A Outra Face da Separação - Parte II
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Autor Adriana Aguiar Brotti
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 06/04/2011 19:24:15
Em nossa primeira abordagem sobre o tema apresentamos a idéia de que o sucesso do projeto da Vida a Dois advém do esforço de forma igualitária de ambas as partes.
Isso significa que cultivar o amor é tarefa do casal. Amor é troca, é negociação diária, é cuidar de si mesmo(a), e também ajustar os passos para que ambos caminhem sempre juntos. Uma relação afetiva é próspera quando ambos crescem, interagem e se modificam. Nunca seremos os mesmos, porque o ser humano está se fazendo, se renovando a cada dia. Esse é um processo sábio da natureza pois a reside a oportunidade de nos tornamos melhores a cada dia e a nos apaixonarmos muitas e muitas vezes, pelo mesmo homem e pela mesma mulher.
Amar dá trabalho! Mas tudo que exige nosso empenho é muito mais valoroso. Pelo fortalecimento do nosso amor por nós mesmos e pelo outro, devemos fazer a viagem do autoconhecimento para, em seguida, nos comprometermos com o outro. Comprometer-se com o outro consiste no entendimento de que a vida a dois requer três pilares: o Eu, o Outro e o Nós. O Eu e o Outro representam a individualidade de cada pessoa na relação. Precisamos sempre estar atentos no sentido de não perdermos a nossa luz (identidade) para continuarmos a ser o que éramos antes da união com o nosso par. Geralmente o que acontece é que um dos pares acaba assumindo a identidade do outro, deixando de atender aos anseios de sua própria alma. Querer sempre agradar o outro adicionado à pressão dos dias atuais pode ser bastante perigoso em uma relação.
Quando nos unimos a alguém queremos simplesmente a felicidade. Essa felicidade é construída com a idéia e com a prática de fazermos a outra pessoa feliz. Esse é um ponto importante: ambos precisam pensar e agir assim. A nobreza de um cuidar bem do outro é que promoverá a troca que o amor exige e que falamos no inicio. A troca de desse cuidado, desse carinho e respeito é que dá equilíbrio para a relação. Esse é o terceiro pilar, ou seja: o Nós (identidade do casal).
Notem que, se estamos falando da união de duas individualidades, é claro que a negociação diária se faz necessária, afinal se a última palavra é sempre de um dos pares, isso significa que o diálogo não está acontecendo. Ou seja, não estamos nos dando a oportunidade de experimentar a opinião do outro.
Como cada um de nós representa um universo e bastante complexo (cheio de idéias, questionamentos, pensamentos, sentimentos e experiências diversas) então há sempre necessidade de desenvolvermos um olhar mais atento não só para nós mas também para o outro. Se percebermos que por algum motivo nosso par não está caminhando nas mesma velocidade que nós...é hora de agir...de estender as mãos para saber o que está acontecendo, como poderá ajudá-lo. É preciso estimular o outro, e sempre com paciência, com palavras respeitosas, motivadoras, carinhosas....Se formos os primeiros a perceber algo de errado em nossa relação, sejamos também os primeiros a termos a iniciativa de buscar meios de melhorar a relação.
Contudo, se nós já utilizamos todos os recursos para recuperar um amor em crise, sejamos fieis à nossa missão de sermos felizes. Se o outro não quer acompanhar os movimentos necessários para o equilibrio da relação e a situação caminhar para a separação, vejamos o lado positivo desse desfecho: Se fizemos tudo o que podíamos para cuidar desse amor... Refletimos, compartilhamos com o outro nossas descobertas e possibilidades... Isso significa que crescemos. Com esse entendimento, mesmo com o advento da separação, nos sentiremos mais leves, não haverá sentimento, sensação de tempo perdido, pois diante da crise, aprendemos as lições impostas pela vida. Assim, a dor será amenizada e não levaremos traumas para uma próxima relação e sim muito mais maturidade. Um grande erro e que acontece com bastante frequência é quando as pessoas não fazem absolutamente nada para salvarem suas relações, nem sequer refletem sobre as questões mais emblemáticas, separam-se e dentro de algum tempo, unem-se a outras pessoas, porém com as mesmas características.
A vida é sábia e nos cobra progresso emocional e espiritual. Muitas pessoas compreendem melhor o seu ex-companheiro depois que já se separaram ou quando já estão com seus novos companheiros e as situações começam a se repetir.
Por isso somos tão enfáticos ao defendermos a idéia de que no relacionamento, aconteça o que acontecer, devemos continuar nos comprometendo, sempre resgatando o que nos motivou a nos unirmos a um alguém que um dia enxergamos tão especial. Da mesma forma, meditemos também sobre a verdadeira missão de uma familia, de um lar. Após esse exercício, cabe questionar: o que realmente seria um motivo justo para uma separação?
Diariamente somos submetidos a muitas experiências, portanto no livro de nossas vidas temos capítulos com histórias alegres, outras tristes, imprevisíveis e a vida a dois não foge disso. Um dia amamos, em outro nos aborrecemos, chegamos até a odiar mas o importante é não nos deixarmos cair nas ciladas da ilusão, da felicidade imediata. A verdadeira felicidade é construída dia a dia com os tijolos do autoconhecimento, dos valores morais, da gratidão às nossas experiências, do ideal de fazer o outro feliz (afastando o egoísmo) e, com o cimento de palavras como: 1)Eu amo você. 2) Desculpe.3) Qual a sua opinião? 4) Nós.5) Deus.
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advogada, mediadora e pós-graduanda em Terapia Familiar E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |