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A Aplicação Prática dos Princípios Morais Védicos na Solução de Crises... IV

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Autor Rosemary Rezende

Assunto Espiritualidade
Atualizado em 28/05/2009 14:19:29


De posse dessas concepções fundamentais torna-se fácil formular uma ética ambiental. Supondo que, de acordo com os ensinamentos vaishnava, esse mundo seja um reflexo diversificado da realidade espiritual, e essencialmente como um jardim, nós podemos dizer que existe algum valor intrínseco na tentativa de manter uma condição de meio ambiente que mais estreitamente se assemelhe com o original. Quando as crianças aprendem a escrever, elas geralmente são convidadas a copiar cartas, e se a tentativa delas parece com o original diz-se que está bom; se não, diz-se que está ruim. Da mesma forma, nós podemos pedir que exista uma bondade intrínseca voltada a uma determinada condição das questões ambientais.

Além disto, existem certos princípios védicos que contribuem de várias formas para uma ética ambiental viável. A primeira delas é athato brahma-jijnasa. Isso é o mantra de abertura do Vedanta-sutra. Isto significa que o propósito da vida humana é o cultivo da consciência, inclusive o cultivo do relacionamento amoroso entre a consciência individual e a suprema consciência.

Eu quero interromper aqui para dizer que não é todo doutrinamento religioso que leva a uma ética ambiental viável. Existem muitas manifestações de religião que, como a ciência materialista moderna, encorajam o processo destrutivo de dominação, exploração e interminável consumo. Mas o sistema védico enfatiza o estudo e o desenvolvimento da consciência mais do que o estudo e o desenvolvimento da matéria. A matéria não é ignorada, mas é vista em sua conexão com a suprema consciência. De qualquer modo, o princípio de brahma-jijnasa encoraja uma ética de moderação que contribui para consideráveis níveis de desenvolvimento econômico e de consumo, que não colocaria uma sobrecarga tão grande no ecossistema.

O Vedanta-sutra também afirma: anandamayo bhyasat. Nós formos feitos para sermos felizes, e pelo do cultivo da consciência através dos meios adequados, nós podemos obter a satisfação espiritual. E isso também sustenta uma ética de moderação.

O Gita afirma: param drishtva nivartate. Quando você alcança o mais alto estado de consciência espiritual desenvolvida, você automaticamente priva-se da gratificação material excessiva. Um correto equilíbrio é alcançado.

O princípio védico de ahimsa, ou não-violência, também tem essa aplicação.

A não-violência pode ser compreendida de muitas maneiras. Por exemplo, o encorajar as pessoas a dedicarem suas vidas à irrefreável produção e consumo materiais pode ser considerado um tipo de violência contra o espírito humano, e eu penso que basta que olhemos à nossa volta para ver os efeitos dessa violência.

Se olharmos os americanos na época de Natal empurrando uns aos outros em seus reluzentes centros comerciais e, no lugar de prestar atenção ao ensinamento védico athato brahma-jijnasa, dedicando-se a doutrina de comprar até cair, ou o poder de comprar, ou qualquer outra coisa, eu acho que vemos uma espécie de violência. Quando observamos os jovens trabalhadores chineses que são amontoados em dormitórios em volta das fábricas que fornecem a maior parte das mercadorias de Natal encontrada nos centros comerciais americanos, podemos também sentir aquela violência para com o espírito humano.

O princípio de ahimsa pode também ser aplicado na própria Terra. Recentemente escutamos a respeito do princípio Gaia, a idéia de que a Terra é, em certo sentido, um organismo. Esse princípio há muito tempo foi reconhecido pela filosofia Védica, e nós devíamos tentar não cometer violência para com o nosso planeta através da poluição desnecessária do ar, da terra e da água.

E a não-violência se aplica também a outros seres vivos. Aceitando o ensinamento védico de ahimsa não iremos caçar espécies até sua extinção. Eu também chamarei atenção que a matança de animais para o sustento, principalmente animais criados em fazenda-fábricas e mortos em enormes abatedouros mecanizados, é uma das práticas ambientalmente mais destrutivas nos dias atuais. É o desperdício de preciosos recursos naturais. Isto envenena a terra e a água.

Pode se ver, deste modo, que a filosofia védica fornece muitos apoios para uma ética de preservação ambiental. Semelhante apoio pode ser obtido dos ensinamentos de outras grandes tradições religiosas do mundo. Mas colocar essa sabedoria em prática é difícil.

Em muitas áreas de interesse ético, nós podemos adotar uma atitude objetiva. Se falarmos sobre abuso infantil, por exemplo, nos sentimos seguros de que vários de nós não são culpados por tal coisa, e podemos confortavelmente discutir as implicações éticas de tal comportamento e sobre que passos devem ser tomados para controlar isto, sem aparentar sermos hipócritas. Mas quando falamos de crise ambiental, descobrimos que quase todos nós estamos diretamente implicados. Torna-se, portanto, difícil falar sobre éticas ambientais sem aparentar sermos hipócritas. Entretanto, nós devemos falar. E isto causa em nós um sentimento de humildade, e também um sentimento que mesmo pequenos passos em direção à verdadeira solução, que deve ser uma solução espiritual, são bem vindos e valorizados.

Alan Durning, um pesquisador sênior do World Watch Institute, escreveu: "Seria desesperadamente ingênuo acreditar que todos os habitantes irão, de repente, experimentar um despertar moral, renunciando a ganância, a inveja e a avareza. O melhor que se pode esperar é um despertar gradual aumentando o círculo daqueles praticantes da simplicidade voluntária”.

A esse respeito, eu quero citar brevemente que o Bhaktivedanta Swami Prabhupada durante a sua vida fundou várias comunidades rurais para o propósito de demonstrar a vida de semelhante simplicidade voluntária. Desde a sua partida desse mundo em 1977, o número dessas comunidades aumentou para 40 em 5 continentes, em locais desde a floresta tropical do Brasil até às estepes da Rússia.

Após ter discursado aos físicos em Budapeste, eu tive a oportunidade de visitar uma destas comunidades. Eu tenho de confessar que fiquei muito surpreso ao encontrar tal comunidade rural fundamentada nos princípios védicos nas planícies do sudoeste da Hungria. O centro da comunidade era uma espécie de templo modernista, mas ao perguntar, fui informado que o mesmo foi construído usando paredes de terra socada, usando outras técnicas tradicionais. Nenhuma eletricidade era usada no templo ou em qualquer outro lugar da comunidade. Ao longo das paredes do templo eu vi lâmpadas de latão, que queimavam óleo espremido das sementes de colza cultivadas no local. Era um dia bastante frio de novembro, e eu vi que o prédio era aquecido com fogões à lenha supereficientes, usando madeira colhida dos 50 acres de floresta de propriedade da comunidade. Ofereceram-me, então, uma refeição vegetariana que exibia vegetais cultivados localmente, chapatis feitos de trigo cultivado e preparado na comunidade, e queijo das vacas da comunidade. Fui informado que os bois são treinados para fazer o trabalho da fazenda e o transporte. As pessoas que eu conheci não pareciam nem um pouco carentes.

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Rosemary Rezende   
Tecnica Agrícola, Medica Veterinária, Homeopata, Terapeuta Holística. Atualmente trabalhando com Terapia Nexus, massoterapia Indiana, Numerologia Indiana, Florais e Homeopatia
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