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Cumplicidade afetiva

Atualizado dia 02/06/2011 21:55:15 em Espiritualidade
por Flávio Bastos


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"Te queria por perto bem junto, mesmo longe, mas podendo te sentir sabendo, conhecendo a distância exata de poder esticar o braço e te pegar, trazer para mais perto. Vontade de beliscar, de morder. Quero tanto, tenho muito, mas é pouco para o que eu sonho. Sonho demais, viajo por todo lado. Todos mesmo. E tenho vontades, mas quero um cúmplice que divida, misture, troque de lugar. Quero juntar corpos e risadas. Enfiar dedos, bocas. Liquefazer vontades, bater, misturar cabelos. Sem diluir, sem reduzir. Só deixando ir." (autoria desconhecida)

Segredos íntimos, olhares furtivos, troca de carinhos, respeito mútuo, planejamento a dois, divisão de tarefas e co-responsabilidade na educação dos filhos, são algumas características da relação afetiva em que a cumplicidade é a energia que alimenta e aproxima dois seres que se amam.

A estabilidade de um relacionamento afetivo exige que a chama do amor não se apague. No entanto, a chama se manterá acesa se alimentarmos a energia do amor através de atitudes adequadas ao processo de amadurecimento dos indivíduos envolvidos numa proposta de crescimento.

Sem a parceria na relação, a tendência é a de que os egos falem mais alto nos momentos em que a razão deveria ocupar a vaga da emoção ou que o sentimento deveria estar no lugar do individualismo.

Unir-se ao outro somente por atração sexual é supervalorizar a libido (instinto) e desvalorizar o sentimento. Diminuindo-se o indivíduo diminui também o outro, vendo-o como objeto de seus desejos e não como um ser a procura de sua completude.

Sem a compreensão de sua transcendência e das relações interdimensionais que mantêm com a vida e com a companhia escolhida para dividir expectativas e esperanças, o indivíduo muito focado em si próprio, direciona o relacionamento na mão única de seus interesses.

No âmbito da inconsciência, esses "interesses" tornam-se projeções e transferências que acabam sublimando carências, vazios escondidos no baú do tempo, que revelam-se a cada dia de convivência, surprendendo um depois do outro.

Convivência comprometida pela falta de clareza do "aqui-agora" da relação e contaminada de energias deletérias que afetam o sentido de uma vida a dois, que é a constante troca de energias favoráveis ao crescimento individual e mútuo.

Na falta da cumplicidade, o indivíduo isola-se em si mesmo. E perdido o objetivo da união, subterfúgios interferem na relação como mecanismos de alienação que descobrem maneiras e formas de ludibriar consciências e manter as aparências.

Porém, nem toda rota de fuga leva a lugares seguros. Camuflada a ilusão, com o passar do tempo surge o caminho da desilusão, que mal iluminado, desorienta o caminhante para atalhos ainda mais inseguros de sua existência.

Cumplicidade afetiva exige desprendimento, confiança, percepção de si mesmo e do outro, sensibilidade, afetividade e, acima de tudo, amor, que envolve todos os pré-requisitos de uma relação saudável e focada no crescimento.

A parceria, o querer-se sem dependência afetiva ou conflito de egos, constrói uma relação estável, fundamentada em valores interdimensionais indispensáveis para a edificação de uma obra que poderá balançar com os "abalos" das crises de relação, mas que jamais desmoronará pelo fato de ter sido estruturada em bases sólidas e firmes.

Nascemos, crescemos, nos relacionamos afetivamente, mas não questionamos as razões do processo que nos leva a "amar" o outro. Do desejo do amor cúmplice, existe uma caminho a ser trilhado que exige transparência, autoconhecimento, aceitação, desejo e, principalmente amadurecimento.

A maturidade, no entanto, é uma conquista que chega após árdua luta interna, onde as verdades revelam-se no calor das batalhas íntimas, até que a paz permanente permite o gozar da felicidade possível a cada um.

Portanto, não esperemos sentados pela maturidade para nos tornarmos cúmplices no amor. Nos empenhemos no processo de amadurecimento que cumpre etapas em uma relação de propostas claras, objetivas e transparentes, e que visem a fusão de identidades-personalidades, sem, no entanto, despersonalizar o indivíduo ou fazê-lo perder o senso de identidade própria e de liberdade de escolha, mas os excessos do ego, que ao mutilarem um relacionamento, acabam também por desestabilizar mentes e sufocar corações envolvidos em uma proposta de amor.

flaviobastos

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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