A angústia da incerteza
Atualizado dia 3/26/2012 9:49:20 PM em Espiritualidadepor Bernardino Nilton Nascimento
Por mais misterioso que possa parecer, sempre me pergunto, ansioso, para onde a vida nos levará. Diante de tal pergunta surge, em todos nós, por mais otimista, por mais que tenhamos fé, a curiosidade e a vontade de conhecer o que está por vir. Isto nos causa um grande temor que tende a tomar conta de todos nós. O temor de perder, durante a transformação que se anuncia a preciosa centelha Divina, a liberdade do pensamento, tão brilhantemente e acesa, após tanto esforço dos nossos antepassados e de nós mesmo. O medo essencial do elemento refletido em face de um todo, aparentemente ofuscado, cujas imensas nuvens se estendem sobre nós para nos envolver.
Em toda a nossa história, o ser humano se lançou sempre com um ardor juvenil à evolução. Mas no mesmo momento em que seu conhecimento e seu domínio da natureza e do mundo se estendem, de maneira quase ilimitada, o futuro se apresenta como um dia ofuscado, e a ruína, próxima, ameaça como uma queda no abismo. O otimismo de obter um fim bem melhor que o começo não deve escapar das nossas vontades, da nossa fé e dos nossos sonhos.
Podemos até enfiar a cabeça na areia e nos recusar a ver, à maneira do avestruz. Podemos justificar esse fenômeno enxergando-o como um rompimento passageiro do equilíbrio. Será que poderíamos sinceramente crer que há um caminho, a contra gosto, da carência crescente da massa, da máquina, da coletividade do pensamento e das atitudes? Para viver de maneira mais humana, deve o ser humano estar consciente de sua existência real. Devemos olhar de frente para a ameaça que se apresenta e procurar diagnosticar a angústia do nosso tempo.
Esta angústia é realmente mortal. Durante os longos séculos de desenvolvimento penoso, o ser humano saiu da sombra do primitivo, descobriu o espaço luminoso da inteligência. Mas a corrente da vida parece conduzí-lo por um novo túnel mais escuro ainda. O jogo da vida continua sendo, ainda, escapar dos xeque-mates que a vida nos impõe a todo instante. É importante dizer que este jogo com vida própria é jogado por nós, e estamos mais distantes do dono do tabuleiro.
Continuamos na luta contra uma sociedade ainda autoritária e penosa para os demais irmãos que somam a maioria, porém, fracos de esperança, fracos de saúde, fracos de sonhos e de amor. Todos parecem estar dentro de uma colmeia ou de um formigueiro, fixados numa baixeza materialmente ativa. Nossa personalidade, nossos pensamentos autônomos e nossa liberdade consciente correm o risco de serem arrastados e submetidos à destruição cega dos que não possuem a tão desejada compaixão.
É difícil falar sempre que tudo no fim vai dar certo, que tudo no fim será um paraíso. Até quando vamos continuar a ver o futuro sem saber ler o presente? Sou otimista sim, tenho muita fé, porém, o pouco que aprendi a ler nas entrelinhas da vida, o pouco que a intuição me diz, me faz continuar trilhando este cruel caminho, com a certeza de que o fim será o melhor possível, pois, lá, Deus nos espera de braços abertos, porém, teremos que atravessar muitas tempesteardes e nelas muitas coisas ruins iremos presenciar. Seja aqui ou em qualquer outro lugar, não vamos deixar de assistir todas essas travessuras que o ser humano, com sua evolução desgovernada, construiu. Assim como dizem os cientistas, não há mais volta para a salvação do planeta, como também não há mais como chegarmos a um fim sem dor.
Todo o processo foi iniciado e os mais aliviados serão aqueles que mais se dedicarem a salvar o próximo da sua própria destruição. Esses exemplos de dedicação já foram mostrados por diversos bons espíritos. Porém, seus prêmios foram pequenos, e a sociedade, mesmo aplaudindo, admirada, não soube enxergar o verdadeiro caminho da estrada, que tem no seu fim uma vida regada de amor.
Quando paramos para meditar sentimos a angústia mortal que nos comprime, pois a nossa vida mais íntima está ameaçada e é iminente o perigo de nos perdemos em nós mesmo e sermos esmagados pelo monstro que alimentamos.
Acredito que, daqui por diante, teremos que equilibrar o progresso, ser mais conscientes e livres, determinando a direção da corrente da vida. Não podemos deixar que as nossas ações sejam paralisadas pela angústia da incerteza do final. Temos que mudar a nossa direção e, ao mesmo tempo, enxergar uma nova responsabilidade. Para vencer a angústia, devemos retomar o verdadeiro caminho do bem, e esperar passar as tempestades com menos sofrimentos.
BNN
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