Sua religiosidade supera as religiões
Atualizado dia 11/2/2010 7:36:55 PM em Espiritualidadepor Bernardino Nilton Nascimento
Longe de censurar as religiões e deixando de lado minha posição religiosa, até por que, ter ou não religião, não significa falta de amor ao próximo, de compaixão, falta de caridade, de gratidão e amor à vida.
É inconcebível que qualquer descoberta feita pelas ciências naturais possa influenciar tragicamente a nossa religiosidade. Ao contrário, o melhor conhecimento da natureza, do universo em que vivemos, leva o ser humano a se tornar mais autoconfiante e, ao mesmo tempo, mais humilde. Quanto às ciências sociais, a maior compreensão da natureza humana e das leis que governam a sua existência contribui, incontestavelmente, para o desenvolvimento de uma atitude que conduz à religiosidade.
A ameaça à religiosidade não está implícita no culto da ciência, mas nas práticas da vida diária. É no hábito da vida que o ser humano abandona o objetivo supremo da religiosidade, para transformar-se em mero instrumento a serviço da máquina econômica que ele mesmo construiu. Preocupa-se mais com a eficiência e o sucesso do que com a própria paz interior e o crescimento espiritual. Mais especificamente, a orientação que prejudica em alto grau a atitude da religiosidade é aquela que discute para que lado vai esta ou aquela religião.
A orientação aos desejos tornou-se elemento dominante na estrutura das características do ser humano. Todas as profissões, ocupações e níveis sociais aparecem no mercado de muitas religiões, deixando de lado a religiosidade existente na alma humana. Inevitavelmente, a atitude do ser humano para consigo mesmo sofre a influência desses padrões de sucesso.
É natural que, em tais circunstâncias, o ser humano sofra muito com a ideia que faz de seu valor. As condições de auto estima estão além do controle de cada um. Ele depende e precisa constantemente, de aprovação alheia, e com isso, a impotência e a insegurança são os resultados inevitáveis. Dentro desta orientação materialista que prevalece em nossa cultura, o ser humano acaba perdendo a sua religiosidade, alienando-se de si mesmo.
Se o maior valor humano é o sucesso, se não há lugar para o amor sublime, justiça, ternura, compaixão, o indivíduo poderá até defender teoricamente esses ideais, mas não encontrará forças para praticá-los. Pensará que adora o Deus do amor, quando, na realidade, cultua um ídolo, que não passa de um projeto da religião e das igrejas. O ser humano procurará a segurança na religião e nas igrejas, por que o seu vazio interior o impedirá de buscar proteção na sua religiosidade. Mas professar religião não quer dizer que pratica a religiosidade.
Entretanto, aqueles que se preocupam com a experiência da prática da religiosidade, sejam defensores ou não das religiões, não se encantarão pela simples visitas às igrejas cheias e pelo número de conversões. Criticarão severamente nossas práticas seculares e reconhecerão que a alienação do ser humano, a indiferença a si próprio e aos outros, que têm raízes em toda a nossa cultura, são as verdadeiras ameaças às atitudes das religiões.
Quanto mais compreender a sua natureza, tanto menos o ser humano precisa usar a religião. Se a humanidade é capaz de produzir alimento suficiente para todos, já não precisa mais rezar pelo pão de cada dia. Quanto maior o progresso, menor a necessidade de sobrecarregar a religião com uma função que é da religiosidade.
Algumas religiões do ocidente fizeram da obrigação de ir à igreja uma parte essencial do seu sistema, colocando-se, assim, em oposição ao desenvolvimento progressivo do conhecimento humano. As religiões orientais sempre se preocuparam mais com o crescimento do ser humano, sua espiritualidade e sua natureza.
Aquele que pratica a religiosidade traz dentro do seu coração a preocupação de se manter equilibrado, para proporcionar ao próximo a felicidade, a compaixão, a gratidão, a caridade e o amor. Tudo dentro dos princípios da fé e do amor a Deus.
BNN
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