Coração teimoso
Atualizado dia 04/04/2023 12:58:15 em Espiritualidadepor Valéria Centeville
O coração é o espelho dos desejos e sentimentos da alma. O problema é que nem sempre esses desejos e sentimentos estão de acordo com as normas e convenções sociais. Por exemplo, uma pessoa sente vocação para seguir uma carreira que é pouco valorizada socialmente. O coração dela se manifesta, se acelera, se entusiasma quando ela ouve falar sobre o assunto, pois a alma quer se realizar.
Vamos imaginar que a profissão de alma seja artes plásticas. A pessoa fica hipnotizada ao ouvir falar sobre o assunto. Até aí, tudo bem, é paixão à primeira vista. O problema é quando vem alguém dizer que essa profissão não dá futuro pra ninguém e que segui-la seria o mesmo que assinar um contrato de pobreza com a vida. Aí a pessoa pode entrar em conflito com seus próprios desejos.
O conflito pode ser resolvido se ela tiver autoconfiança suficiente para acreditar que, seguindo as demandas do seu coração, encontrará um caminho para viver bem fazendo o que gosta. Tudo fica mais fácil se ela tiver um modelo, próximo ou distante, de alguém que já percorreu um caminho similar e hoje está feliz.
Tudo fica mais difícil se ela estiver frágil, com pouca autoestima e autoconfiança. O Eu (noção de si próprio) que ainda não testou sua força, não enfrentou desafios da vida, pode se sentir muito fragilizado numa situação como a do exemplo citado. É o caso das pessoas que foram superprotegidas pelos pais que, na melhor das intenções, o fizeram por acreditarem que isso é amor.
Pessoas que foram superprotegidas em sua criação podem se sentir muito frágeis e vulneráveis, com muita dificuldade para enfrentar os desafios da vida. Isso porque ainda não testaram sua própria força, seu próprio poder de ação. Quando tudo é dado de mão beijada, sem esforço do Eu, a pessoa não sabe se pode ou não conseguir o que quer com suas próprias forças. É claro que ela pode, pois todos temos o poder de realização. Mas quando a pessoa nunca testou sua força, ela pode ficar muito insegura para tomar decisões próprias. Pode preferir seguir a opinião do seu provedor, aquele que sempre lhe deu, que decidiu por ela.
É nesse ponto que aparece o conflito interno, a oposição de forças dentro da pessoa. Por um lado, a pessoa quer realizar os desejos da sua alma, seu propósito de vida. Por outro, alguém de fora lhe diz que é muito difícil, que não vale à pena tentar, que poucos são bem sucedidos ao seguir uma carreira não convencional, por exemplo. A maioria dos artistas que conheci enfrentou esses preconceitos (conceitos pré-concebidos, concebidos antes da experiência). Alguns criaram coragem, seguiram em frente e hoje estão felizes fazendo o que gostam, sendo admirados e apreciados pela sociedade. Outros não tiveram coragem e força para superar os obstáculos e hoje estão tristes, mesmo aqueles que obtiveram sucesso financeiro em outras áreas. Afinal de contas, dinheiro não é tudo, é uma parte.
Então, a pessoa chega na meia-idade e percebe que passou a vida fazendo o que os outros disseram que seria melhor para ela. E ela percebe que não é feliz, que acorda todos os dias e vai para o trabalho para "ganhar a vida", "o pão de cada dia", mas que fazer tudo aquilo (se trabalho não foi escolhido pela alma) é uma chatice, um sacrifício, uma tristeza. Só fica feliz no final do mês quando recebe seu salário. Mas a felicidade dura pouco, pois todo o dinheiro acaba sendo gasto com coisas inúteis que servem como uma distração para desviar a alma de seu verdadeiro propósito. A pessoa fica feliz quando compra aquilo que não precisa na tentativa de satisfazer a alma. Mas a felicidade dura pouco, pois a alma não se satisfaz com coisas, com um carro novo, uma roupa nova ou um corte de cabelo da moda. A alma quer mais, muito mais. Ela quer se realizar, quer ser feliz todos os dias, fazendo o que gosta. Aí, sim, a roupa nova e o carro novo vão trazer mais, muito mais felicidade, pois não serão "muletas", não serão "anestésicos", mas sim conquistas, obtidas com a prosperidade que vem da realização verdadeira da alma.
Quando a alma está feliz, realizando seu propósito, qualquer coisa é motivo para se sentir mais feliz. É o chamado "estado de espírito" realizado. É aquela pessoa que mostra um sorriso verdadeiro, relaxado, pois lá no fundo está sendo sincera com ela mesma.
Ao contrário, quando a alma é reprimida, sufocada, ela tenta gritar, espernear, manifestar-se de qualquer jeito para ser ouvida. Isso aparece através de doenças físicas e psíquicas. A doença só aparece porque o organismo está frágil vulnerável. Quando está forte, o sistema imunológico protege o indivíduo. Quando a alma está triste, frustrada, ela começa a entrar num processo depressivo. Alguns tentam fugir para as drogas, lícitas ou ilícitas. Outros começam a sentir compulsões por alimentos, compras, sexo, etc. Tudo isso é prazeroso, mas também efêmero. São prazeres que duram pouco e não resolvem o problema da alma que quer se realizar.
O que fazer? Ouvir a alma, sempre. E tentar realizar sua missão. Se o coração está doente, ele precisa ser cuidado. Do contrário, pode parar de bater. E, então, a alma terá que esperar a próxima encarnação para se realizar. E a seguinte, e a seguinte... até que a pessoa ouça e atenda aos chamados do seu coração. O coração teima em ser feliz.
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Valéria Centeville
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Vamos imaginar que a profissão de alma seja artes plásticas. A pessoa fica hipnotizada ao ouvir falar sobre o assunto. Até aí, tudo bem, é paixão à primeira vista. O problema é quando vem alguém dizer que essa profissão não dá futuro pra ninguém e que segui-la seria o mesmo que assinar um contrato de pobreza com a vida. Aí a pessoa pode entrar em conflito com seus próprios desejos.
O conflito pode ser resolvido se ela tiver autoconfiança suficiente para acreditar que, seguindo as demandas do seu coração, encontrará um caminho para viver bem fazendo o que gosta. Tudo fica mais fácil se ela tiver um modelo, próximo ou distante, de alguém que já percorreu um caminho similar e hoje está feliz.
Tudo fica mais difícil se ela estiver frágil, com pouca autoestima e autoconfiança. O Eu (noção de si próprio) que ainda não testou sua força, não enfrentou desafios da vida, pode se sentir muito fragilizado numa situação como a do exemplo citado. É o caso das pessoas que foram superprotegidas pelos pais que, na melhor das intenções, o fizeram por acreditarem que isso é amor.
Pessoas que foram superprotegidas em sua criação podem se sentir muito frágeis e vulneráveis, com muita dificuldade para enfrentar os desafios da vida. Isso porque ainda não testaram sua própria força, seu próprio poder de ação. Quando tudo é dado de mão beijada, sem esforço do Eu, a pessoa não sabe se pode ou não conseguir o que quer com suas próprias forças. É claro que ela pode, pois todos temos o poder de realização. Mas quando a pessoa nunca testou sua força, ela pode ficar muito insegura para tomar decisões próprias. Pode preferir seguir a opinião do seu provedor, aquele que sempre lhe deu, que decidiu por ela.
É nesse ponto que aparece o conflito interno, a oposição de forças dentro da pessoa. Por um lado, a pessoa quer realizar os desejos da sua alma, seu propósito de vida. Por outro, alguém de fora lhe diz que é muito difícil, que não vale à pena tentar, que poucos são bem sucedidos ao seguir uma carreira não convencional, por exemplo. A maioria dos artistas que conheci enfrentou esses preconceitos (conceitos pré-concebidos, concebidos antes da experiência). Alguns criaram coragem, seguiram em frente e hoje estão felizes fazendo o que gostam, sendo admirados e apreciados pela sociedade. Outros não tiveram coragem e força para superar os obstáculos e hoje estão tristes, mesmo aqueles que obtiveram sucesso financeiro em outras áreas. Afinal de contas, dinheiro não é tudo, é uma parte.
Então, a pessoa chega na meia-idade e percebe que passou a vida fazendo o que os outros disseram que seria melhor para ela. E ela percebe que não é feliz, que acorda todos os dias e vai para o trabalho para "ganhar a vida", "o pão de cada dia", mas que fazer tudo aquilo (se trabalho não foi escolhido pela alma) é uma chatice, um sacrifício, uma tristeza. Só fica feliz no final do mês quando recebe seu salário. Mas a felicidade dura pouco, pois todo o dinheiro acaba sendo gasto com coisas inúteis que servem como uma distração para desviar a alma de seu verdadeiro propósito. A pessoa fica feliz quando compra aquilo que não precisa na tentativa de satisfazer a alma. Mas a felicidade dura pouco, pois a alma não se satisfaz com coisas, com um carro novo, uma roupa nova ou um corte de cabelo da moda. A alma quer mais, muito mais. Ela quer se realizar, quer ser feliz todos os dias, fazendo o que gosta. Aí, sim, a roupa nova e o carro novo vão trazer mais, muito mais felicidade, pois não serão "muletas", não serão "anestésicos", mas sim conquistas, obtidas com a prosperidade que vem da realização verdadeira da alma.
Quando a alma está feliz, realizando seu propósito, qualquer coisa é motivo para se sentir mais feliz. É o chamado "estado de espírito" realizado. É aquela pessoa que mostra um sorriso verdadeiro, relaxado, pois lá no fundo está sendo sincera com ela mesma.
Ao contrário, quando a alma é reprimida, sufocada, ela tenta gritar, espernear, manifestar-se de qualquer jeito para ser ouvida. Isso aparece através de doenças físicas e psíquicas. A doença só aparece porque o organismo está frágil vulnerável. Quando está forte, o sistema imunológico protege o indivíduo. Quando a alma está triste, frustrada, ela começa a entrar num processo depressivo. Alguns tentam fugir para as drogas, lícitas ou ilícitas. Outros começam a sentir compulsões por alimentos, compras, sexo, etc. Tudo isso é prazeroso, mas também efêmero. São prazeres que duram pouco e não resolvem o problema da alma que quer se realizar.
O que fazer? Ouvir a alma, sempre. E tentar realizar sua missão. Se o coração está doente, ele precisa ser cuidado. Do contrário, pode parar de bater. E, então, a alma terá que esperar a próxima encarnação para se realizar. E a seguinte, e a seguinte... até que a pessoa ouça e atenda aos chamados do seu coração. O coração teima em ser feliz.
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