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As armadilhas do amar demais

Atualizado dia 8/2/2014 4:44:44 PM em Espiritualidade
por Adriana Garibaldi


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Reparemos que o autocontrole é imprescindível para construir uma vida afetiva equilibrada e sadia, principalmente, para aqueles que somente são capazes de amar... amando demais. Muitas vezes, sentimos que esse controle das emoções se faz à custa da afetividade porque para alguns de nós, amor é sinônimo de ultrapassar todos os limites, quebrar todas as barreiras internas para ficarmos ao lado da pessoa que amamos.
Entrar num processo de sentir e amar intensamente pode ser uma fonte de felicidade somente quando encontra reciprocidade no coração da outra pessoa. Quando o compasso dos afetos é uma cadencia equilibrada, que se dança e se vive juntos. Quando existe empatia e os sentimentos encontram eco no íntimo daquele que amamos.

Amar é uma experiência gratificante, no entanto, desperdiçarmos afeto é terrivelmente danoso. Inevitavelmente, quando somos pegos nessa armadilha, estamos nos sujeitando a sofrer por amor e a nos humilhar por amor. As dores do coração se mostram terríveis venenos que insistimos em sorver gota a gota, sem percebermos quanto isso esta nos matando.

Sentimos como se estivéssemos sendo castigados, punidos, simplesmente por estarmos amando, o que nos provoca  muita revolta e muito angustia, mesmo sabendo que não e justo querer dos outros o amor que eles não tem para nos dar.
Muitas vezes relacionamentos afetivos que insistimos em preservar despertam no outro um comportamento de desconfiança, desgosto, ou até de frieza absoluta... Sem percebermos que isso se da porque o nosso amor acaba onerando a outra pessoa com uma dívida emocional que ele nunca desejou contrair, ou que num certo momento da relação arrependeu-se de ter contraído.

Não me refiro aqui ao amor incondicional, que pode ser vivido em toda sua grandeza espiritual, num clima de altruísmo e universalidade. Falo do amor experimentado num envolvimento sentimental a dois, feito de paixão e emoção.
Amor que, pela nossa carência, falta de controle e objetividade transforma-se numa ferida que fica sendo aberta a cada nova manifestação de afeto que o outro não retribui.

Temos que verificar, urgentemente, a quantas anda a nossa autovalorização, o amor a nós mesmos.
Porque no amar demais está implícito um padrão de baixa autoestima que corresponde a nos amar de menos.
A preservação de nosso ego e das nossas emoções é o caminho mais apropriado em termos afetivos.
Vejamos se não estamos desperdiçando amor com aqueles que não o merecem. É necessário uma autovalorização para não cairmos numa condição de vulnerabilidade que nos deixa fracos à manipulação e ao controle do outro.

Esse processo de nos entregarmos demais aos próprios sentimentos costuma nos acompanhar como uma presença constante, como um padrão que se repete, sempre caindo nas mesmos armadilhas do coração.
Parece que somos até profissionais nessa arte. Um traço masoquista de encararmos o mundo das nossas emoções.
Vemos o quanto a busca do equilíbrio é fundamental.Uma consciência compassiva, que precisamos exercer conosco mesmos, capas de abrir a nossa percepção da realidade.

Quando amamos e o outro não nos ama, ou não ama na mesma medida, cria-se um descompasso na relação.
Uma coisa é certa, não podemos nos vitimizar pelo desacerto das nossas relações. Busquemos entender o que estas situações repetidas querem nos dizer sobre nós.
Saibamos que é inútil pretender mudar o que os outros sentem, ou querer mudar o mundo a nossa volta, precisando mudar a nos mesmos observando quais são os links internos que nos vitimizam, que nos colocam num plano de mendicância afetiva, para iniciarmos um definitivo processo de transformação por médio dessa observação.
Muitas são as lesões que podem ser aprendidas quando nos colocamos numa postura de observador.
Observar o modo como tratamos a nós mesmos e como somos tratados pelas pessoas. Um exercício que vejo bem interessante em termos emocionais, é nunca darmos além daquilo que recebemos delas.

Para aqueles que amam demais, o prato da balança do dar e do receber, seguramente  encontra-se descompensado.
A nossa parcela de oferecimento, de entrega indiscriminada é imensamente maior que aquilo que eles têm para nos oferecer.
Comecemos a entrar no compasso do dar e do receber equilibrado.
Que ganhamos com isso? Muito!! Muito mesmo.
Em primeiro lugar, o nosso autorrespeito, equilíbrio interno e autovalorização.E em segundo lugar o respeitos dos outros, além da possibilidade de atrairmos o amor de alguém que seja capaz de nos ver com os olhos do verdadeiro afeto.
Saibamos que, sem admiração, respeito e valorização, a semente do amor não será capaz de germinar nem de sobreviver.
Pensemos nisso e façamos a diferença ao estarmos agindo com equilíbrio, de uma vez por todas.

 

 

 

 


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