Síndrome do Pânico por Augusto Cury
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Autor Aurora de Luz
Assunto Corpo e MenteAtualizado em 14/01/2010 08:49:35
A Síndrome do Pânico abatendo a Auto Estima e a Segurança
JN era um médico brilhante, era um habilidoso cirurgião, seguro e rápido no ato operatório. Uma pessoa sensível e sociável. Um dia, ao fazer mais uma cirurgia de rotina, seu coração começou a vibrar, sentiu falta de ar e teve a sensação de desmaio. Começou a suar frio e a perder o controle de suas reações. Como estava no final da cirurgia, pediu ao médico assistente que a terminasse. Procurou um lugar para se recostar e logo se refez da crise. Por estar muito cansado pelo excesso de trabalho, pensou que sua crise fosse apenas decorrente do stress, embora sentisse um medo intenso no momento.
Passados alguns dias, J. N. repetiu a crise com os mesmos sintomas. Um medo súbito de desmaiar e morrer assaltou sua emoção. Entrou em desespero. Ele lidava com a vida e a morte das pessoas quase todos os dias, agora havia chegado a sua vez de questionar o fim da existência. Começou a se perturbar com perguntas que raramente fazia: “O que é a morte? O que é o último instante? Será que nunca mais vou ver meus filhos?” Em poucos segundos, inúmeros pensamentos lhe roubaram a calma. Pensava que iria morrer a qualquer momento. Sua emoção se tornou palco do pavor. J. N. não sabia, mas ele estava tendo ataques de pânico.
Sua saúde estava ótima, mas sua mente pensava no fim da vida e sua emoção vivia a fantasiada morte como se ela fosse real. A carga emocional era tão grande que o fazia ter uma série de reações psicossomáticas para que ele fugisse dos inimigos que estavam impondo risco à sua vida. Mas não havia inimigos reais. Todos eles estavam na sua mente. Os ataques se repetiram no consultório. Ele procurou outros colegas médicos, incluindo cardiologistas. Fez vários ECG (eletrocardiogramas), ecocardiogramas e outros exames e nunca encontrou nada que justificasse seus sintomas. Foi a alguns psiquiatras que diagnosticaram a síndrome do pânico. Tomou diversos medicamentos, mas não superou sua crise.
Com o fracasso do tratamento, perdeu a segurança para operar. E após alguns anos, deixou de clinicar.Um homem inteligente e humano foi encarcerado pelo medo, pela síndrome do pânico. Por quinze anos abandonou a medicina e se isolou da sociedade. Sentia-se desprezado e inválido.
Uma das características básicas da síndrome do pânico é a fobia social. O paciente passa a ter medo de ficar em público, de freqüentar festas, bancos, reuniões sociais. Tem medo de ter uma crise e ninguém socorrê-lo ou sofrer um vexame em público. Há milhões de pessoas vítimas dessa doença, a qual é totalmente tratável.
J. N. me procurou, mas estava desacreditado. Não fixava seu olhar em meus olhos. Seu falar era trêmulo e desconfiado. Sua auto-estima estava zerada, sentia-se o mais incapaz e infeliz dos homens. Entretanto, pouco a pouco, estimulei-o a causar uma revolução contra o cárcere da sua emoção. Levei-o a compreender a sua história.
Mostrei que OS PRIMEIROS ATAQUES DE PÂNICO FORAM REGISTRADOS DE MANEIRA PRIVILEGIADA NA MEMÓRIA E QUE FORAM UTILIZADOS PARA REPRODUZIR NOVOS ATAQUES. Falei que esse mecanismo é universal e está presente em muitos conflitos.
Mostrei que O GRANDE PROBLEMA NÃO É O TRAUMA DE QUALQUER NATUREZA QUE SOFREMOS: UMA FRUSTRAÇÃO, UMA OFENSA, UM ACIDENTE OU UM ATAQUE DE PÂNICO, MAS O SEU REGISTRO PRIVILEGIADO NO INCONSCIENTE E SUA CONSTANTE LEITURA. Essa leitura reproduz novas experiências traumáticas que são novamente registradas na memória, fechando o ciclo da doença e aprisionando a emoção. Evidenciei que não é possível deletar ou apagar a memória, como alguns psiquiatras pensam, ela só pode ser reescrita. Usei medicamentos como atores coadjuvantes no tratamento, mas disse-lhe que ele era o ator principal.
Disse que ELE PRECISAVA RESGATAR A LIDERANÇA DO EU CONTRA SEUS PENSAMENTOS NEGATIVOS E DAR UM CHOQUE DE LUCIDEZ À SUA EMOÇÃO.
Estimulei-o a duvidar da ditadura do medo, a criticar sua postura passiva e tímida diante dos focos de tensão gerados pelos ataques de pânico e determinar ser livre. Assim ele poderia ser um agente modificador da sua história e reeditar o filme do seu inconsciente, ou seja, atuar em áreas em que a medicação não tem acesso.J. N. fez esse treinamento. O resultado? Libertou sua emoção do cárcere. Reacendeu as chamas de sua segurança e expandiu as raízes de sua auto-estima.
Depois de quinze anos voltou a brilhar na medicina. Seus familiares ficaram impressionados com o modo como ele superou o seu caos emocional e se tornou uma pessoa amável, segura e que emite opiniões lúcidas sobre os problemas da vida. Sua filha, de dezoito anos, me disse emocionada que cresceu praticamente sem pai, que nem sabia dizer às pessoas qual era sua profissão. Agora, ela o descobriu, pois ele tem longas e agradáveis conversas com ela. Depois de quinze anos, pai e filha se encontraram, estavam tão próximos e tão distantes. Os pacientes têm prazer de ser atendidos por ele, mais do que por outros médicos. Eles vêem nele um médico humano, atencioso, alegre e interessado em não apenas prescrever medicamentos ou fazer uma incisão cirúrgica, mas em aliviar assuas angústias, os seus medos e as suas crises existenciais em relação ao fim da vida. Depois de percorrer um solitário deserto, JN se tornou um poeta da emoção. Hoje é um homem feliz e sábio.
Trecho do livro: “Treinando a emoção para ser feliz” Autor Augusto Cury
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