A importância da oração
Atualizado dia 26/04/2011 17:18:15 em Espiritualidadepor Ana Person
Meses atrás, quando iniciei essa jornada, uma amiga perguntou-me se eu rezava e muito sinceramente respondi a ela que não. Como um ser altamente espiritualizado que é, ela mostrou-se prontamente espantada. Como eu não rezava? Estranho mesmo uma pessoa de fé afirmar que não reza, não é mesmo?
Pois bem, dei a ela naquele momento a resposta mais sincera que tinha, eu não sabia precisar o motivo, apenas não rezava. Daí, como sempre me comporto diante de uma pergunta sem resposta, passei a examinar a questão profundamente.
Hoje sou capaz de responder e resolvi compartilhar com vocês essa resposta, mas antes gostaria de expor algumas considerações. É certo que cada um desenvolve ao longo da vida uma relação muito particular com Deus. Há quem diga que a relação que temos com Ele é muito semelhante à que temos com nosso próprio pai. E embora eu não possa afirmar que isso se aplique a todos, comigo isso se mostra verdadeiro.
Algumas pessoas têm regras para se relacionar com Deus, evitam pedir coisas ou pedem somente em casos de doença, outras evitam pedir resoluções a respeito de relacionamentos, umas nada pedem, apenas agradecem e acredito que não há erro nem acerto nessa relação, contanto que seja o coração que a comande.
Anos atrás, quando perdi minha mãe, rompi com Deus. Minha crise de fé era tamanha que abdiquei de tudo e passei, inclusive, a flertar com o ateísmo. Naquele momento, esse propósito me serviu e não me arrependo sinceramente disso, pois, apesar do tempo que me mantive afastada de mim mesma por puro rancor, também com isso aprendi muito.
Minha reaproximação com a fé não se deu de modo dramático, nem de nenhuma forma particular que valha como uma bela história, o caso é que com o passar dos anos minha raiva e minhas resistências foram cedendo. À medida que eu elaborava meu luto, as coisas se assentavam na minha cabeça e, de repente, eu me encontrei ainda mais confiante do que havia sido. Fim da história.
Até a parte em que o caminho foi naturalmente sendo traçado, tudo bem. Não havia nenhum comprometimento, apenas a antiga crença de que havia uma dimensão maior para a existência, que tudo oque havia no mundo não se podia resumir a compromissos e contas a serem pagas. Dessa inquietante certeza veio, então, a decisão pelo caminho e um belo dia me peguei em meio ao trabalho rezando baixinho para que me fosse mostrado ocaminho, a missão que eu viera cumprir aqui.
Em outra ocasião, contarei a vocês em que forma me veio essa resposta. Agora direi apenas que, embora nesse dia esporádico eu tenha orado, isso não voltou a se repetir, pelo menos não com frequência. Minha relação com Deus era do tipo "faça sua parte que eu faço a minha" e eu não via nenhum motivo para me pegar ajoelhada pedindo coisas que eu podia muito bem fazer sozinha.
Acontece, meus amigos, que embora normalmente a vida corra bem, tem dias em que a gente realmente precisa rezar, nem que seja apenas para constatar que não é possível fazer tudo sozinho, nem que seja apenas para deixar uma lágrima correr solta e tirar disso algum alívio.
Então, direi a vocês o motivo pelo qual hoje rezo todas as noites: boa parte de nossa crença é sustentada pela mente racional e isso não pode ser negado. Se nosso sistema de valores não abre espaço, a fé não se solidifica. Se nossa razão não cede para acomodar o mistério, nossas conclusões acabam por rejeitar o divino.
Então, por mais que se acredite, quando nos mantemos apartados, quando evitamos de modo sistemático ou simplesmente nos esquecemos de rezar, nossa mente vai aos poucos registrando esse movimento, ela vai nos lembrando inconscientemente que nos esquecemos de agradecer. Então, um dia você precisa de amparo, o fardo está pesado demais e seus ombros doem, você recorre a Deus numa prece sincera, mas, uma parte pequenina e escondida de você lhe diz em sussurros que você não merece aquilo que está pedindo, que você não tem esse direito, que o que está passando é fruto de sua própria ingratidão.
Assim, você acaba por aceitar uma injustiça ou uma dor sem protestar e isso pode se tornar um hábito. Hábitos, como a gente sabe, são difíceis de se mudar...
No começo, eu disse a vocês que minha relação com Deus é parecida com minha relação com meu pai e explico. Meu pai dizia uma coisa que hoje me cala fundo: "faça o que eu lhe peço e você terá o que quiser de mim". É assim, exatamente assim que me relaciono com Deus hoje, faço tudo o que meu coração pede e quando preciso de algo que está fora das minhas possibilidades, peço a Ele sem nenhum pudor.
Dou graças a uma amiga que muito generosamente se deu ao trabalho de perguntar-me se eu rezava.
Agora eu rezo, Angela!
Texto revisado
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