A Serenidade e o Fluxo Natural das Coisas




Autor Leandro José Severgnini
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 5/13/2014 4:53:15 PM
Lao-Tsé é um homem pouco conhecido aqui no Ocidente. Este homem esteve na Terra por volta do século V a.C. Sua missão foi trazer ao conhecimento humano uma filosofia de vida extremamente prática, plausível e de alta espiritualidade sem recorrer ao misticismo. Para ficar mais claro, vamos tentar pensar em um Universo (e isso inclui a nós mesmos) como uma Unidade. É isso que o termo "Uni" em "Universo" significa, uma perfeita Unidade de tudo o que está manifesto e imanifesto no Cosmos. Talvez, a nossa dificuldade para perceber isso esteja no fato de que nos encontramos limitados pela nossa percepção sensorial que nos faz acreditar que somos um indivíduo separados de tudo o resto. Muitos mestres, inclusive, nem chegam a trazer uma visão de um Deus personificado na figura de um imperador celestial como estamos acostumados. E com Lao-Tsé não foi diferente. Em seu tratado Tao Te Ching, ele traz a visão do cosmos (por ele denominado Tao) como algo que está em constante transformação, algo dotado de uma sabedoria própria que transcende muito a visão humana e que não tem nada a ver com um Deus personificado com as características humanas. Por isso, o primeiro verso do Tao Te Ching nos diz que é inútil tentarmos dizer o que é ou como é Deus. Por quê? Por que a nossa mente tem a tendência de projetar para fora tudo o que é nosso por natureza. Eu posso não me dar conta disso, mas se eu sou rancoroso, eu criarei a imagem de um Deus também rancoroso. Se eu sou medroso e oprimido eu projetarei em Deus as tendências a vingança e a opressão, e por aí vai. O que fazer então para entender o Cosmos, o Tao? Primeiramente precisamos compreender que a atividade intelectual não tem tanta utilidade para isso. Logo, a meditação como ferramenta para a quietude mental seria o mecanismo mais adequado pelo simples motivo de que nós não estaríamos interferindo na transformação e progresso natural do Universo e da própria vida, mas estaríamos em perfeita sintonia com ela.
Ora, a mente humana é muito barulhenta e confusa, diria até que eternamente insatisfeita. A mente sempre quer mais, ela é muito desassossegada. E é óbvio que isso é fruto de muitas desarmonias. A natureza do Universo como um Todo possui um determinado fluxo a seguir, análogo às águas de um rio que, sabiamente, não entra em confronto com os obstáculos que surgem, mas os contorna deixando-os para trás. Certa vez perguntaram a um mestre taoísta o que ele fez para alcançar a iluminação. Ele respondeu: "quando eu tenho fome eu como, quando eu tenho sono eu durmo". É óbvio que é só uma parábola que não deve ser levada ao pé da letra, mas isso possui um significado muito profundo de estarmos constantemente buscando o equilíbrio e a harmonia com o Universo, evitando conflitos com o fluxo natural da vida. Certamente que não devemos nos deixar levar pelo comodismo de não realizarmos nada em nossas vidas, mas que as realizações busquem sempre o equilíbrio em tudo. Se existe algum tipo de problema ou desgosto em nossas vidas é por que em algum momento nós nos desviamos do "fluxo do Tao" e hoje nós damos a isso o nome de "destino". Então cabe somente a nós mesmos restaurarmos o equilíbrio que perdemos outrora.
“A mente é causa de todas as doenças e o coração a fonte de toda cura”. – Osho.
Leandro Severgnini










Palestrante espiritualista e escritor. Autor dos livros intitulados "Dias de Luta, Dias de Glória", "Liberdade - Nada Menos Que Tudo" e "Em busca do infinito". E-mail: leandrosevergnini@yahoo.com.br | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |