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A iniciação - Capítulo 7

Atualizado dia 29/10/2010 12:30:54 em Espiritualidade
por Satyananda


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Depois de quase quatro anos daquele final de tarde junto ao carroceiro e àqueles animais sagrados, com aquela sensação de vazio incomensurável, de estar no espírito, de estar pleno. Depois desses quatro anos, estava entrando na sala de iniciação de um guru, um mestre de verdade. Era uma sala em que passávamos na frente dela de tempos em tempos; ficava entre o nosso vestiário e a sala de meditação, tinha uma porta. Raríssimas vezes eu a tinha visto aberta e nem sabia o que tinha lá dentro. Ao entrar nela, havia um tapete no chão, uma mesa de apoio com flores, e um painel com 1,50m de largura por 0,90m de altura que me impressionou muito pela qualidade da pintura e pela sua beleza, aquele quadro representava o jardim do Éden, era uma floresta, não identificada, não sabia se era no Brasil ou em qualquer outro local, haviam tigres sentados na relva, pássaros de todas as espécies voando. Mas o que mais impressionava era que todos os animais (existiam mais de 20 espécies diferentes naquela pintura) em volta de todos eles, havia uma aura de luz branca, iridescente, cheia de esplendor, essa luz também brotava dos olhos desses seres, e era exatamente a mesma luz. E no momento em que eu percebi essa pintura, foi quando minha memória tinha voltado ao dia do carroceiro, porque a luz que eu tinha visto em volta dele e das pessoas, dos animais, até mesmo das formigas, minúsculas e pequenas criaturas, era exatamente aquela mesma luz, uma luz próxima ao corpo, azulada, e quanto mais se afastava do corpo, mais luminosa se transformava, e era praticamente fumaça líquida branca, e estava ali na minha frente, como se de repente, só uma pessoa, o nosso guru, tivesse visto a mesma coisa que eu vi, que todo mundo, todos os animais, todas as plantas; tudo que é vida, tem a mesma vitalidade, a mesma luminosidade.

Fiquei sentado esperando, havia um perfume de lírios, era um espaço silencioso, fresco e agradável; estava sentado sobre um cobertor de bebê, de uma lã grossa, dobrado em quatro, cobertor esse que já tinha me acompanhado por mais de um ano de aulas, todas as semanas. Vestia a minha roupa branca de meditação, uma calça de agasalho e uma camiseta de algodão brancas, tudo isso largo, confortável. Fiquei alguns minutos sentado, olhei para o painel e não consegui conter as lágrimas, fechei os olhos e abaixei a cabeça. Foi quando eu escutei o barulho da porta abrindo, meu mestre entrou com uma túnica branca, como se fosse uma saia, assim como os monges usam e cobrindo o corpo tinha um outro manto, esse manto deixava o lado direito do corpo descoberto e aquilo para mim já era familiar porque nos livros do Ramana Maharishi, ele falava que a nossa vida não habitava o cérebro, nem o coração físico que fica do lado esquerdo do corpo, mas a nossa essência. A vida que dá vida a esse corpo habitava um coração espiritual e, se nós prestássemos mais atenção, perceberíamos que ele pulsa o tempo inteiro, mas pulsa do lado direito. Seria necessário ficar em silêncio absoluto, mergulhar na sua própria consciência e em um determinado momento nós iríamos sentir o espírito e o seu coração do lado direito. O Ramana ainda brincava que esse era o único local seguro no universo, ele chamava esse lugar de “caverna coração”, em sânscrito, purushan, significa essência plena, consciente, verdade notável, centenas de adjetivos para um sentimento que exprime somente paz incomensurável e tranqüilidade imensa.

Não havia emoção nenhuma no ar, somente silêncio, não havia nem o barulho da respiração. O mestre sentou na frente com um olhar absolutamente compassivo, pediu para fechar os olhos, mas antes disso olhou profundamente e falou assim: “filho, hoje é o dia da sua iniciação. Iniciação significa morte, significa que o Márcio vai morrer e a sua consciência vai passar para o lado de lá, o lado de lá é a vida de verdade, a vida como ela é, a vida sem mente, sem mentiras.
E eu tenho uma coisa para lhe falar antes do exercício: o homem pode controlar o corpo, como Yogi, pode controlar a mente, a respiração, e produzir em cada estado da respiração uma leitura diferente da realidade. Pode-se adquirir poderes, que na Índia são chamados de Sidhis, com essas práticas, basta focar, como se faz com uma lente no sol, onde milhões de raios de sol passam por essa lente e juntos, em um pequeno espaço, aquele foco produz um raio condensado e produz fogo dependendo de onde ele tocar.
A nossa mente pode fazer o mesmo exercício, o mesmo processo. Ela pode devolver para a gente o que nós focarmos, por algum tempo, pouco tempo. Mas eu posso lhe falar, de fato, em nome de todos os nossos mestres, em nome de Deus, que a vontade de Deus é soberana e que mesmo que você conquiste fortuna material e poderes espirituais, se não houver amor, que é a nossa real natureza, a vida na Terra é inútil, somente no amor a vida na Terra tem sentido, Deus nos percebe e a nossa consciência desperta para o paraíso onde sempre habitou, somente nesse estado a gente pode receber a graça da iniciação, um renascimento, um mergulho no silêncio”.

E o mestre continuou lembrando ao nosso espírito que quando nós oramos nós falamos: “Deus estou falando”, mas quando a gente medita, nos colocamos em silêncio para ouvir... e no silêncio da meditação Deus fala. E assim completou... me pedindo a única coisa que Deus não tem de nenhum homem, a minha vontade. Pediu que eu entregasse a minha vontade a Deus para que, a partir desse dia, a fala e os gestos desse corpo manifestassem somente as ações da vontade suprema. Nesse momento, eu entendi o significado de “seja feita a sua vontade”, do Pai nosso.

A partir disso, depois da iniciação, começa o entendimento do que é viver como um servo de Deus.

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