Respeitar a Vida é Fundamental
Atualizado dia 6/5/2014 12:52:34 AM em Espiritualidadepor Guilhermina Batista Cruz
Observamos nos relacionamentos humanos atuais a ocorrência de sérios desajustes, provenientes principalmente da falta de respeito às diferenças existentes e da não valorização da vida, onde a intolerância e a falta de amor ao próximo impera e são negligenciados valores importantes para o convívio humano. Desejamos evoluir e participar da construção de um mundo melhor para todos, mas vemos no dia a dia, como é difícil colocar ideias e atitudes edificantes em prática, como ainda há tanto o que ser mudado em cada consciência para que consigamos construir esse mundo que tanto almejamos. Em todos os campos, nos relacionamentos, nas instituições, nos ensinamentos, na política, na educação e tantos outros mais, estamos sentindo a necessidade imperiosa da mudança.
Se já existe uma consciência de que precisamos reverter tudo isso, por que muitas vezes a mudança não se faz? A meu ver, falta um pilar importantíssimo para que ela se realize, que se chama Respeito. Sim, respeito por cada ser, pela natureza, pelo mundo onde vivemos, enfim, respeito pela vida! Sem isso me parece impossível uma mudança em nossos padrões de comportamento e relacionamento humano. Muitas pessoas anseiam por mudanças, onde a vida possa ser vivida sem tantos transtornos como os que enfrentamos atualmente, mas não se desfazem de atitudes totalmente contrárias ao respeito, como a intolerância, o preconceito, a indiferença e a aceitação de situações degradantes que acontecem ao nosso redor, ou seja, de atitudes de total falta de respeito pela vida.
Não fomos ensinados a respeitar a vida em todas as suas formas de expressão como um dom sagrado e divino que é, assim ficamos indiferentes ao sofrimento de outros seres, muitas vezes colaborando até, pela nossa inércia e irreverência, para aumentá-lo mais. Aceitamos comportamentos errados e que agridem nosso semelhante, achando que por não ser nosso problema, não temos obrigação nenhuma de colaborarmos, ajudando para diminuir sua aflição, esquecendo-nos de que poderemos também passar pelas mesmas situações e de que nesses casos, gostaríamos de receber toda a ajuda que pudesse nos ser concedida. Ou seja, nos quedamos inertes, assistindo, sem nenhuma intervenção, a toda forma de desrespeito à Vida, esta chama sagrada que anima a todos os seres, mas à qual ainda não aprendemos a valorizar e respeitar.
Segundo dizia Mahatma Gandhi: “Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível”. Se não aprendermos o valor essencial do respeito à vida, todas as nossas crenças, convicções e religiões não poderão nos ajudar a nos tornarmos seres melhores do ponto de vista moral e espiritual.
Todas as misérias humanas que acontecem em nosso planeta resultam da falta desse valor fundamental, que é o respeito à vida, seja ela de que forma for. Sem o respeito, não conseguiremos atingir a sintonia ideal que nos levará a uma substancial mudança de consciência. Queremos mostrar ao mundo nossa reverência a Deus, em nossas demonstrações religiosas, mas vemos com restrições e críticas outros pensamentos e modos de expressão de reverenciar o supremo poder de nosso criador. Enquanto não se tiver a compreensão do quanto é importante respeitar qualquer ser, qualquer forma de vida e expressão, não poderemos alcançar mudanças significativas em nosso caminho rumo à evolução.
Um ponto fundamental no qual todos nós temos que focar é o respeito ao próximo, ou seja, precisamos entender que o nosso direito começa onde termina o do próximo, e o direito dele começa onde termina o nosso. Poderia ser simples assim, mas sabemos que não é, pois quase sempre queremos que o nosso direito ultrapasse um pouco o permitido e invada, sem nenhuma cerimônia e respeito, o do próximo. Aí instala-se o conflito. Sabemos que nada é ainda perfeito no mundo onde habitamos, mas um dos grandes obstáculos que nele existe e que precisamos combater é a falta de respeito pelo direito alheio. É o respeito à diferença existente entre as pessoas, sem atentar para cor, raça ou credo que professem, já que o valor da vida humana independe de qualquer um desses valores.
Albert Schweitzer, prêmio Nobel da Paz de 1952, por sua atuação humanitária na África, médico e escritor, desenvolveu uma teoria filosófica de respeito incondicional a todas as criaturas vivas que denominou de "Ética do respeito à vida", contida nos livros de sua autoria: Cultura e Ética e Decadência e Regeneração da Cultura, onde assim se expressa sobre o valor do respeito: "A minha experiência de valores traz em si mesma o seu significado seguinte: represento a ideia suprema que se exprime no meu desejo de viver; a ideia do respeito à vida. Em consequência disso, valorizo a vida tanto, como o desejo de viver que eu encontrar em torno de mim; em consequência disso, não cesso de agir; em consequência disso, crio valores".
De acordo com suas palavras: "O homem não será realmente ético, senão quando cumprir com a obrigação de ajudar toda a vida à qual possa acudir, e quando evitar de causar prejuízo a nenhuma criatura viva. Não perguntará então por que razão esta ou aquela vida merecerá a sua simpatia, como sendo valiosa, nem tampouco lhe interessará saber se, e a que ponto, ela for ainda suscetível de sensações. A vida como tal lhe será sagrada. Ele não arrancará folhas de árvores; não cortará flores; cuidará em não pisar em nenhum bicho".
No livro Convivência, Respeito, Tolerância, Leonardo Boff sobre o respeito, assim nos fala: "Se reconhecermos, como os povos originários e muitos cientistas modernos, que a Terra é Gaia, Mãe generosa, geradora de toda vida, então, devemos a ela o mesmo respeito e veneração que devotamos às nossas mães. Em grande parte, a crise ecológica mundial deriva da sistemática falta de respeito para com a natureza e a Terra. O respeito implica reconhecer que cada ser vale por si mesmo, porque simplesmente existe e, ao existir, expressa algo do Ser e daquela Fonte originária de energia e de virtualidades da qual todos provém e para a qual todos retornam (...). Numa perspectiva religiosa, cada ser expressa o próprio Criador. Ao captarmos os seres como valor intrínseco, surge em nós o sentimento de cuidado e de responsabilidade para com eles a fim de que possam continuar a ser e a coevoluir".
E segundo nos fala o sociólogo e pesquisador Airton Laufer Junior, em artigo da Revista Ser Espírita (Ano 01, edição 05): “Não é possível pensar em renovação da sociedade, sem que haja renovação dos indivíduos, na forma de sentir, pensar, agir, comportar-se, na maneira de aceitar o diferente, as ideias da outra pessoa, sua cultura, religiosidade, linguagem, maneiras de ser, falar, agir, suas vestimentas, opções sexuais, sua visão de mundo, podendo até criticar as ideias e teorias dos outros indivíduos, mas nunca o ser humano; transigindo em questões, mas nunca em princípios”.
Assim, cada ser tem direito a viver como melhor lhe aprouver, independente do fato de aceitarmos ou não o seu modo de vida. Portanto, o que vemos é que para se viver dignamente e ter a vida repleta de boas transformações, é preciso colocar como base fundamental da conduta o respeito, em todos os sentidos que a palavra encerra, pois ele eleva e dignifica moralmente todo ser humano. Respeitando a vida, estaremos nos respeitando, assim como estaremos respeitando qualquer ser como parte integrante e responsável pela vida no planeta. E ela, como uma sublime concessão de nosso criador, deve ter todo o nosso respeito, toda a nossa reverência e amor.
Paz e Luz a todos!
Texto revisado
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