Vida e preocupação
Autor ANTOINETE CHOUMAR
Assunto Corpo e MenteAtualizado em 7/19/2017 11:52:56 AM
Por Antoinete - [email protected] Muita gente, muito mais gente do que se possa imaginar, pensa que ser feliz é não ter preocupação. Crasso engano. O caráter precípuo da existência é a preocupação. Os filósofos há séculos assinalaram isso, realçando mesmo que se por felicidade entendemos a ausência de preocupação, não há dúvida de que a felicidade não existe, Martin Heidegger, prestigioso filósofo alemão, escreveu que a preocupação "é o caráter precípuo da existência humana". Com efeito, se nos demorarmos um pouco em pensar sobre a vida a conclusão não pode ser outra: a vida seria impossível sem preocupações, dada a insipidez insuportável gerada pela sua ausência. E a grande preocupação humana é precisamente a conquista da felicidade. A ilusória conquista de algo que se não consegue - e nem é possível - conquistar-se de uma só vez, como um todo, como algo que se possa tomar posse integral. E ainda bem que assim é, porque essa permanente preocupação de busca da felicidade constitui o fundamento do significado da Vida Humana. Como ensinam os filósofos, a felicidade deve, assim, ser buscada dentro da condição humana que, sabemos todos, é imperfeita. Imperfeita e insuficiente. Consiste ela - a felicidade - em satisfazer nossas inclinações, que se afirma e se desenvolvem apenas diante de um obstáculo, de uma resistência. Consequentemente, não há prazer sem dor, vitória sem combate, repouso sem fadiga. Por isso somos felizes quando conseguimos expandir nossa personalidade, quando somos nós mesmos e não peões do jogo de outrem ou vítimas de uma situação que nos oprime. Os que meditam sobre o tema assinalam a existência de uma possibilidade concreta de ser feliz desde que se entenda a felicidade em termos humanos e históricos. É a felicidade de quem compreende não existirem soluções definitivas, mas tentativas, sempre renovadas, de dominar e resolver problemas que se apresentam. Felicidade - na lição dos sábios - significa, em suma, aprofundar nossa humildade, afrontar e vencer as contradições que tornam nossa Vida estupidamente difícil, inutilmente humilhante e desumana. Dessa forma, em vez de um direito, a felicidade e, ao contrário um dever, uma obrigação que assumimos todos perante conosco mesmos e para com os demais.
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