Ceticismo, espiritualidade e autotransformação – Parte I

   

Autor Leandro José Severgnini

Muita confusão se faz em torno dos assuntos que envolvem religião e espiritualidade. Hoje percebo que por conta de todos os erros cometidos pelas religiões de todas as eras, houve um natural afastamento de muitos indivíduos dos assuntos pertinentes à espiritualidade. Antigamente os assuntos espirituais, psicológicos e conceitos relacionados à vida eram de domínio religioso. Com o crescente desenvolvimento da ciência e a percepção de que as leis da vida diferiam drasticamente daquilo que era proposto pelo meio religioso, a humanidade afastou-se vertiginosamente da religião e partiu para o extremo oposto: o materialismo e a negação de nossa natureza espiritual. Percebe-se, neste caso, que não houve o equilíbrio entre as duas formas de conhecimento; talvez, num primeiro momento pela falta de humildade das religiões em admitir que certos conceitos estavam ultrapassados e, num segundo momento, a falta de perspicácia de muitos eruditos e cientistas em perceber que o assunto "espiritualidade" precisava apenas ser atualizado e readequado aos novos conhecimentos alcançados, e não negado de todas as formas. Infelizmente, hoje, é raro encontrarmos cientistas que admitem o ser humano como um ser espiritual e multidimensional ao invés de meras máquinas influenciáveis somente por fatores externos e pré-programadas por códigos genéticos. 

O ponto a ser destacado é que a humanidade de uma forma geral, sofre drásticas influências das limitações dessas duas fontes de conhecimento: a religião dogmática não aceita mudanças em sua estrutura conceitual e a ciência materialista não vê no homem mais do que uma máquina sem propósitos evolutivos em sua espiritualidade. Mas há uma semelhança entre os dois e essa semelhança (no meu ponto de vista) é o que hoje deixa o ser humano com uma profunda carência existencial: a semelhança a que me refiro é que nem a religião e nem a ciência tratam adequadamente o EU de cada um e que a qualidade moral desse EU determina muitas coisas, inclusive a nossa paz interior e, consequentemente, a nossa qualidade existencial. É comum vermos religiosos entregando suas dificuldades nas mãos de Deus para que Ele resolva tudo e, por outro lado, a ciência materialista não dá muitos créditos à existência desse EU, logo, são os fatores externos (sociais, econômicos, ambientais, etc.) que influenciam a nossa vida e não os fatores internos do Ser.

O que me causa preocupação é que esse tipo de mentalidade anti-espiritual está cada vez mais ganhando terreno em mentes que nunca se deram a oportunidade de pensar sobre si mesmo e nas consequências de uma vida mal direcionada. Frequentemente vejo jovens céticos dizendo que não precisam de espiritualidade alguma para serem felizes e que espiritualidade é coisa de gente fraca. O irônico é que não é raro vermos que, algumas vezes, são essas mesmas pessoas que se entregam aos vícios mais inebriantes na tentativa desesperada e ilusória de "amortecer" a dor das frustrações internas - à exemplo dos sedativos que tiram a sensibilidade dos doentes em fase terminal. Para conter essa avalanche de numerosos e lentos suicídios, a humanidade precisa buscar um tipo específico de conhecimento que até então está adormecido. 

Continua...

Leandro Severgnini

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Leandro José Severgnini    Palestrante espiritualista e escritor. Autor dos livros intitulados "Dias de Luta, Dias de Glória", "Liberdade - Nada Menos Que Tudo" e "Em busca do infinito". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui.