoso para debelar sintomas que nasceram a partir do medo e da timidez. Em outras ocasiões a bebida é utilizada para relaxar e “dar coragem”. O certo é que em algumas situações se estabelece a chamada “síndrome do pânico”, que nada mais é que um processo de evitação a algo que consideramos ameaçador. Em tais circunstâncias nossa primeira reação é abandonar o evento causador do desconforto, adotando atitudes as vezes incompreensíveis a luz da razão e que, mais tarde dão origem a grandes constrangimentos, quando à luz dos fatos somos obrigados a admitir o que antes negamos.
Quando mentimos pra nós mesmos, perdemos a clara noção dos fatos e ficamos impossibilitados de reconhecer nosso “funcionamento”. Precisamos então, o tempo todo justificar nossas atitudes, perdendo o contato conosco e fugindo do necessário “aqui e agora”. A saída é compreender que somos levados a interpretar vários papéis durante o dia, mas é necessário tirar algum tempo para avaliarmos nossas atitudes em cada um desses papéis nos olhando “de fora”. Isso equivale a um tipo de meditação que pode nos revelar aspectos nossos que inconscientemente escondemos. As atitudes de timidez pode nos levar a perda de oportunidades e subserviência quando deixamos de nos expressar da forma necessária e no momento preciso. É comum ouvirmos: “Eu devia ter dito isso ou aquilo naquela ora”; “Me expressei mal”; “Não devia ter ficado quieto”, etc. O fato é boa parte de nossas vidas passamos arrependidos por atitudes passadas, e quanto mais “entulhamos” nosso espaço mental, menos sobra para elaboração e compreensão clara dos fatos. Essas dificuldades acabam por refletir no aspecto coletivo.
Nossa representatividade quando ao coletivo e institucional sofre por um aspecto de nossa cultura que nos deixa à mercê de grupos que controlam o poder e seus recursos. Desde uma simples representação de condomínios e cooperativas deixamos de comparecer às assembleias e as decisões são tomadas por minorias. Nossas ausências são avaliadas como desinteresse e anuência, comparadas a um cheque em branco que passamos. Tais atitudes vão desde uma simples representação condominial até o exercício de nosso vota para a eleição de nossos representantes públicos.
É justamente quanto ao poder público que nossa qualidade de vida sofre o maior assalto, uma vez que a capacidade de arrecadação do governo é draconiana enquanto a devolução em serviços e obras de infraestrutura são pífias. Há anos vimos aceitando tudo sem protestar e cada vez mais as instituições foram se tornando propriedades daqueles que as controlam, até chegar ao ponto absurdo dos códigos e regimentos que definem seu funcionamento se tornarem peças de ficção. Tanto na vida particular ou coletiva, quando não promovemos as mudanças elas passam por nós à revelia, sem que possamos mais determinar os rumos e os tipos de mudanças queremos.
No artigo do número passado e no anterior àquele, fiz menção a texto de Jung, do livro “Presente e Futuro”, onde ele diz que o que está mudando em nós é nossa parte inconsciente, esta mudança não é de nossa escolha, ou seja: independente de nossa vontade. Neste caso, a reforma só poderá ocorrer a partir de atitudes individuais que se somam. Pois quem tem o poder não reforma o poder a não ser para ficar mais poderoso. Como já dizia Giordano Bruno (1.548 – 1.600), queimado pela inquisição, por pregar a liberdade de pensamento, como está tão bem escrito na Filosofia: “o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”. Pelo mesmo motivo Confúcio também disse que um país muito legislado, muito cheio de leis e regras é por certo um país corrupto. A Psicologia Social ensina que uma das armas do poder é a burocracia. Em 1967, foi feita primeira tentativa de diminuir a burocracia. O Governo Militar criou o Ministério da Desburocratização, comandado pelo então Ministro Hélio Beltrão. Uma das primeiras providências foi diminuir e quase eliminar a necessidade de reconhecimento de firma em documentos, sobre isso hoje, 2013 não será necessário nenhum comentário.
A falta de representatividade no Brasil se vale daquilo que muitos dizem que o povo tem memória curta. Muitos dos poderosos de hoje também o foram no Regime Militar, trocaram de casca como camaleão e ficaram ainda mais poderosos, posando de democratas autênticos. Tudo que um revolucionário mais almeja deve ser o poder para com ele implementar mudanças, mas uma vez no poder ele perde a memória passada e nada de braçadas nas riquezas que passa a administrar. Esse fenômeno já foi comentado em outros artigos desta revista denominados: “Transtorno de identidade não patológico, I e II e transtorno cara de pau de outra autoria, mas com o mesmo significado.”, ambos do mesmo teor.
As pessoas que participam hoje das manifestações, de forma pacifica, teriam em média dez anos, quando começou o governo da ideologia que nos governa hoje, portanto eram crianças praticamente inconscientes e impotentes para compreender e reivindicar alguma coisa. Essas crianças de ontem, hoje não poderão ser enganadas, elas discursam com conhecimento de causa e clareza sobre seus propósitos. Mesmo que as autoridades finjam não entender o que está acontecendo. O clamor das ruas, sem bandeiras indica uma consciência unificada que não aceitam a participação de “entidades representativas”, que fingem defender suas classes, mas estão comprometidas com o poder que as alimenta com recursos.
Acredito que num primeiro momento, o poder fará pequenas mudanças ou fingirá que está interessado em mudanças estruturais, para ganhar tempo e manter as coisas como estão. A promiscuidade entre os três poderes que mantêm a hegemonia com favores e ameaças, retardando a ação da justiça com recursos protelatórios e duvidosos que caracterizam os litigantes de má fé. Riem da justiça e rasgam os códigos, muitos caducos que já não respondem as necessidades atuais.
Nossa qualidade de vida que implica em educação, segurança, saúde, transporte poderia ser atendida penas com uma pequena parte do que é desperdiçado. Em cálculos mais antigos tanto a USP, como a UNICAMP, nossas melhores universidades, calculavam que os desvios representavam alguma coisa perto de dez por cento do nosso PIB. Isso equivale a dizer algo em torno de trezentos e vinte bilhões de reais, por ano. Não é difícil calcular que é uma soma capaz de atender a todos os investimentos de que necessitamos.
A grande esperança de todos nós é que esses movimentos não parem, também não se desvirtuem se deixando levar por interesses de outros grupos, pois a discrepância entre as instituições e seus objetivos ficou tão alienada que até mesmo aquelas que são criadas como representação classista, perderam sua identidade. Seus diretores ficaram encastelados no poder que parece impossível removê-los de lá. A maior de todas as violências é a violência de abuso de poder, porque com a desmoralização da autoridade se supõe que tudo é permitido.
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•Participante do Núcleo de estudo Junguiano do Rio de Janeiro; •Palestrante e autor de trabalhos sobre Psicologia Junguiana publicados em revistas universitárias e outras; •Psicoterapeuta transpessoal da linha Junguiana; •Administrador de Empresas e Consultor de Qualidade Total na Área de Recursos Humanos. •Atuação em Consultório particular. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Corpo e Mente clicando aqui. |