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A evolução do espírito na problemática humana

Atualizado dia 10/04/2012 18:10:49 em Espiritualidade
por Dante Bolivar Rigon


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Bom dia!

O assunto de hoje é um capítulo do livro "Evolução do Espírito na Problemática Humana", ainda não editado mas à disposição de Agentes Literários na ww.mesadoeditor.com.br.  O título do capítulo é

ANALISANDO O PASSADO

Pela manhã, acordei com o pipilar de um passarinho que deveria estar próximo à janela. Tranquilo e sereno dispus-me a ouvi-lo em sua apresentação, não conseguindo distinguir a espécie, apenas ouvindo seu tilintar. Era melódico, um tanto agudo nos acordes mais altos caindo ao grave e doce quando modulava sua cristalina mensagem numa sugestão de chamamento, voltando a desafiar o soprano consagrado nos acordes mais agudos. De repente, senti que voara, pois parou abruptamente sua apresentação retornando em solo majestoso distante dali. Agradeci a ele mentalmente por ter-me acordado tão gentilmente e propus-me a levantar, pois previa um dia de muita atividade em torno da proposta transmitida pelo nosso querido amigo Estevão.

O café colonial estava servido como sempre. Tomava toda a enorme mesa da sala de jantar com abundantes iguarias que certamente um bando de gigantes esfomeados não conseguiria consumi-lo facilmente. Com um sorriso fácil nosso anfitrião cumprimentou-me indagando se eu havia passado bem a noite. Alimentados, reunimo-nos na varanda norte em confortáveis poltronas de área.

Em conversa descontraída e bem humorada demos início ao que seria um estudo profundo das propostas da noite anterior.

- Acredito seja uma experiência interessante a fim de analisarmos a mensagem evangélica nesta nova ótica. Há ainda certas confusões em torno do tema evangélico, não só nas casas mediúnicas, mas também no catolicismo e nas religiões denominadas evangélicas. O Evangelho por ser universal é abrangente, sintetizando os assuntos em normas e leis também universais. Acredito que a proposta é o analisarmos dimensionando-o de acordo com as necessidades modernas vividas no aqui e agora.

- O que o faz acreditar nessa hipótese?

- Basta observarmos! Quando Jesus palmilhou os caminhos da Judéia, os costumes, a ciência e o moral dos povos eram diferentes dos hoje vividos. Houve um significativo avanço na humanidade, avanço esse impossível de ser antevisto naquela época. A ciência, o moral, a política, a economia e o conceito de vida de hoje são infinitamente mais complexos e superiores do que os conhecidos por Jesus e seus seguidores. Tudo evoluiu em proposições fantásticas. A humanidade amadureceu e firma-se em novos patamares, mas os conceitos religiosos continuam atrelados aos antiquados costumes, tendo como alicerce a antiga bíblia, história política e religiosa de um povo nômade que iniciou sua saga historicamente registrada há seis mil anos atrás no momento em que nascia um novo deus.

Apesar da mensagem trazida pelo Mestre se apresentar moderna e diametralmente oposta às defendidas pela religião de seus pais, os seguidores judeus da época não souberam separá-la, mantendo-a atrelada aos antigos e rígidos princípios legislados especificamente para um povo bárbaro, indócil e escravizado não só por seus líderes, mas tradicionalmente sujeitado por este ou aquele império conquistador. Como o único patrimônio autêntico era seu livro histórico, agarrava-se de unhas e dentes a ele, acreditando que algum dia o próprio Deus viria com seus exércitos celestes livrá-los do jugo estrangeiro que o dominava há quase vinte mil anos. Essa idéia era a única maneira de mantê-lo unido por tanto tempo, pois sem essa fé há muito teria deteriorado e desaparecido como aconteceu com centenas de outros povos, muitos tão antigos como ele mesmo. Na Babilônia e no Egito eram escravizados pelos reis e imperadores humanos, e após Moisés, também pelo deus Jeová. Tendo Jesus nascido no seu seio, cujas leis milenares eram ainda mantidas com todo o rigor, os próprios discípulos não souberam ou não ousaram separá-las totalmente das novas verdades por ele ensinadas.

- Parece-me que com o advento do cristianismo foi descartado o uso e a leitura do livro hebraico. Qual seria a finalidade desse expurgo?

- Não houve exatamente um expurgo, mas o desinteresse manifestado pela Igreja Cristã. O cristianismo foi desligado das bases hebraicas desde os primórdios de sua divulgação, especialmente pelo apóstolo Paulo. Jerusalém, mesmo dominada pela espada romana, mantinha seu povo em eterna contradição com os próprios conceitos políticos e religiosos, e fazia enorme confusão quanto à validade da profecia bíblica no tocante a Jesus. Seria ou não ele o enviado de Deus? E nessa verdadeira guerra de ideias, apenas os cristãos judeus se mantiveram ainda ligados às velhas tradições, envolvendo-se em verdadeiros conflitos em torno de pequenos interesses religiosos como, se os cristãos deveriam ou não ser circuncidados. Quando na formação da Igreja Católica, os enunciados bíblicos mantiveram-se, mas apenas para estudo teológico e ritualístico juntamente com outros tantos títulos religiosos de antigas religiões, especialmente as orientais.

- Por que o uso da bíblia surgiu no cristianismo depois de estar sepultada no tempo por um milênio?

- Foi a reforma que a desenterrou! A Igreja Católica havia desenvolvido um cristianismo de conveniências, e Lutero assim como Calvino e outros, necessitavam de um instrumento forte e sólido para se apoiarem a fim de fazer frente às imposições romanas. E dentro da fragilidade da ideia e nada mais tendo a apegar-se, retornaram às origens judaicas, ressuscitando a bíblia relegada até por muitos judeus, modificando conceitos para incorporá-la às suas ideias, e complementaram-na em segunda parte com os evangelhos oficializados pelos católicos. Para dar força ao movimento, dividiram-na em dois livros, denominando-os "Antigo e Novo Testamento". O primeiro, contaria a história dos hebreus com seus feitos, deuses, reis e profetas, e o segundo, a vida e obra de Jesus e seus apóstolos.
Na verdade, o tema básico de ambos os livro já existia antes da formação da Igreja Romana. Lutero apenas o adaptou e o atrelou à sua proposta. Foi nessa época que a cúpula católica proibiu a leitura da Bíblia, condenando-a como livro impróprio à leitura por ser herética. Só bem mais tarde, no século XX é que liberou novamente o livro, mas apenas para leitura complementar.

- Essa é, então, a história da bíblia hoje tida como livro básico de todas as religiões e seitas protestantes?

Em todas as áreas da filosofia humana existem várias histórias em torno de uma mesma ideia. Como o homem sempre direcionou os assuntos de acordo com suas necessidades e conveniências do momento, certamente haverá muitas outras histórias referentes à bíblia atual, algumas até documentadas com esmero tido como irrepreensível. Nosso objetivo atual não é historiar os acontecimentos mas analisar os conceitos filosóficos e científicos enunciados pelo Mestre.

Continua


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