Avatar - um grande filme
Atualizado dia 2/8/2010 5:59:03 PM em Espiritualidadepor Adriana Borges
O filme tem vários méritos, desde a escolha da temática até o seu lançamento. A crítica ao imperialismo e a política belicista americana é mostrada através da ocupação e exploração de um outro planeta, Pandora, que poderia ser o Iraque ou a floresta Amazônica. O filme foi lançado em um momento de muita luta entre ambientalistas e políticos, em meio à fracassada Conferência de Copenhague. E o mundo todo está discutindo a questão do meio ambiente. É muito claro que o nosso modelo de exploração está mais do que esgotado, mas falta vontade política.
Outro ponto importante e sensível abordado pelo filme é a questão da importância da cultura e da espiritualidade de um povo. Pandora não era uma terra de incultos, primitivos ou bárbaros, mas sim de guerreiros, que tinham tradição, valores e história. A princesa de Pandora, Neytiri, também demonstra em suas falas e ações muita força, inteligência e coragem. Ela guarda e defende as tradições do seu povo que tem uma relação espiritual intensa com a natureza e os animais, principalmente, com as árvores.
A relação entre os homens e os animais é carregada ou religada através de uma energia superior que libera a raiva, acalma e coloca em harmonia todas as espécies. A história de amor entre o protagonista humano Jake e a princesa Neytiri também é bem real e humana, muito romântica, mas não é boba. A guerreira de Pandora é decidida, mas sabe perdoar, sabe brigar e proteger ao mesmo tempo. Ela ama seu povo e suas origens acima de tudo. Tem valores e é verdadeira.
E o protagonista, a princípio, um mercenário, sabe reconhecer esses valores e se investe deles para lutar por Pandora.
Avatar também é uma experiência mística. Uma experiência de redenção, de transformação espiritual e física. Quem assistiu e não se deteve apenas nas cenas de ação e aventura, que são sensacionais, percebeu que a história trata da força da espiritualidade de um povo, de uma energia muito forte e presente também em nossas vidas.
Avatar consegue comover as pessoas pela história, pelo visual e pela emoção que causa. Você de alguma maneira entra no filme e tanto quanto Jake se identifica com aquele povo. Torna-se um Avatar também. Talvez seja esse o fascínio que os jogos eletrônicos causam em seus jogadores. Há mais que uma integração com o protagonista. Há uma formação de identidade, desenvolvimento de valores e de crenças que no filme formam a cultura dos Navi, o povo de Pandora. E isso não é uma experiência tão sutil. Você lutaria por aquele povo com todas as forças do universo. Por isso, ver Avatar é tão forte, uma experiência arrebatadora.
Outro ponto é a estética do filme, que é inovadora, surreal. A criatividade empregada ali foi tamanha. Uma mistura de muita imaginação e tecnologia fizeram do filme um épico magnífico visualmente, deslumbrante pela beleza e poesia, e uma grande experiência sensorial. Mas o que fez toda a mágica da história do filme não foram as cenas sensacionais produzidas por uma tecnologia revolucionária. Elas ajudaram, claro, e muito. Colocaram, por exemplo, mais realidade nos olhares apaixonados trocados entre o protagonista Jake e a princesa Neytiri. Mas, sem dúvida, o grande motor dessa história foi a força do amor que cresceu entre eles e que percorreu toda a evolução do filme e acabou mudando o destino do povo de Pandora. Foram as capacidades humanas de um ‘outro, considerado alienígena e primitivo, que salvou o povo e o próprio protagonista. A experiência de Jake poderia se reduzir a uma palavra - alteridade. A palavra possui o significado de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, com consideração, valorização, identificação e capacidade de dialogar com o outro. Jake foi o escolhido, mas ele também escolheu o amor. Uma escolha muito difícil para os homens do passado e ainda dos nossos dias. O europeu que chegou aqui nos idos de 1500 não percebeu a riqueza real do nosso povo. Agora, por força da dor, todos estão percebendo. Avatar é um grande filme, por isso. Além de entreter e emocionar, ele é capaz de fazer pensar e impactar a opinião pública. Ele traz questionamentos e incita à esperança.
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 13
Conteúdo desenvolvido por: Adriana Borges Jornalista Especialista em História da Cultura e da Arte Formação em Pathwork e Terapia floral E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |